As mentiras de Locke Lamora

As mentiras de Locke Lamora Scott Lynch




Resenhas - As Mentiras de Locke Lamora


150 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Henrique 30/09/2014

Mentir nunca foi tão épico. (SEM spoiler)
Esse livro me fez chegar à seguinte conclusão: Se o Martin morrer, temos um substituto mais que à altura para seguir publicando Livros de fantasia com L's maiúsculos. E, fazendo minhas as palavras do Patrick Rothfuss, um dos melhores livros que li em minha vida.

Sempre que um autor de fantasia deixar sua originalidade fluir, teremos algo que merece nossa atenção. Mas, quando um autor, além de original, tem domínio sobre as palavras e uma mente dotada de toda sorte de inteligências, teremos algo como As Mentiras de Locke Lamora (cara, que livro bom!). Agora, vamos aos porquês...

Originalidade (um artigo raro na fantasia atual)

Scott Lynch teve seu primeiro livro publicado em 2005 e hoje sua tradução chega ao Brasil pela Arqueiro, uma editora que tem feito ótimas escolhas em termos de publicações e que se dedica apenas à literatura fantástica (louvemos a Tolkien!!) Não me admiro nem um pouco ao descobrir que o autor recebeu o prêmio de Melhor Revelação do British Fantasy Award e foi finalista do World Fantasy Award com As mentiras de Locke Lamora ou que a série dos Nobres Vigaristas já foi vendida para 28 países e já tem os direitos comprados para adaptação cinematográfica (que nunca poderá atingir a grandeza desse livro incrível) pela Warner Brothers.

Mas, como só números não são sinônimos de qualidade, vamos ao que mais importa: as impressões que essa leitura deixou em mim.

As Mentiras de Locke Lamora é uma raridade por várias razões e uma delas (a mais importante) é a originalidade, é a ausência de mais do mesmo, é a novidade, o incomum, é a maravilha de ter em mãos algo que foi fruto de um trabalho muito bem feito, obrigado! E sim, eu preciso elogiar esse livro e preciso fazer isso de diversas maneiras, pois há muito para ser elogiado. Temos uma escrita original, personagens originais e um cenário tão fod* de tão original e que venham mais Scott Lynch para o Brasil (um beijo na testa para a SdE!)
Se você está à procura de um universo novo ou reclamando por ainda não ter saído o sexto livro do Martin, vai no Lynch e corra o risco de mudar a posição de seus favoritos.

A Escrita

Na primeira página fiz duas marcações (DUAS!) e na segunda página fiz mais uma e assim foi durante toda a leitura. A escrita do Lynch é inteligente, seus personagens dão vida à diálogos que transbordam e fervilham de ironia, sarcasmo e perspicácia. Durante toda a leitura me peguei rindo e, em alguns casos, estarrecido, tal é a capacidade que o autor possui de criar comparações e frases de sabedoria e sempre mantendo o humor. Portanto, rir e se divertir também são elementos que posso garantir para os leitores de Lamora.

Gostaria de falar oceanos sobre a belezura que é a escrita do autor, mas vou guardar para mim e quem quiser descobrir que vá ler o livro. U,U

A Trama

Também estão garantidos, sem sombra de dúvida alguma, a imprevisibilidade, as reviravoltas e sangue, bastante sangue, sangue para fazer correr rios e mentiras para formar oceanos. Mentiras épicas!

O autor cumpre o papel que deve ser exercido por toda alma que decide escrever fantasia ou ficção fantástica, isto é, prender o leitor, fazer o leitor desejar, mais do que qualquer outra coisa, voltar para as páginas do livro, para seus diálogos, seus personagens, seu universo, fazê-lo perder o sono e ignorar a fome para ler só mais um capítulo. E falando em capítulos...

Um convite para expandir a memória

A forma como os capítulos do livro são distribuídos é mais um sinal de uma mente inteligente por trás da obra. Essa distribuição possui seu grau de complexidade, ao qual me habituei sem demora. No livro nós temos os capítulos, que vão abordar um trama específica, ou seja, uma série de acontecimentos menores, que vão estabelecendo bastante tensão, dentro de uma trama maior que nos conduz ao clímax. Temos os interlúdios, onde se estabelece a alternância, que é uma técnica narrativa que consiste em contar duas ou mais histórias de maneira intercalada, de forma que ora se narra uma ora outra. E a anacronia, que é um recurso narrativo que consiste na alteração da ordem cronológica linear. Isso é um convite irrecusável para expandir a memória. (Amém)

Cada capítulo possui subcapítulos que, na maioria dos casos, são uma mudança de foco sobre os eventos ou personagens. Enfim, são peculiaridades que podem exigir do leitor menos experiente uma dose de pera um pouco para armazenar e organizar a dinâmica entre os capítulos, subcapítulos e interlúdios, para que não ocorra confusão. (Quem já leu O Nome do Vento e O Temor do Sábio estará habituado).

É cientificamente comprovado que, ao tentar lembrar-se da história que ocorreu em um tempo distinto do tempo em que ocorre uma outra história que é intercalada à leitura, o espaço para novas memórias se amplia e como resultado, temos vaga sobrando para que novos conhecimentos instalem-se bem confortados

Verosimilhança

A verossimilhança, que é muito importante em um livro de fantasia adulto e que está intimamente relacionada com os eventos que se desenrolam, é responsável por atribuir à história um caráter, digamos, próximo da realidade, do que é real, do que é possível de acontecer. Um forte e atual exemplo é "As Crônicas de Gelo e Fogo", com um sistema de governo convincente, personagens humanos e um mundo ou universo regidos por leis com aspecto coerentes, sem recorrer ao Deus ex machina, que podemos reservar para os infanto-juvenis.

Em Camorr, cidade onde o enredo da história se desmancha, temos uma divisão de classes bastante interessante, apesar de diferente, mas que poderia ocorrer em qualquer finalzinho de século V XV, período da Idade Média. O sistema de magia também é bastante peculiar e, possivelmente, é fruto das experiências de Lynch com RPG.

Por fim...

... aguardo ansiosamente o livro 2, Marés de Sangue. Apesar de ser uma série, temos um livro 1 com uma história que possui início, meio e fim, sem deixar ganchos para um outro livro, exceto os próprios protagonistas que, sem dúvida, são um convite e tanto para continuarmos seguindo seus passos. Eu altamente recomendo As Mentiras de Locke Lamora.

site: http://pilulasliterarias.blogspot.com.br/2014/03/resenha-as-mentiras-de-locke-lamora-de.html
Biju 02/04/2014minha estante
Já estava louca para ler esse livro, agora então... me deu vontade de largar tudo e comprá-lo. Parabéns pela resenha Henrique! Deu para sentir o quanto você gostou do livro. :)


sagonTHX 27/09/2014minha estante
Henrique, concordo contigo em tudo. Eu ia por uma resenha aqui falando bem desse livro, mas, diante da sua resenha nota 10, onde vc já diz tudo e um pouco mais do que eu pretendia dizer, prefiro apenas elogiar e acrescentar que o livro, de fato e tudo isso que você diz e muito, muito mais. É o melhor livro de fantasia que li esse ano, e olha que eu já tinha dito isso do Espada de Shannara. E como você, tb aguardo ansiosamente o segundo livro da série.


