Nasa 25/01/2018
Silo - Hugh Howey
Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo. Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras.
Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo.
Um crime cuja punição é simples e mortal.
Elas são levadas para o lado de fora.
Juliette é uma dessas pessoas.
E talvez seja a última.
O Silo
Uma leitura instigante desde o princípio. Sou fã de distopias, a minha primeira foi Jogos Vorazes e daí em diante li outras e fiquei meio que viciada. Bem, sou fã de filmes catástrofe, fim de mundo, apocalipse. Não me achem estranha, é nosso medo mais antigo. Tem haver com aquele meteoro, que nos colocou no topo da cadeia alimentar e extinguiu os dinossauros. Acho que esse medo da extinção ficou impregnado em nosso DNA.
Isso me enche de curiosidade. Talvez o livro o Silo, de Hugh Howey tenha me agradado por isso. O mundo que conhecemos não existe mais. É como olhar por uma janela, o buraco de uma fechadura e ver pessoas vivendo sob regras quase absurdas para sobreviver dentro de um Silo.
Algo muito ruim aconteceu com o planeta e a vida no exterior se tornou impossível. Bem, o sol, as alterações climáticas, a poluição. Não é um calculo perfeito, mas um cálculo possível, mas após terminar a leitura fiquei me perguntando por que estamos assistindo a destruição dos recursos naturais e nada é feito. Apatia? Ignorância? A sobrevivência não será para todos? Muitas perguntas, mas vamos voltar ao livro.
A descrição na vida no Silo é muito interessante, fazendas, plantações que crescem sob luzes de cultivo, energia e petróleo. O ar sendo purificado para ficar respirável. Tudo completamente aceitável e certamente pensado dentro de uma pesquisa extensa.
A história começa quando Holston é condenado à limpeza. Isso significa ir lá fora limpar as janelas de vidro, que dão a visão do exterior. Nada demais, só alguns morros e o vento venenoso e mortal. Ele terá direito a um traje e alguns minutos de vida antes, que o traje se desfaça e ele morra. Quando entendi o que aconteceria com o xerife, sim, ele era o xerife, fiquei chocada e ansiosa. Só encontrei paz depois que li o desfecho da limpeza. O ser humano sempre encontrará um modo de ser cruel para justificar seus desejos.
A limpeza acontece e tudo continua como uma engrenagem bem lubrificada, mas algo acontece quando a prefeita do Silo começa a procurar um novo xerife. A candidata Juliette Nichols, é uma jovem que trabalha nos níveis inferiores, o que significa uma viagem de descida de quase seis dias!
Juliette é uma mecânica eficiente e querida no grupo da mecânica, mas sua subida será essencial para a sobrevivência do Silo. Ela aceita e isso causa a detonação de alguns eventos, a prefeita é envenenada e tudo parece sair dos trilhos. Uma nova eleição, suicídios, uma nova limpeza, ou melhor, execução.
O ritmo do livro é bom, mas às vezes a mudança de um personagem para o outro desvia a atenção do leitor. Não achei dificuldade nisso, pois já peguei leituras mais complexas. O segredo do silo vai se desenrolando e aos poucos podemos, como leitores, perceber como o tempo apaga lembranças e nos faz inocentes, ou cruéis, como o poder muda de lugar e deteriora o já frágil caráter humano. Matar para manter segredos, em nome do bem, dos demais são desculpas usadas no silo. Uma execução pode mudar o rumo da paz e da tranquilidade do lugar. Quando tudo sai do controle dentro do Silo as pessoas vão ficar isoladas, em guerra por espaço e pela verdade. Em dados momentos pensei: estão se matando dentro de uma gaiola.
Juliette é uma personagem inteligente, forte, uma sobrevivente nata, e nos dá bons momentos com suas ações. Ela tem seus dramas, mas é focada, é filha do silo, não pode se dar ao luxo de não sobreviver. Como em outras distopias o romance existe, mas é sutil e não toma toda a trama. Lukas aparece na vida de Juliette num momento de mudança e choque. Isso une e separa ambos. Mas os mantém fortes e ligados mesmo à distância.
O livro te dá vários caminhos a seguir, mas no fim toma seu próprio rumo e te leva para um rumo aceitável em se tratando de distopia. O livro dois, A Ordem, é dividido entre passado e presente, acho que vou encontrar mais explicações e o que busco, por que um silo?
A leitura às vezes se torna claustrofóbica, então se não gosta de lugares apertados, lugares pequenos, escuros, macacões de sobrevivência, fique longe.
Minha nota? 4 beijos mordidos!