Wilker.Dantas 15/12/2020
A histo?ria de Milton segue dois arcos narrativos, o primeiro sobre Lu?cifer e o segundo sobre Ada?o e Eva. Parai?so Perdido comec?a com Lu?cifer ? o mais belo entre todos os arcanjos ? e outros anjos rebeldes sendo derrotados e expulsos para o Inferno, ou Ta?rtaro, como tambe?m e? chamado no poema, depois de tentar tomar o controle do Parai?so. Em Pandemo?nio, Lu?cifer se utiliza do dom da reto?rica para organizar seus seguidores, auxiliado por Mamon e Belzebu,
bem como por Belial e Moloch. Ele enta?o se oferece para envenenar a rece?m-criada Terra e sobretudo a nova e preferida criac?a?o de Deus, a Humanidade. Enfrenta os perigos do Abismo sozinho e, depois de uma a?rdua travessia do Caos fora do Inferno, adentra ao Jardim do E?den. Esta Guerra Ange?lica, com batalhas entre anjos fie?is e as forc?as de Lu?cifer, dura tre?s dias e e? narrada por diferentes perspectivas ao longo do poema. Por fim, na batalha decisiva, o Filho de Deus derrota sozinho toda a legia?o de anjos rebeldes e os expulsa do Parai?so. Em seguida, Deus cria o Mundo, ale?m de Ada?o e Eva, a quem da? total liberdade e poder sob toda a criac?a?o, com apenas uma ordem expli?cita: na?o se alimentar da A?rvore do conhecimento sobre o bem e o mal sob pena de morte. A histo?ria da tentac?a?o de Ada?o e Eva, sob o ponto de vista de Milton, e? um novo tipo de e?pico, fundamentalmente diferente da tradic?a?o bi?blica. Aproxima-se muito mais de uma histo?ria familiar, com o casal descrito pela primeira vez na literatura crista? tendo uma relac?a?o completa e efetiva enquanto ainda vivem sem pecado, com paixo?es e personalidades distintas, em uma relac?a?o de mu?tua depende?ncia e na?o uma relac?a?o de dominac?a?o e hierarquia. Disfarc?ado em forma de serpente, Lu?cifer seduz e convence Eva a experimentar da A?rvore do conhecimento, aproveitando-se de sua vaidade e enganando-a com sua reto?rica. Ao descobrir que Eva havia pecado, Ada?o conscientemente faz o mesmo. Declara a? sua amada que, uma vez que ela e? feita de sua carne, eles esta?o ligados um ao outro e, se ela morrer, ele tambe?m deve seguir o mesmo caminho. Assim, Milton retrata Ada?o como uma figura heroica, mas igualmente pecadora como Eva, com conscie?ncia de que na?o esta? fazendo a coisa certa, segundo os princi?pios divinos. Depois de experimentar da fruta do pecado, Ada?o e Eva fazem sexo de forma altamente lasciva e devassa. Em um primeiro momento, Ada?o se convence dos benefi?cios que podera?o vir ao comer o fruto da A?rvore do conhecimento, como tambe?m acreditava Eva. No entanto, ao adormecer ambos te?m pesadelos terri?veis e, ao acordar, experimentam pela primeira vez a culpa e a vergonha. Dando-se conta do terri?vel ato que cometeram contra Deus, comec?am a recriminar-se um ao outro. Eva implora a Ada?o para que se reconciliem. Sua coragem faz com que eles se aproximem de Deus, para se ?curvar e pedir a grac?a ajoelhados, em su?plicas? e receber esta grac?a de Deus. O anjo Miguel apresenta-lhe uma visa?o onde Ada?o testemunha tudo o que acontecera? a? humanidade ate? o Grande Dilu?vio. Ada?o fica perturbado com o que ve? e Miguel tambe?m lhe conta sobre a possibilidade de redenc?a?o da Humanidade do pecado original atra?ves do Messias. Expulsos do E?den, e mais distantes de Deus, onipresente e invisi?vel (e diferente do Pai tangi?vel ate? enta?o), Ada?o e Eva devem encontrar ?um parai?so dentro de si, mais feliz agora?, segundo o que lhes diz o anjo Miguel. Embora muitos dos estudiosos e cri?ticos de Milton e de sua obra-prima acreditem que Lu?cifer se enquadra na genui?na moralidade crista?, outros argumentam que a complexa caracterizac?a?o de Lu?cifer por Milton resulta em uma maior ambiguidade, compara?vel em muitas maneiras aos hero?is tra?gicos da cla?ssica literatura grega, embora sua hubris, seu orgulho excessivo e desafiador a Deus, os ultrapasse.