Thiago Martins 28/09/2014minha estante
Nossa o livro está com um preço bacana, você me convenceu a comprá-lo rs


Carol 30/09/2014minha estante
Nossa, sua resenha é maravilhosa, me deu mais vontade de ler do que quando li a sinopse...


Cleiton 30/09/2014minha estante
Não sei o que é melhor, se é o livro ou se é a sua resenha! Parabéns!


Ed 22/11/2016minha estante
Estou lendo e gostando muito mesmo. Amei sua resenha.. Perfeita.
E que capa é essa minha gente! Maravilhosa.


Barbara.Duarte 01/12/2017minha estante
Porra!!!!!! Que resenha, comecei a ler e estava curiosa para ver o que as pessoas achavam da obra, mas nem vou ler outra, vou para casa ler meu livro depois dessa! Kkkkk


Matteo 15/12/2017minha estante
Ótima resenha! Estou de olho nele faz um tempo, pois terminei os livros de Patrick Rothfuss e estava à procura de obras inteligentes como tal. Tinha receio de adquirir As Mentiras de Locke Lamora, mas agora minha vontade aumentou e ele será o próximo da lista de compras (sim, porque de leitura ainda tenho muitos rsrs).


Pedrinho 22/01/2021minha estante
Parabéns monstro... Quanto talento em uma resenha


Gabriel 21/05/2021minha estante
Cara, tem 7 anos que vc fez essa resenha, talvez nem use mais o skoob, mas eu precisava passar aqui pra te agradecer. Eu já estava querendo ler esse livro, e então passei aqui pra ver as resenhas, a sua resenha em particular foi tão apaixonante em relação ao livro que foi a única que li. Comprei o livro e devorei, e devo concordar um dos melhores livros que li na minha vida. Mais uma vez obrigado


Henrique 28/10/2021minha estante
Que bom que gostou, Gabriel. Faz alguns anos que não uso o Skoob. Retornar e perceber que um texto que escrevi há a tanto tempo ainda ecoa em outros leitores me deixa muito assombrado (no bom sentido). Sigamos lendo ?


Heloise 18/11/2021minha estante
Concordo com tudinho que você disse. Foi uma resenha perfeita!


Gabriela.Bertuci 24/01/2022minha estante
O livro é realmente fantástico. A resenha do henriquemagalhaes resume bem os diversos aspectos que tornam a obra essa grande surpresa. Não ha nada melhor, quando se é um leitor assíduo, do que se deparar com um livro criativo como este. As vezes passamos meses sem ler nada nesse nível. É empolgante. Um livro que inquieta a mente e traz a mais pura alegria de viajar/viver uma aventura nova através do presente que é a literatura fantástica.




Fernando Lafaiete 18/10/2019

As Mentiras de Locke Lamora (Nobres Vigaristas #01) : Li errado?
******************************NÃO contém spoiler******************************

"As Mentiras de Locke Lamora" muito mais do que um livro de fantasia hypado, é um romance fantástico que ocupa no meio literário uma posição de destaque quando o assunto é o gênero o qual ele faz parte. Considerado por muitos um dos melhores livros de fantasia dos últimos anos, a obra de Scott Lynch se apresenta como uma narrativa misteriosa, cheia de camadas e curvas capazes de encantar os leitores mais exigentes. Mas o romance supracitado é de fato uma obra que merece tantos elogios assim? Levando em consideração as diversas afirmações de que "Lamora" é quase uma obra-prima, me questiono se não o li errado. O que eu perdi? Confesso que por mais que eu tenha tentado, não entendi onde foram parar os elementos capazes de sustentar tamanhos elogios. Não que o romance seja ruim, longe disso. "As Mentiras de Locke Lamora" é um livro bem escrito, bem revisado e com personagens interessantes. A cidade de Camorr é tão bem descrita, com sua vielas escuras, seus habitantes gananciosos e violentos, e com suas intrigas políticas, que a ambientação se torna mais um dos diversos personagens da trama; muito mais do que apenas um cenário ficcional que serviria unicamente como palco de movimentação dos personagens. A narrativa é acinzentada, muitas vezes obscura e muito bem arquitetada, colaborando e criando um elo plausível com a proposta da estória. Mas nenhum dos elogios que citei foram o suficientes para que eu considerasse Lamora muito mais do que apenas um livro ok.

Locke Lamora, o personagem central e que empresta seu nome também ao título do romance,  me soou como alguém repleto de camadas não aproveitadas pelo autor; assim como todos os demais personagens da trama. Um órfão treinado para ser um ladrão, com um passado misterioso e envolvido nos maiores golpes da cidade deveria ser um personagem muito mais interessante do que ele de fato o é. Não senti o peso de seu passado e as relações criadas pelo autor me soaram sem vida. Tudo unilateral demais, dos personagens aos acontecimentos. As mulheres por vezes ocupam posições interessantes, mas são praticamente esquecidas e vivem a sombra dos personagens masculinos. Os elementos políticos são muito rasos e os momentos de ação são escritos de forma tão fraca, que quando terminam soam como brasas que se perderam no carvão. As reviravoltas não me entregaram emoção e nada do que aconteceu nas 464 páginas me motivaram a querer ler as continuações imediatamente. Os elementos fantasiosos também deixaram muito a desejar e poderiam ter sido melhores desenvolvidos. Talvez eu não seja o público alvo desse tipo de romance, já que livros de fantasia épica e Dark Fantasy costumam me agradar muito mais.

Os capítulos são por vezes muito parecidos... são arrastados, com construções deveras morosas, mas com diálogos inteligentes, nada além disso. O vilão oscila entre o tédio e o instigante. Mas como já citado anteriormente, é mais um personagem com camadas não exploradas. O romance de Lynch teria se beneficiado muito mais com capítulos mais dinâmicos, com backgrounds mais sólidos e com uma polivalência narrativa nos moldes de outros romances de fantasia. "As Mentiras de Locke Lamora" é o tipo de romance que na minha humilde opinião promete mas não entrega. Apresenta elementos já conhecidos dos leitores de fantasia, mas de maneira menos interessante. Não inova, não surpreende e não cativa. Pra mim me pareceu muito um livro que eu indicaria para os iniciantes a fantasia. Mas isso é apenas uma opinião que se inválida quando percebo que muitos dos fãs do romance aqui resenhado são leitores assíduos do gênero. Então a pergunta que fica é: Li errado?

