Giuliana 16/01/2019Ai meus olhosPara uma jornalista que respira a profissão, Rafaela é o ser humano menos profissional que eu já vi na vida. Ignorando as descrições irreiais de uma redação, porque a autora não é jornalista (creio eu) e pode não entender muito bem, o jeito que a principal se portava e principalmente vestia era a coisa mais absurda do mundo. EM QUE MUNDO uma jornalista iria de salto alto para o trabalho, ainda mais sendo da seção de investigativo??? Ela podia (não só podia, como teve) que sair correndo por aí atrás de alguém e com um sapato daqueles, como faz????? A notícia pode estar em qualquer lugar e a qualquer hora, você tem que estar vestida da forma mais confortável, embora profissional, possível. E aquilo de "eu não estou vestida para isso"????? NOSSA EU FIQUEI "É CLARO QUR NÃO, VOCÊ SE VESTIU DE SECRETÁRIA DE EMPRESA DE PRIMEIRO MUNDO! TÁ LOUCA????". A notícia não espera, não, minha filha. Ela tá nem aí que você "não está vestida para isso".
Outra coisa que me irritou muito, vou até transcrever: Rafaela está arrumando a mala para ir cobrir uma matéria em outra cidade e "Acabei apanhando duas calças - uma jeans e outra de sarja laranja, com stretch, caso resolvêssemos dar uma volta à noite [...]". MINHA FILHA????? VOCÊ TÁ INDO TRABALHAR, NÃO PASSEAR COM O NAMORADO! E LEVAR O CACHORRO??? VOCÊ É INSANA??? VAI ATRAPALHAR TUDO, EU NÃO TÔ CRENDO QUE UMA PESSOA QUE DIZ SER APAIXONADA PELO JORNALISMO FARIA UMA MERDA DESSAS PROPORÇÕES. REVOLTANTE!
E aproveitando que falamos de roupas, outra coisa que me deixou ???? boa parte do livro foi a descrição da marca de qualquer coisa. Meu anjo, eu tô cagando se a sua bolsa é Chanel, se sua calça é Diesel, se seu tênis é All Star, isso não muda nada pro leitor, só me encheu o saco. Tá parecendo aquelas fanfics que eu lia quando era adolescente que ficava dando link para uma página com a foto do look completo da personagem principal. Completamente dispensável.
Nem o plot clichê amor e ódio (não me entenda mal, eu amo história assim) conseguiu salvar.
Mas ainda não acabei, então vou tentar ser mais breve: Bernardo é jornalista no início da carreira, tá longe da casa dos 30, como ele tem dinheiro para um fucking Santa Fe e um loft? De novo: ele é um jornalista. Nós não ganhamos bem, principalmente no início da carreira. Ele pode ter ganhado prêmios e ser um prodígio na área ou como quer que você queira chamar, pra esbanjar riqueza assim, tem que trabalhar mais do que na Folha de Minas. Se fosse no EM até vá lá, acho que eu deixaria passar. Só pra frisar mesmo: jornalista não ganha tão bem assim; Rafaela paga de cult do toque de O Fantasma da Ópera e "mimimi não quero ver filmes comerciais", mas tem umas atitudes que dizem totalmente o oposto. By the way a gente já entendeu que o toque é do Fantasma da Ópera, não precisa citar isso toda vez que o telefone da guria toca; acho que chantagem não é muito ético;
Mas nem tudo sou eu tacando pedras e apontando as falhas, então deixo registrado que não foi tudo um horror, já que várias vezes eu pensei "gostei dessa parte" e me divertia em outras. E a parte da praia, no final, foi boa, não mudaria. Rafaela agiu de uma forma que eu achei sensata, pelo menos uma vez.