Anna Clara 16/07/2020
Surpreendente
Este entrou para os favoritos da vida. Gosto muito de ler sobre a vida real e gosto ainda mais quando esse real é contado por quem domina a arte da palavra. Esse foi o primeiro livro do Drauzio que li, e confesso que esperava uma leitura muito mais seca. Felizmente, o autor me surpreendeu com o seu poder de síntese, com a sua maneira cuidadosa e peculiar de retratar a linguagem dos personagens que protagonizam as histórias contadas em cada capítulo, e também - óbvio - com o conteúdo da obra. Antes dela, eu não fazia ideia da dinâmica que podemos encontrar em um presídio, mas, por algumas semanas, senti-me como se estivesse de fato passeando pelos pavilhões do presídio do Carandiru; por alguns minutos, era como se eu tivesse vendo todas aquelas pessoas e, ao mesmo tempo, ouvindo Drauzio falar sobre elas.
Algumas histórias são extremamente marcantes, tanto que, muitas vezes, é difícil continuar a leitura. Às vezes, lia dois capítulos e precisava de um tempo para remoer, refletir e tentar compreender melhor a situação, a história, a vida e/ou a morte que eu havia acabado de conhecer.
O que falar do reencontro de Miguel com o amigo Antônio Carlos na prisão? E da esperança do Edelso em meio a tanta miséria? E da inteligência do Seu Jeremias? E da loucura do Charuto? E do fim do Sem-Chance? Essas histórias, em particular, me marcaram muito. E eu, que nunca tinha parado para ler sobre o massacre do Carandiru, surpreendi-me mais uma vez com o desfecho.
Enfim, o livro é marcante, tanto pelo conteúdo quanto pela originalidade com que Drauzio o aborda. Me deixou com vontade de ler mais livros seus.
Recomendadíssimo!