Levantar um debate sobre o que faz um livro ser bom ou ruim pode soar como algo desproposital. Então vamos pegar apenas a ponta do iceberg desta enigmática questão. Temos dois pontos que definem uma obra como boa, mediana ou ruim... Gosto pessoal e aspectos técnicos de escrita. Quando me questiono se li Lamora errado, paro para pensar que talvez não tenha gostado muito mais por questão de gosto pessoal do que por qualquer outro motivo. E não, não acho isso sempre quando me deparo com uma leitura que me decepciona. Por vezes, questões técnicas pesam muito mais do que o meu simples gosto pessoal de leitor crítico. Uma leitura precisa ser muito mais do que apenas um retalho de tantas outras obras de fantasia. No caso do tão famoso e elogiado romance de Scott Lynch, o que faltou e o que talvez eu tenha sentido mais falta, seja personalidade, emoção e inovação. Elementos que poderiam ter feito a diferença. No meio de tantas fantasias, "As Mentiras de Locke Lamora" é um peixe perdido no mar de tantas opções. Espero que com a leitura dos demais volumes eu passe a entender todos os elogios que a obra e o autor recebem / receberam. Por enquanto fico com a certeza de que acrescento em minha lista infinita de leituras mais um livro decepcionante.
Dani 18/10/2019minha estante
Que pena que a leitura acabou te decepcionando Fernando. Gosto muito desse livro e para mim foi aquele tipo de leitura que foi ficando uma impressão ainda melhor depois de finalizado, entende? Ela não me prendeu logo de inicio e acabei optando pelo audiobook em inglês o que acabou sendo o caminho certo para mim. A narração valorizou muito a história e tenho minhas dúvidas se teria gostado tanto lendo em versão física; Fica a dica para se você acabar dando uma chance para os outros volumes ( embora à meu ver esse seja o melhor volume).


Fernando Lafaiete 18/10/2019minha estante
Putz Dani!! Esse é o melhor?? Então vou repensar se darei continuidade. Achei este livro muito fraco. Se eu resolver dar continuidade, talvez faça como você, mas no meu caso lendo no original ao invés de optar pelo audiobook. :/


Lucas 19/10/2019minha estante
Eu não pretendo ler o restante. O autor escreve muito bem, mas desconhece o significado de bom senso. Todo capítulo era a mesma coisa; e repleto de descrição desnecessária que prejudicou e muito o ritmo do livro.


Fernando Lafaiete 19/10/2019minha estante
Eu infelizmente concordo com você Lucas. Também achei o ritmo problemático. :/




Vanessa 29/12/2019

Ritmo complicado
Acabei demorando muito tempo pra ler esse livro. Gosto de intercalar a leitura, mas quando um livro prende, não costumo parar. Isso não aconteceu nesse caso. O ritmo do livro é muito lento, as coisas demoram a começar a acontecer, é como se já tivesse lido 200 pgs e a história ainda não começou. O que me fez questionar se quero ou não ler as continuações.
Mas é claro que tem pontos positivos. Pra quem gosta de descrições, é um livro muito descritivo, rico em detalhes, a cidade é algo estremamente diferente, parem você consegue se identificar facilmente durante a narrativa.
Outra coisa muito interessante é o Lamora. Ele não é um herói, não é mocinho e não tem a personalidade bem definida. O caráter dele vai aparecendo que poucos durante a história, e foi isso que me fez continuar. Isso e todas as reviravoltas que acontecem, da metade pra frente da história. É espetacular a questão do calo e galo. Fiquei impactada com o pulga e me apaixonei pela maneira que Lynch expõe as relações de amizade. Achei que ficou muito bem construído.
Depois que as coisas começam a acontecer (lpela metade do livro) o ritmo melhora e a leitura flui mais fácil. A curiosidade nos instiga a continuar. Mas é preciso persistência no começado.
Pra quem está lendo ou vai começar: não parem no começo, a história ganha muita qualidade depois da metade do livro, e tudo fica com mais empolgante e frenético
cavaleiro_da_leitura 06/01/2020minha estante
Tive exatamente a mesma impressão, não desisti por pouco!


cavaleiro_da_leitura 06/01/2020minha estante
Tive exatamente a mesma impressão, quase desisti. Mas no final valeu a pena!


Vanessa 08/01/2020minha estante
Mas você vai ler a continuação? Eu ainda não tenho certeza se vou... Kkk


cavaleiro_da_leitura 08/01/2020minha estante
Eu acredito que sim!




Lit.em Pauta 09/09/2016

Literatura em Pauta: seu primeiro portal para críticas e notícias literárias!

"As mentiras de Locke Lamora é um ótimo livro de fantasia, contendo uma história complexa e bem desenvolvida, com um protagonista fascinante e trágico. É impossível notar, porém, que ela teria sido ainda melhor caso Lynch tivesse mostrado um pouco mais de confiança no leitor."

Leia a crítica completa e participe da discussão em:

site: http://literaturaempauta.com.br/Livro-detail/as-mentiras-de-locke-lamora-critica/
Gilvan L. 13/11/2017minha estante
Lit. Em pauta, confio muito no seu gosto, primeiro "Jardins da lua" e agora esse livro mto bom. Obrigado. ?


Lit.em Pauta 28/11/2017minha estante
Agradeço os votos de confiança, Gilvan! A série do Steven Erikson é particularmente boa, vale a conferida se dominar o inglês. Abraços!




Fanny 22/09/2015

Machista
Demorei 45 dias para ler as primeiras 200 páginas. Depois disso, o ritmo do livro melhora bastante e creio que a obra poderia até ter sido divertida, não fosse o machismo. São poucas as personagens femininas. Em regra, quando uma mulher aparece ou é citada na obra, ela é totalmente objetificada. Um dos heróis se refere a duas personagens femininas como "vadias" e como "piranhas". Terminei sem nenhuma vontade de ler a continuação.
Artemis 24/11/2015minha estante
[Spoilers]
Claro, porque o Jean tinha que se referir a elas como madames depois delas terem assassinado dois dos amigos deles, né? Sem contar que a Aranha (a Vorchenza) e a Dona Salvara são independentes (inclusive, a Sofia Salvara é muito mais inteligente que o Lorenzo, aquele cara é muito tapado) e a Sabeta, apesar de não ter aparecido ainda, parece prometer muito. Merda, até as próprias Berangias são fortes e poderosas pra caramba.
Você deve ser uma daquelas minas que já vai lendo o livro inventando mil e um problemas. Nem todo livro tem que ter cota feminina, sabia?


