Lucas1429 27/08/2023O vento levaSem nenhuma vontade, iniciei este livro em um projeto paralelo com alguns amigos e conhecidos.
Fui mais um caido aos encantos de Scarlett O'Hara. Não atraído por seus trejeitos sulistas em um mundo tão perfeito em um momento de ebulição com a possível guerra da secessão sendo aos fundos tramada... mas por sua cabeça (oca e tão cheia, me perdoem do paradoxo).
Que grandes e épicos personagens. Scarlett, Melly, Mammy, Ellen, Gerald, Ashley, Rhet... acredito que por muito tempo trarei cada um deles comigo, devido às suas complexidades, às suas falhas, ao seu fator humano.
Não posso me estender muito, com a possibilidade de cair em spoilers e ser soterrado pelos amigos de grupo que ainda persistem na leitura. Basta dizer que vale cada página, cada página deste absurdo calhamaço escrito no século XX e que narra coisas tão problemáticas que a mesma visão, escrita hoje, renderia um baita cancelamento.
Tem de tudo. É um mundo que se despedaça, se usarmos o termo de Chinua Achebe, um mundo de sonhos, o Gottedamerung trazido por Ashley e vivido por Rhett, um mundo que se vai e dá espaço para um novo Estados Unidos, sob a ótica de um povo orgulhoso e, ao mesmo tempo, dizimado pela guerra civil. É a história da vida de Scarlett, mas não só dela, também de todos aqueles que rodeiam sua vida.
Mil e trezentas páginas foram pouco. A maior (literalmente) surpresa do ano, com sobras. Favoritado para a vida.
PS: Scarlett é a anti-ansiedade, consegue deixar tudo para amanhã, senti inveja dessa capacidade. No meu caso, só de pensar no amanhã já se foram as unhas... talvez por isso tenha lido com tanta voracidade, o amanhã poderia nunca chegar.