Mia Fernandes 29/09/2017
Acaso, destino ou loucura?
Se você leu Simplesmente Ana e se divertiu horrores com Ana, você vai amar Rafaela, a estagiária estabanada de jornalismo de Azul da Cor do Mar. Marina tem aquele texto leve, fluído, divertido, no qual você não sente o tempo passando e você só vai querer ler mais e mais...
Rafaela Vilas Boas tem 21 anos é uma jovem estudante de Jornalismo. Garota dedicada, aluna exemplar, uma nerd com estilo de patricinha do bem. Desde pequena, ela já sabia o que queria ser quando crescesse: jornalista investigativa.
“Ser jornalista, para mim, transcendia remuneração e reconhecimento. Era uma questão de escutar o chamado da minha vocação.”
Outro fato sobre a sua infância, era que quando mais nova, ela passava as suas férias de verão na casa de sua avó em Iriri, no Espírito Santo. E num desses descansos da cidade grande, ela via todos os dias um garoto com uma mochila xadrez andando de bicicleta em frente sua casa de veraneio. Mesmo nunca tendo trocado um oi, aceno, nadinha de nada, ela sempre queria ter falado com ele. O único contato que acontecera fora na Praia dos Namorados, quando o encontrara com um envelope nas mãos e se atirando no mar, e quando estava indo embora, seus olhos se cruzaram. Rafa foi sugada por aqueles olhos azuis. E desde então ela cultivou uma obsessão pelo garoto e um relacionamento totalmente fantasioso através de cartas. É obvio que esta fixação no garoto da mochila xadrez minou todos os seus relacionamentos amorosos.
“Mesmo sem saber quem ele era, vivi os dez anos seguintes com aquela imagem da praia na minha memória. Aquilo me marcou. Muito. Nem eu sei explicar por quê.”
Mas, voltando ao tempo atual, nossa protagonista determinada que só, está tentando a vaga para ser estagiária no Jornal Folha de Minas, o impresso mais importante de Belo Horizonte. Conquistar esta nova função foi mamão com açúcar, pois o verdadeiro desafio estava no seu colega de trabalho e “mentor”, Bernardo Venturini, um tremendo jornalista investigativo, um dos melhores da área, só que com um humor do cão chupando manga verde. Ela uma, a estagiária prodígio, indicada pelos chefões, e ele, um homem que não está a fim de ser babá de uma menininha. Mesmo sendo os dois tão bicudos, eles teriam que trabalhar como uma dupla e aprender a lidar com suas diferenças.
A química de Rafa e Bebe foi tão bem construída, nada forçado, a constante briga de cão e gato rendeu muito bem juntamente com os casos do jornalismo investigativo. O clima da redação do Jornal, os casos jornalísticos, a busca pelo furo, tudo estava tão bem desenvolvido, que era como se eu estivesse lá como uma mosquinha. Rafa com os seus dois pés e mãos esquerdos é garantia de gargalhadas e vergonha alheia. Bernardo foge daquele estereótipo do protagonista fofinho e certinho, o que eu adorei. Ele é cheio de defeitos, prepotente, arrogante, tratante, gostoso e, claro, o melhor adjetivo foi: Cria da Satanás.
Rafa agora terá que deixar sua fixação pelo garoto para trás, porque como ela poderá lidar com esta nova parceria fulminante, que a cada dia se mostra diferente? Azul da Cor do Mar é uma comédia, com pitadas de uma ação que vai crescendo de acordo com os casos investigados pela dupla dinâmica. Para se ter uma ideia, até numa entrevista com um traficante, Rafa não desce do salto. Marina Carvalho proporciona uma história alegre, com um pouco de tensão, mas acima de tudo um romance com gostinho de férias, e também para aquelas que como eu, ainda não encontraram o seu garoto da mochila xadrez.
XOXO
Mia Fernandes.