Paula.Moraes 28/01/2016minha estante
Nem todo livro tem de ser feminista, e nem todo mundo tem de gostar de obras que pouco e mal retratam mulheres.




Luan 24/02/2017

"As mentiras de Locke Lamora" é daqueles livros que você termina e agradece ter insistido na leitura, porque o fim compensa um início chato
Vivi dois sentimentos bem extremos lendo As mentiras de Locke Lamora. O primeiro, frustração. O segundo, satisfação. O livro, que começou ruim, terminou me conquistando e tendo mais um fã para sua extensa lista. Na obra, Scott Lynch apresentou um trabalho de qualidade, me ousado ao tirar o leitor do conforto e trazer um início em que o leitor se sente atirado a uma história sem explicações e localização de espaço. Essa confusão pode afastar muitos leitores, o que quase aconteceu comigo. Felizmente, fui persistente.

É possível fazer um sinopse melhor do que muitas apresentadas. Basta dizemos que Locke Lamora é um dos membro dos Nobres Vigarista, grupo experiente em praticar roubo da nobreza da cidade de Camorr, através de golpes delicadamente planejados e baseados em mentiras. Enquanto o protagonista e seus amigos praticam os roubos, eles também vão precisar com alguns problemas. Além do Capa Barsavi, uma espécie de líder das gangues de Camoor, eles se depararão com alguns novos empecilhos, como é o caso do Rei Cinza, que se tornará, ao poucos, responsável pelos principais fatos da história. O livro tem muita aventura e mistério.

Antes de avançar na resenha, é preciso explicar a dubiedade de sentimentos que tive ao longo do livro. O início é muito chato. Enfadonho, lento. O autor começa a obra já com os fatos acontecendo e deixa de situar e familiarizar o leitor com aquele ambiente ou com aquelas situações. Um golpe do Nobre Vigaristas está em ação e prejudica muito a fluidez da leitura. Perdido, é claro que muitas pessoas vão acabar desistindo. Quase aconteceu comigo. A falta de explicações dos acontecimentos que se desenrolavam, a escrita mais rebuscada que o normal e a lentidão eram motivos para dar um adeus.

O que também atrapalha é que os capítulos são alternados entre presente e futuro e você acaba se sentindo perdido. A certa altura, preferi ler os capítulos do passado do que os do presente. Mas lá depois da página 100, perto da 150, quando o autor passa a clarear os acontecimentos e o leitor se situa, a história tem um grande salto de qualidade e você passa a imergir naquele universo. Depois disso, o ritmo melhora até pelo fato de haver muita ação e acontecimentos surpreendentes.

O grupo de amigos que protagoniza a história ao lado de Locke são muito bem construídos. São ótimos tipos, de grande personalidade e, apesar de andarem à sombra do protagonista, tem razão de estarem na história e o leitor facilmente se apega a eles. Isso se deve muito, claro, à construção que o autor deu a eles, mostrando o passado de todos em alguns capítulos - ou seja, mostrando como entraram no mundo do crime. Isso acontece também com Locke, quando vemos que, aos cinco anos, ele já tem o dom de ser um grande ladrão. Aliás, ele e os outros quatro amigos – Jean, os irmãos Sanza, e Pulga - já nasceram assim, só foram aperfeiçoados sob a tutela do Padre Correntes – que também é outro ótimo personagem. Sobre este ponto, personagens, há vários a se destacar, como a Dona Vorchenza, Capa Barsavi e Rei Cinza.

O universo criado pelo autor também é muito rico e profundo. Lynch nos mostrou muito pouco dele, é claro, mas a gente sente que ele trabalhou muito na construção de mundo e que acertou muito nisso. Apesar de achar que ficou devendo na explicação do universo no primeiro volume, tenho certeza que os próximos volumes vão servir para mostrar mais pontos incríveis dele. A magia que existe, e, sim existe, já que é uma fantasia, foi muito pouco explorada, mas tem um método que parece muito interessante. Além de tudo, tem muita morte e toda a narração delas são muito reais.

Outro ponto que merece destaque é a escrita rebuscada. Muito diferente do texto fácil dos livros de hoje em dia, este, que é destinado para o público adulto, em As mentiras de Locke Lamora este aspecto chama a atenção. O texto é inteligente e os diálogos soam pontuais e naturais para aquele universo que ele criou. Um dos melhores que já li. Inteligente também é a trama. Como disse, apesar do início profundo, o desenvolvimento tem uma série de novas tramas criadas, com a entrada de vários personagens. Com isso, cria-se uma teia de acontecimentos, mas que vai se encaixar perfeitamente na reta final do livro. Foram pouquíssimos clichês encontrados ao longo da obra, principal artifício que os autores usam para sair de situações complicadas. E elas foram muito bem empregadas.

Sim, muitos elogios, eu sei. Me tornei um grande fã do livro e de tudo que o autor criou ali dentro. A inteligência do texto, do mundo, do desenvolvimento, dos personagens. Mas não só isso, a capa é muito bonita, uma das melhores feita pela Editora Arqueiro. A diagramação incomoda um pouco pelo tamanho pequeno das letras e o pouco espaçamento das margens. No entanto, isso é até relevado pela boa divisão de capítulos, que não são curtos, mas também não chegam a ser grandes.

Superados cerca de 40% do livro, me imergi totalmente à história e conseguia devorar as páginas daquele jeito que todo o leitor gosta. As várias batalhas travadas pelos personagens, tão bem descritas, foram muito bem empregadas, especialmente na reta final, já que casaram perfeitamente com o desenrolar da história dos mistérios que iam se revelando, especialmente quando se trata de Locke contra o Rei Cinza. Achei o fechamento dentro do agradável. E ao ler o início do próximo volume, Mares de Sangue, fiquei ainda mais com vontade de ler, porque, caramba, que baita reviravolta teremos. Obrigado, Scott, por me dar a oportunidade de conhecer esse universo que você criou. Ao livro, digo: seja bem-vindo ao seleto grupo dos preferidos. Merece quatro estrelas, e não fosse o início chato e confuso, seria cinco e ainda favoritado.
Rafael Bonfim 24/02/2017minha estante
Uma leitura reompensadora... é tão bom quando isso acontece. Uma vez li um livro com começo tedioso, esperando que melhorase e não veio. Parabéns.


Luan 24/02/2017minha estante
realmente, é uma ótima sensação. fiquei feliz




Mari Palma | @a_maripalma 27/07/2016

Opinião | Perdida entre Vidas
É SOBRE O QUE MESMO?

