Marlonbsan 04/10/2022
Estação Carandiru
O médico Drauzio Varella realizou um trabalho voluntário na antiga Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru, onde conviveu com pessoas que seguiam as regras da população carcerária e conheceu um pouco mais sobre a história de cada um.
O livro é narrado em terceira pessoa, dividido em capítulos curtos, a linguagem é simples, mas com densidade considerável.
O início do livro busca nos localizar, então detalha muito como era o Carandiru, os locais e como tudo ali funcionava, apesar de ser interessante, era uma parte extremamente maçante. Outro ponto que deixava a leitura um pouco complicada, era o deslocamento do verbo na escrita, assim, algumas frases só fariam sentido depois.
Com o passar da leitura, quando passa a falar sobre o sistema carcerário e todas as nuances do mundo do crime, a leitura fica ainda mais interessante, vemos como é um ambiente hostil e perigoso, como também há milhares de regras, uma sociedade à parte. Podemos perceber a dificuldade de ressocialização e facilidade de corromper ainda mais os seres humanos que estão ali.
As condições precárias das instalações também são relatadas, assim como as estratégias feitas pelos próprios detentos para sobreviverem e a conhecida superlotação. O livro ainda melhora bastante o ritmo na reta final, quando o foco passa a ser mais a vida dos detentos, como foram parar lá ou como sucumbiram por conta de suas ações.
Como médico e ser humano, Drauzio analisa fatores de risco e conta histórias de presos que passaram pelo Carandiru, não os julga por seus atos, apenas faz o seu trabalho e sua pesquisa. Coincidentemente, dia 2 de outubro completou 30 anos do Massacre de Carandiru, que também é brevemente relatado no livro.