No primeiro volume da série, somos apresentados aos Nobres Vigaristas que, como o nome já diz, não são quaisquer vigaristas. Desde pequenos eles são selecionados e treinados na arte do roubo e da trapaça. Locke Lamora é a mente brilhante por trás desse grupo de golpistas que estão prestes a participar do maior golpe que a cidade de Camorr já viu.

O QUE ACHEI...

Foi bom? Foi. Mas não foi essa coca-cola toda que me disseram que seria.

O início foi um pouco confuso por causa da alternância de tempo entre os capítulos, um no passado, um no presente. Mas em seguida a gente pega o jeito. O problema foi que o livro não me prendeu. A história estava boa, mas por algum motivo a leitura não estava fluindo muito bem. Deixei o livro de lado por um tempo (deveria ter sido uma leitura conjunta do mês de abril, só demorei um pouquinho mais pra terminar XD). Quando voltei a lê-lo, a coisa ficou um pouco melhor. Mas vou admitir que só depois de uns 75% do livro é que ele me pegou de verdade. Aí sim não consegui mais largar e o final foi ótimo!

Só que apesar de tudo isso, de ter sido uma boa leitura, não pretendo ler a sequência tão logo. Prefiro dar prioridade para séries que tenham me pego de jeito desde o início. Mas isso não descarta Os Nobres Vigaristas da minha lista, a série apenas foi empurrada para o final da fila.

site: https://perdidaentrevidas.blogspot.com.br
Samara Cristina 20/01/2017minha estante
undefined




Albarus Andreos 07/04/2015

E a Ed. Saída de Emergência finalmente acertou!
“Uma vez a cada século, quando a lua incidir sobre as marcas na tumba, ele se levantará...”. Não, isso não tem nada a ver com As Mentiras de Locke Lamora (Editora Arqueiro, 2014), a não ser pelo fato de que, como na profecia acima, de vez em quando surge um livro de fantasia tão melhor que o status quo reinante, que realmente parece um presente cabalístico. E, seguindo o mesmo raciocínio, surge a esperança que mais um grande gênio da literatura fantástica possa estar despontando. O norte-americano Scott Lynch com seus longos cabelos de elfo, chega para mostrar como um franzino órfão da fictícia cidade de Camorr, pode se tornar uma lenda!

Para começar a ambientação, deixamos as frias pradarias nevadas de sotaque anglo-saxão, tão comuns à literatura de fantasia, para nos imiscuirmos em uma cidade estado formada por um arquipélago, com evidente influência italiana nos nomes das localidades e pessoas. Mas não um italiano de verdade, guardando mais a sonoridade das palavras do que vocábulos reais. E, sim, é um mundo inventado, com três luas no céu, para não deixar dúvidas sobre sua natureza. E há ainda alguns toques de magia e alquimia, quando vemos que a luz usada pelas pessoas durante a noite vem de globos alquímicos, há animais marinhos inventados e há torres e pontes de Vidrantigo sobre canais, construídas por uma raça antiga, conhecida apenas como Ancestres, da qual não temos muitas referências.

Dá para identificar as pessoas vestidas com trajes renascentistas, com seus chapéus engraçados, as mangas bufantes e os vestidos cheios de camadas. Os prédios são de alvenaria, alguns altos, com vários andares, as ruas são cheias de sujeira e dejetos e eles usam floretes e adagas como armas e não há qualquer referência à pólvora. Pronto, situados assim, no tempo e no espaço, vamos conhecer o tal órfão, que chega ao Morro das Sombras, onde o Aliciador, seu garrista (um vigarista experiente), o recebe e dias depois já tem de se desfazer dele, depois de uma série de dores de cabeça que o menino lhe arranja. É com um humor sutil, sempre presente, que vamos então acompanhando esse garoto hiperativo, emburrado, um vigarista nato, com a dom de arranjar problemas onde quer que ponha os pés.

A história vai e volta continuamente, alternando-se entre a infância do pequenino Locke e o tempo em que ele, já adulto, está executando um golpe com sua trupe de ladrões, batizada de Nobres Vigaristas. Vamos conhecendo cuidadosamente cada um dos seus companheiros, como se encontraram e como conviveram, até adquirirem a confiança que irmãos possuem uns nos outros. Os Nobres Vigaristas são uma famiglia, nos mesmo moldes das velhas casas mafiosas, todas reunidas sob a afeição e égide violenta do Capa Barsavi, que não permite que uma só mosca voe em sua cidade sem sua autorização. Além dos amigos, conhecemos os burgueses e a aristocracia, o modus operandi das gangues, da polícia e da cidade de Camorr, de uma forma magistralmente bem contada, que liga todas as pontas e conduz uma narrativa digna de um mestre.

Na fase do Locke criança, como disse, o Aliciador acaba “vendendo” o menino, seu pezon, pois senão viria a ter de matá-lo e contabilizar o prejuízo. Para se ter uma ideia, ainda com seis anos, Locke já havia tocado fogo num bar e roubado a bolsa de um casaca amarela, como são chamados os policiais, o que infringe a Paz Secreta, que permite a convivência harmônica entre a Lei e o Submundo, com uma boa cola de corrupção. Como o Aliciador tem que prestar contas de seus subordinados ao chefão de Camorr, o Capa Barsavi, ou ele mata o menino ou se livra dele de alguma outra forma. A perda de alguns cobres não agrada ao Aliciador, que acaba deixando o garoto por conta de um pobre sacerdote de Perelandro, que na verdade não é outra coisa senão mais um golpista da fauna local.

A deliciosa narrativa, cheia de chistes, detalhadamente contada, nos leva a conhecer o responsável pela “formação” de Locke no que ele viria a se tornar mais adiante. O padre Correntes, que lhe ensina a obediência às regras e cada um dos segredos de como ser um talentoso ladrão, um vigarista inigualável e um trapaceiro ímpar, ao ponto de Locke um dia vir a ser conhecido como O Espinho, numa alusão a sua capacidade de se meter na carne da sociedade e lhe causar as aflições advindas de suas atividades, sem nunca ser pego ou sequer identificado. Engraçado é que essa imagem é inchada com mentiras, como o fato de se descrever o Espinho como um exímio espadachim, sendo que Locke sequer sabe pegar numa espada. O embuste é tudo para um vigarista.

As descrições dos golpes são o ponto forte do livro. Cada detalhe é pensado, planejado e executado pelos talentos de cada um dos especialistas do bando. Há os irmãos Sanza, Calo e Galdo, inseparáveis e paus para toda obra, há o pequeno Pulga, um mãos-leves, um menino pouco mais velho do que Locke era quando chegou até o templo de Perelandro, e há Jean Tanen, um gordo amigo de todos os momentos, exímio na contabilidade e ótimo com os punhos. Cada um zela pelo outro com a própria vida, cada um possui talentos e aptidões especiais, duramente adestradas, desde as línguas dos povos ao redor de Camorr, incluindo seus sotaques, até as mais requintadas habilidades na cozinha, na moda, na fabricação de disfarces e no manuseio de uma adaga. Tudo que pode auxiliar em um golpe é treinado à exaustão, desde criancinha.

É impressionante como o autor consegue nos passar esse sentimento de união entre os membros da gangue. Cada personagem é único, otimamente planejado e transbordante de carisma. E há ainda um singelo mistério que sempre aparece em pistas, aqui e ali. Um amor desfeito ou inacessível. Não dá para saber ainda. Uma incógnita. Uma misteriosa personagem da qual não temos quase nada para comentar: Sabeta. Brindes são oferecidos aos amigos ausentes e sempre se serve um cálice a ela, mesmo estando presente apenas nas recordações deles. Dá até uma apreensão. Será que ela está morta? Quase nada é dito mas sabe-se que teve sua importância para o grupo, desde menina, desde o tempo do padre Correntes. Um mistério que os próximos livros prometem revelar, mas a maneira como Scott Lynch insere esses momentos é com amargura e nostalgia.

Parte dessa simpatia, que temos por estes ladrões, se deve a maneira idealizada com que a história nos é contada. Afinal, quem poderia se afeiçoar a marginais? Qualquer um, se a maneira de contar fosse a adotada por Lynch, onde apenas os detalhes pitorescos são revelados. O golpe a que somos apresentados no livro, realizado pela gangue de Locke Lamora é contra gente rica, então fica uma coisa de “síndrome de Robin Hood”, como se roubar de ricos fosse menos mau. A polícia é corrupta, outro ponto a favor dos bandidos; o único que rouba de gente comum é Pulga, mas nesses momentos não há detalhes, ficando só no en passant. Eles são todos educados, falam várias línguas, são refinados, comem pratos complicados, mas todos vieram da miséria, o que “justifica” que possam ludibriar e prejudicar os outros. Atos violentos são praticados só pelas gangues rivais, então fica a sensação de que os Nobres Vigaristas são como “anjos vingadores do bem”, de alguma forma.

E para coroar, há o surgimento do real vilão da história: o Rei Cinza. Mas e o Capa Barsavi? Bem, ele é implacável, gosta de desmembrar os inimigos e não hesita em matar mulheres e crianças, quando precisa, mas como todo Chefão napolitano, é bonachão e afaga seus pezons como um pai austero. Barsavi não é, portanto o vilão. É só um engodo para atrair nossa atenção, um coadjuvante, enquanto ainda não conhecemos tudo a que o Rei Cinza veio.

Daí para frente o livro muda um pouco de andamento. A ação parece se intensificar. Personagens que havíamos começado a amar nos são tirados sem a mínima relutância, mostrando que G. R. R. Martin fez escola na sua técnica de foder sem piedade com suas criações. O Rei Cinza tem planos para Locke Lamora, e o magérrimo anti-herói não tem segredos para o Falcoeiro, um Mago-Servidor, um feiticeiro que trabalha para o Rei Cinza. Um pouco mais de magia é então introduzida na história, que é muito fraca nos elementos fantásticos, no máximo uma low fantasy.

O Falcoeiro é o Darth Vader que faltava para a trama. Um capanga terrível e sanguinário, um assassino frio, alguém que não pode ser morto, pois se for, toda a guilda de magos-servidores virá atrás do responsável, e sua família inteira será passada a fio de espada. É muito interessante como até nisso, Scott Lynch foi beber nas tradições italianas das vendetas e do processo de unificação da Itália, com todo o sangue e as chacinas que transformaram as cidades estado italianas em “mares de sangue” (ops... spoiler do próximo volume? Pois esse é exatamente o título).

O Rei Cinza já entra causando. A maneira como os filhos do Capa são tratados, e depois, o confronto que tem com ele, pessoalmente, são emblemáticos. Vemos que estamos diante de um dos vilões mais filhos da puta da literatura fantástica. Ele tem algo da crueza de Glokta, dos romances de Joe Abercrombie. É um homem violento, inexorável, rancoroso, cheio até as tampas do desejo de vingança, quase um lunático que alcança a chance de se vingar do mundo. O escritor sabe como fazê-lo assim, pintando-o com as cores certas, mostrando o caminho que toma em suas decisões e os detalhes escabrosos que utiliza para se afirmar como o novo Capa. O Capa Raza, que daí por diante vai infernizar Locke e os seus. Não dá para imaginar como ele vai conseguir se livrar dessa sina. Locke está fodido!

Ah, sim, o livro tem muito palavrão. É o estilo de Scott Lynch de embarcar na onda italianizada de sua obra. Palavrões, violência explícita, o vil metal, ladroagem, pobreza e sangue no zóio.

O final do livro deixou um pouco a desejar quanto a identidade do Rei Cinza/ Capa Raza. Acho que Lynch poderia tê-lo introduzido mais cedo, como alguém comum na trama que no final se revelasse o vilão que agia às escondidas. Assim como aconteceu com o Aranha (muito bem feito). Deixou passar essa oportunidade de criar mais uma reviravolta, mas há outras pequenas falhas que acabaram por comprometer um tiquinho só a beleza da coisa toda. Há os fechos finais, com tudo sempre dando certo para Locke. Não que haja algum Deus Ex-Machina, não. Mas o papinho de Locke, sempre convencendo os demais personagens acaba sendo um pouco só forçado.

O confronto entre Locke e o Falcoeiro, no final é muito bom. Desejávamos ardentemente que o filho da mãe levasse o troco pelas atrocidades que cometeu, e Scott Lynch não nos decepciona. Há a catarse por todos os seus pecados, assim como ocorre como o Capa Raza, embora ache que ficou tudo certinho demais. Talvez o autor não devesse ter deixado tudo tão fechadinho. De certa forma, destoa um pouco do tom italiano adotado durante todo o texto. Mas nada que faça com que As Mentiras de Locke Lamora deixe de ser um dos melhores livros que li nos últimos tempos, capiche?

site: www.meninadabahia.com.br
Junior 07/06/2015minha estante
Tem um pouco de spoiler na sua resenha amigo, sinaliza pra alguem que não queira ver, não leia inocentemente. Mas ficou muito bem escrita, estou lendo o livro já cheguei beeem no final e se tivesse lido sua resenha antes, com certeza estaria bravo com você pelos spoilers kkk




Cássia Lima 03/02/2020

Personagens incríveis, mas poderia ter sido melhor
Comecei este livro com muitas expectativas, e o autor soube criar personagens ótimos e uma trama muito interessante. Não consegui abandonar justamente por querer saber o que ia acontecer. Mas o autor poderia ter acelerado a história, pois muitas cenas ficaram cansativas com tantos detalhes e com tantas aulas.
Entendo ser importante pro contexto, mas preferia ter encurtado a trajetória.

Neste livro introdutório conhecemos o Locke Lamora e acompanhamos o desenvolvimento do que viria a ser um dos maiores ladrões de sua região. Ele foi treinado para parecer qualquer um, aprendeu vários idiomas e performances, como se fazer passar por nobre ou plebeu, e conseguiu desempenhar bem seu papel, até encontrar alguém disposto a pagar o preço dos magos para poder derrubá-lo.

A história fica muito melhor do meio para o final, onde nossa curiosidade é testada e ficamos nos perguntando o que acontecerá nos próximos livros.
umbookaholic 03/02/2020minha estante
Eu tenho aqui, mas ainda não li. Quero mttt




petronetto 02/06/2014

Uma história instigante e muito criativa
Geralmente os livros de fantasia são "engessados", na maioria dos casos o personagem principal é ou um mago que é ou será poderosos ou um guerreiro, que também é ou será habilidoso, num mundo onde rola muita magia, criaturas fantásticas, e basicamente se assemelha muito com a idade média. Bem, "As Mentiras de Locke Lamora" tem quase tudo isso mas de uma forma diferente.
Camorr é uma cidade bem diferente das demais cidades do livros de fantasia. É uma cidade que a meu ver lembraria Veneza ou algo semelhante, a era é algo que se parece com a Renascença, e única habilidade de Locke Lamora é roubar e fazer "grandes cagadas", como diz seu próprio mentor.
O livro o livro também possui uma boa pitada de humor e sarcasmo, além de reviravoltas na história que a torna mais cativante ainda.

Particularmente o livro e a forma de escrita do Scott Lynch me agradaram muito e estou muito ansioso pelo segundo livro.
Andressa 04/06/2014minha estante
Rouba-lo-ei.




spoiler visualizar
Joaquim 29/01/2015minha estante
bom, não sei se tu não entendeu como funciona a paz secreta, mas em Camorr é proibido roubar guardas e nobres. Bom, além de Locke ter roubado guardas, ele causou um incêndio que varreu quase um bairro inteiro e por ultimo causou a morte de 2 garotos através de golpes. Por conta destes motivos o Aliciador queria se desfazer do muleque. Serio, não tem criticas melhores não?




@APassional 04/04/2014

As Mentiras de Locke Lamora * Resenha por: Rosem Ferr * Arquivo Passional
Bem vindos ao submundo de Camorr... onde nada é o que parece ser.

O Volume I, da Série Nobres Vigaristas, é a primeira dose embriagante que o genial Scott Lynch nos estende, estamos no “Último Erro”, uma taberna de Malfeitores, portanto erga seu copo de rum de açúcar escuro do Mar de Bronze, como todos os seus “pezons” e façamos um brinde:

À Scott Lynch e sua criatura: Locke Lamora!

Diferente de tudo que já li, Lynch é um desbravador dos limites, o real e o surreal anelam-se com uma maestria ímpar, Camorr é uma cidade híbrida e incomum que nos remete à um misto de Veneza e Inglaterra vitoriana, sua arquitetura futurista de torres de vidro de suntuosa grandeza se contrapõe aos subúrbios sórdidos de pobreza sub-humana; um mundo repleto plantas milagrosas e venenos mortíferos, drogas incomuns e animais manipulados alquimicamente.

Medindo força com a escória mafiosa de Capa Barsavi...
Uma sociedade de anti-heróis.

Nossos anti-heróis Locke, Jean, Pulga, Galdo e Calo, Os nobres vigaristas, são criados e treinados pelo padre Correntes na suprema arte da malandragem, ele mesmo um mestre em disfarces e golpes, para disputar sua maestria entre bandidos, nobres trapaceiros, assassinos, torturadores, gangues que brigam por território e posição, entretanto a forma como esses jogos perversos e assustadores desenrolam-se é divertida, irônica, irresponsável e muito sangrenta hahaha!

Os 16 capítulos picotados em cenas alternadas dão agilidade à ação, às vezes alucinante diante da alternância de foco narrativo nos subcapítulos, “esclarecedores” interlúdios nos transportam ao passado de cada um dos integrantes dos Nobres Vigaristas, onde vislumbramos seu eclético treinamento em diversas artes que ocorre em clima de ação e aventura contínua, quebrando a linearidade da trama em verdadeiras espirais de tempo. Esses interlúdios nos envolvem empaticamente com os órfãos diante da determinação e concentração em alcançar a excelência na arte designada a cada um deles por seu mestre Correntes, o que reflete em um mergulho intimista na essência das personagens.

“Nosso Locke aqui tem o cérebro maldoso ao extremo e sabe mentir com maestria...”

Narrado em 3ª pessoa mas recheado com diálogos inteligentes, afiados, que desafiam a etiqueta e o decoro, seja destilando venenoso humor negro em paródias filosóficas, palavrões, declarações fulminantes nas situações mais bizarras ou em fugas espetaculares hilárias.

O golpista X O pirata.

A trama intrincada, repleta de ardis, traições e reviravoltas, exige certa concentração, afinal as personagens na íntegra são inescrupulosas e indignas de confiança, portanto haja sinapses para acompanhar o enredo ousado, que estabelece a polaridade protagonista/antagonista no ápice da crueldade da qual foi dotado o Rei Cinza… ou seria Capa Raza?

Atravessando os limites da libertinagem.

Locke é ousado, carismático, envolvente, dissimulado, sem noção do perigo, insano. Seus planos mirabolantes são fruto de uma mente perspicaz, de notável inteligência, capaz de aprofundar-se no lado mais escuro da natureza humana, aliás esse parece ser o mote deste volume: O inconsciente, seus estreitos caminhos úmidos, os segredos neles contidos ou aprisionados na forma de imagens oníricas, memorias de infância, vinganças antigas, no mistério da origem do próprio Locke.

“Não preciso de ninguém para me lembrar que estamos mergulhados em água escura até o pescoço. Só peço a vocês que se lembrem de que os malditos tubarões somos nós.”

Scott Lynch faz jus a todos elogios que alcançou com sua obra, concordo plenamente que ele desponta como um dos grandes autores de ficção fantástica contemporânea.

Me encantou, surpreendeu, divertiu, inquietou, emocionou, me fez gargalhar, contorcer os músculos e os sentidos, e no último capítulo... UAU! Redemoinho de emoções, delirante, sensacional. Locke Lamora é único, apaixonante, inesquecível e... como diria Elizabeth Swann*: - Pirata...

Excelente, genial em todos os sentidos!
By Rosem Ferr.:.

* Protagonista de Piratas do Caribe.

Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 04/04/2014.

site: http://www.arquivopassional.com/2014/04/resenha-as-mentiras-de-locke-lamora.html
comentários(0)comente



Cath´s 15/04/2014

Resenha As Mentiras de Locke Lamora.
Esqueçam nosso mundo e mergulhem na vida em Camorr.

Quando eu pedi esse livro para ler, não fazia ideia da magnitude dele. Quando ele chegou que comecei a ler a respeito e percebi que seria um livro U-A-U.
Lynch não usa elementos do nosso cotidiano, ele simplesmente criou um universo novo, sim, os personagens são humanos e você vai encontrar características em comum, mas o autor fez cidades, itens, costumes, tudo novo.
O legal é que os capítulos intercalam a vida atual que ao meu ver é a trama principal com lembranças de quando os Nobres Vigaristas eram crianças, e a partir de um ponto eles se interligam.
No começo eu ficava ansiosa para saber mais dos acontecimentos de quando eram crianças (o autor começa essa narração te deixando bem curiosa), depois virou e eu estava ansiosa pelos acontecimentos atuais, que ficaram cada vez mais agitados.
Mas vamos para o inicio, o livro conta a história dos Nobres Vigaristas, com ênfase no Locke Lamora, que é o garrista deles (garrista é quem representa o grupo, digamos, teoricamente eles deveriam obedecer ao Locke).
Os Nobres Vigaristas são formados por: Locke, Jean, Calo, Galdo e Pulga. Você vai aos poucos ser apresentado aos personagens, afinal, com as lembranças vai descobrindo mais a respeito de cada um. No final, eu estava conquistada por todos.
Nesse livro você vai acompanhar um dos golpes deles para furtar metade da fortuna de um casal de nobres, e além disso está ocorrendo um golpe contra o Capa Barsavi feito pelo Rei Cinza, que ninguém sabe quem é (Capa é o líder maior, ao qual os garristas pagam um "imposto" em dias determinados). Claro que os Nobres Vigaristas acabam no meio disso.
A leitura não é cansativa como As Crônicas de Gelo e Fogo, por exemplo, o linguajar é bem mais fácil, mas foi um livro que eu demorei mais de uma semana para ler, pois são muitos acontecimentos em cada página e como a mente do autor é brilhante você tem que cuidar para ir acompanhando as reviravoltas.
Além do universo rico em detalhes, cada personagem tem sua história e seu próprio jeito, você vai se apegar aos Nobres Vigaristas mesmo eles gostam de furtar e nem usando o dinheiro, rsrs. É mais pelo prazer do golpe.
No final do livro vão liberar um capitulo do próximo que só serviu para me deixar curiosa.
Outro ponto é que a história que se inicia nesse livro termina neste, você necessariamente não precisa ler o segundo, embora eu acredite que vá querer ler.
Mais um fato legal é que esse livro foi publicado em 2005 e foi o primeiro livro do autor, são raros os que começam já a publicar com um livro desse nível. São raros que um dia publicam um livro desse nível.
Os direitos cinematográficas já foram comprados, resta saber se vão colocar nas telonas, pois tem alguns que a Warner compra e fica enrolando.
Quanto a capa, eu achei linda, combina com o que contam no livro sobre Camoor, eu não achei nenhum errinho de escrita durante toda a leitura, e a letra embora não seja daquelas grandonas, não é das mini também, um bom tamanho para se ler (diz a pessoa aqui que lê a noite).
Vale muito a pena a leitura, assim que mergulharem na mente de Locke Lamora vão ir para outro espaço, onde genialidade está presente o tempo inteiro.
P.S.: Para o pessoal que gosta de ação: vocês vão adorar.

site: http://www.some-fantastic-books.com/2014/04/resenha-as-mentiras-de-locke-lamora.html
comentários(0)comente



Niasi 23/04/2014

As Mentiras de Locke Lamora
Antes de mais nada: Vale a Pena Ler!!!

Mas tenho que confessar que foi o livro com um dos começos mais chatos que já li, o autor se arrastava em tediosas descrições cheias de adjetivos.
E o pior é que o conteúdo e o mundo que ele criou é realmente muito interessante, não sei porque tornar tudo tão chato.

Para minha surpresa, não só a escrita, como a dinâmica dos fatos vão pegando força e tornam o livro uma leitura maravilhosa, cheia de surpresas e viradas de amarrar o leitor ao livro.

Tratasse da história de Locke Lamora, um brilhante vigarista, que junto com sua pequena gangue, dá golpes nos nobres de Camorr (uma espécie de Veneza fictícia).

Acredito que quem gosta de aventuras e realidades fantásticas, irá adorar o livro (desde que passe do chatíssimo começo).

Recomendo a leitura.
comentários(0)comente



LimaOLimao 28/02/2024

Preciso do livro físico urgentemente.
Enredo - 4,0 estrelas ( Muito bom
Já disse que amo Alta Fantasia? Se não, eu amo Alta Fantasia. E essa aqui me surpreendeu muito. Já tinha colocado uma certa expectativa antes de ler, mas conseguiu superar todas elas.

A base do enredo é a divisão entre passado e presente, e é muito, muito foda. O jeito que as informações vão se encaixando no decorrer desse vai e vem, e as informações que não foram ditas, que só atiçam mais a curiosidade de ler o próximo livro, é bom demais.

Personagens - 3,0 estrelas ( Bom 
Amo a construção de todos. É uma ambientação totalmente diferente daquela que eu já li em outros livros, e a base que eles constroem como Nobres Vigaristas tem um quê de realismo psicológico, que eu tanto gosto.

Só não gostei da suposta relação amorosa do personagem principal. Ela só é citada por ele, então digamos que não há romance explícito nesse livro. A construção deste pode ser escrita no 2° livro, então espero gostar dela. 

Escrita -  3,0 estrelas ( Bom 
Não foi de difícil entendimento, foi fluída e não maçante, até na descrição do passado e dos sentimentos dos personagens. O ruim foi em algumas descrições do mundo. 

Mundo - 3,5 estrelas ( Bom
Eu demorei pra pegar o ritmo no entender, mas isso sempre acontece quando se inicia uma nova fantasia. A política, as crenças, a história das cidades-estado, mas no fim eu consegui ter uma boa base do mundo. 
comentários(0)comente



150 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR