As cidades invisíveis

As cidades invisíveis Italo Calvino




Resenhas - As Cidades Invisíveis


188 encontrados | exibindo 151 a 166
1 | 2 | 3 | 4 | 11 | 12 | 13


@literatotti 25/06/2017

"Os futuros não realizados são apenas ramos do passado: ramos secos"
"-É tudo inútil, se o último porto só pode ser a cidade infernal, que está lá no fundo e que nos suga num vórtice cada vez mais estreito.
E Polo:
- O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço."
comentários(0)comente



Gláucia 20/05/2017

As Cidades Invisíveis - Ítalo Calvino
Esse é o tipo do livro que comecei a leitura já sabendo que não ia gostar, mas estava em casa há muito tempo e é tão fininho, letras gigantes, páginas quase em branco ao fim de cada capítulo. Por que não né? Vamos ver qualé.
Antes de ler assisti ao maravilhoso vídeo da Aline Aimée então já sabia que tinha todo um simbolismo e que cada cidade representava na verdade uma mulher e tals. Infelizmente nada disso conseguiu mudar minha percepção do livro: ininteligível pra mim, totalmente fora do meu limiar de compreensão.
Duas coisas que a Aline disse me chamaram atenção de cara, como se acendesse um alerta:
1) Que o livro era um queridinho do pessoal de Letras - isso quase sempre inclui livros que não vão me divertir.
2) Que o livro tinha algo de borgeano - isso me deixou quase em desespero e pude ter certeza que não iria entender muita coisa e que a leitura não iria me dizer nada ao final. Esquece, tem livro que nem desenhando...

Outro fator que me deixou curiosa para encerrar a leitura foi a citação do último parágrafo, apontado pela Aline como um dos últimos parágrafos mais sensacionais. E isso teve a confirmação da Lua Limaverde via comentário. É sim um belíssimo último parágrafo e ele eu entendi 100%. Mas se eu o tivesse lido de forma isolada, o efeito teria sido o mesmo.
Enfim, está tudo lá, no vídeo da Aline. Recomendo que assistam.
comentários(0)comente



Rodrigo.Guimaraes 12/08/2016

Indispensável.
Um dos melhores livros que já li. Indispensável para qualquer leitor, nos faz refletir sobre a vida, as relações, as cidades e sobre a arte de escrever.
comentários(0)comente



Augusto 15/05/2016

Livro de cabeceira
Esse não é um livro para ser lido rapidamente, de uma vez só, é para ser lido calmamente, colocar na cabeceira e ler um capítulo por dia. Apesar disso, e também por ser um empréstimo, tive que fazer o contrário do que estou recomendando, li num final de semana.
Minhas partes preferidas são as que Marco Polo está dialogando com Kublai Khan, muito mais do que as página em que Polo está descrevendo as cidades.
É um livro espetacular que eu pretendo reler com frequência, pois sei que a primeira leitura não foi satisfatória, nem suficiente.
comentários(0)comente



ElisaCazorla 17/11/2015

A cidade e o inferno
Cada capítulo é a descrição de uma cidade. Os capítulos são muito curtos e por isso devem ser lidos com muito cuidado. É quase uma viagem na velocidade máxima! Se piscarmos os olhos, perdemos muitas coisas! Certamente, terei que ler esse livro novamente com mais cuidado porque pisquei muito durante a viagem. Não estava esperando o que Calvino nos preparou nesse livro. Mas, é uma delícia ler este livro. Gostei muito.
Tem partes muito bonitas e todas as cidades são literalmente incríveis e misteriosamente simbólicas.
Palmas para Calvino! Leitura única! Um estilo inesperado. Adorei!
comentários(0)comente



Bruno Novais 12/07/2015

Um mundo inteiro em um pequeno livro!
Confesso que tive um pouco de preconceito quando folheei este livro, pois percebi que a escrita era bem formal e não é uma literatura que estou acostumado a ler. Porém a maneira que comecei a interagir com ele foi bem diferente, pois o meu grupo de teatro começou a trabalhar com ele e eu comecei a pegar cidades aleatórias e trabalhar cenas inspiradas nessas cidades. Quando me propus a ler o livro da maneira “correta”, obtive experiências diversas, passando por cidades que simplesmente me apaixonei e outras que simplesmente passaram despercebidas. Gosto da maneira que o autor expõe cidades “fantasiosas” que se espelham em nosso cotidiano, destacando muitas vezes coisas que passam despercebidas no nosso dia a dia transformando em uma metrópole. Também adorei os questionamentos e os devaneios presentes nas conversas de Marco Polo com o imperador Kublai Khan, os nomes femininos que rotulam as cidades e a divisão em blocos para as classificações da cidade. Por outro lado, senti que houve cidades que os conteúdos eram muito parecidos e muitas vezes o autor aparentou ficar dando voltas que não chegaram a lugar nenhum, mas foram poucos os casos. No fim, virou um grande material poético e artístico, me motivando a explorar os lugares invisíveis da cidade que eu moro e me colocar no lugar de viajante e descobrir minhas próprias cidades. Recomendo a todos que não tem costume de olhar para o lado e que vivem presos em um mundinho pequeno. Dentro de um pequeno livro, me empolguei a explorar o mundo.
comentários(0)comente



MauricioTiso 18/01/2015

O livro é um diálogo entre o explorador veneziano Marco Polo é o imperador Mongol Kublai Khan, onde Marco Polo narra à Khan a cidades visitadas em seu império.
O que faz desse livro especial é que, ao descrever as cidades, o Autor descreve as múltiplas facetas da personalidade humana e de seus sentimentos, fala da dualidade entre o bem e o mal no mesmo Ser, do Divino e do Profano, da obrigação e do prazer, do medo, da angustia e de toda a complexidade que é o Ser Humano.
Apesar de serem vários trechos curtos, não é uma leitura fácil, pois a mesma leva o leitor a refletir muito e a "sentir" o que realmente aquela cidade é.
Recomendo a qualquer pessoa interessada em questões psicológicas e comportamentais.
comentários(0)comente



jota 08/08/2014

Fantástica geografia
Diomira, Zirma, Fedora, Zobeide, Eutrópia, Laudônia e muitas outras cidades. É Marco Polo viajando no tempo e no espaço pelo vasto império do tártaro Kublai Khan, enquanto vai destacando suas paisagens ambíguas, os comportamentos singulares dos habitantes dessas cidades, as enganadoras aparências urbanas, etc.

São relatos curiosos e ao mesmo tempo poéticos, plenos de simbologia e encantamento e que não dispensam um bom dicionário (a não ser que você seja um sujeito de grande erudição; eu não sou) dada a quantidade de palavras desconhecidas que encontramos em todas as narrativas.

Para melhor aproveitar o livro – que na verdade é bastante curto, como são curtas as descrições de Marco Polo - é preciso que a leitura seja feita vagarosamente, sem pressa, saborear as palavras servidas, imaginar (até onde isso for plenamente possível) a fantástica geografia que vai se desenhando à nossa frente a partir do que o famoso viajante veneziano nos conta. Melhor, conta para o poderoso Kublai Khan.

Calvino, que sempre é muito imaginativo, aqui é mais ainda e então tem horas em que parece que você está lendo Ficções, de Jorge Luis Borges – pode não ser exatamente isso, minha memória pode estar me traindo, mas foi o que senti em certos trechos do livro. Eu não me espantaria se alguma das cidades de Calvino se chamasse, por exemplo, Uqbar – embora elas tenham somente nomes femininos.

E nas páginas finais o grande Khan “já estava folheando em seu atlas os mapas das ameaçadoras cidades que surgem nos pesadelos e nas maldições: Enoch, Babilônia, Yahoo, Butua, Brave New World.” Ligadão na invisibilidade esse Khan. Marco Polo também.

Lido entre 06 e 08/08/2014.
Marta Skoober 29/09/2016minha estante
São contos, Jota?
Pensei tratar-se de uma única novela.




Arsenio Meira 18/05/2014

"a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos."

O viajante de Calvino surge como a possibilidade que a ele se apresenta: guiado pelo desejo de conhecer o outro, o diverso, o imperscrutável. Marco Polo, deste excepcional "As Cidades Invisíveis" é um viajante incansável que percorre sendas fantásticas nas quais é possível transitar pelos mais diversos percursos. Uma coisa é o mapa que serve de referência ao viajante, que ele consulta ao longo do percurso, ou que estuda antes de empreender a viagem.Outra coisa é o mapa que o viajante desenha enquanto viaja.

Na verdade, o viajante experimenta outras direções, outras velocidades e outros repousos, funda outras escalas, isto é, constrói um mapa diferente daquele outro que lhe serve de guia, Compondo um delicado mapa delimitado pela memória de Marco Polo e pelos sonhos de seu imperador Kublai Khan, as cidades de Calvino (é interessante ressaltar que elas trazem inscritas as marcas do feminino, tendo todas nomes de mulheres: Berenice,Teodora, Cecília, Olívia, Isaura...) são mais que lugares fantásticos ou oníricos.

Elas podem ser lidas como verdadeiros espaços de conhecimento, de desejo, de humanidade, de busca.Viajar por essas cidades invisíveis é percorrer um mapa em filigrana, um labirinto-espelho assimétrico e hipertextual, no qual é possível adentrar por diferentes portos e percorrer rotas diversas, alcançando lugares que são sempre vários e sempre os mesmos, espaços mutantes e híbridos que somente se concretizam com o olhar e a presença dos que os percorrem.

Há, pois, o mapa de viagem e o mapa-viajante. É possível que existam diferentes espécies de viajantes. Encontra-se os que planificam a viagem a partir de um mapa pré-existente e “esvoaçam” até à exaustão na esperança de tornarem o seu mapa-viajante o mais semelhante possível com o mapa de viagem que escolheram previamente. Mas existem também os que consultando certamente mapas de viagem se abandonam aos fluxos da viagem, aos imponderáveis do percurso, aos seus acidentes próprios desenhados em sincronia com as contingências da viagem.

O mapa-viajante tem a sua sede no caminho do viajante, não na estrada mas no corpo, nas esquinas dos sorrisos, nos cansaços, nas horas das sedes, na poeira alegre ou triste, nas tibiezas de quem ao certo não sabe, nas luzes das conversas que ficam, no do centro da praça pensante, no caminhar irrefutável. A viagem? De todos. De todos os dias. Um incessante renovar-se ou descobrir-se. Aprimorar o seu itinerário com o outro. Carlos Drummond de Andrade não fugiu ao tema (e qual tema Drummond não adornou?), e em seu poema "O HOMEM; AS VIAGENS', nos forneceu a senha para a portão de embarque às Cidades invisíveis, posto que o mapa inexplorado não pode triunfar:

"[...]
Restam outros sistemas fora
do solar a col-onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver. "
Luis 11/04/2015minha estante
Arsenio, brilhante a sua resenha relacionando Drummond a Calvino. Estou lendo no momento e o seu texto acerta em cheio ao descobrir e apontar toda a poesia nas cidades femininas, como você bem salientou. Guia perfeito para a viagem de sonho de Marco Polo. Como diz um amigo meu, ouro puro. Abração e parabéns.


Arsenio Meira 11/04/2015minha estante
Grande Luis
Valeu, camarada! Os seus comentários, o seu entendimento são sempre lúcidos, mesmo quando porventura dissonantes do meu. Logo, ele são muito mais valiosos do que esses "gostei" que existem nas resenhas. A você, de quem já li todas as resenhas com entusiasmo e contentamento, pois que escritas com legitimidade e ao sabor de um bate papo esclarecedor, nítido, objetivo, leve e profundo,; resenhas que você escreveu com a graça de uma escrita que não descura, e que permitem o diálogo, em função do brilhante conteúdo, o meu abraço fraterno de apreço e admiração.
Arsenio


Ulisses 18/04/2015minha estante
arsenio meu caro vc por aqui!? vou começar a ler hoje,


Arsenio Meira 24/04/2015minha estante
Opa Ulisses,
Espero que tenhas ou que estejas gostando.
Abraços




Mônica Helena 27/04/2014

Vivi junto com Marco POLO cada aventura, gostei de conhecer cada cidade. Quando achei que a minha viagem acabou me enganei pois ela continuaria no decorrer das aulas de literatura imaginária.
comentários(0)comente



Caroline Gurgel 19/01/2014

As eternas-sempre-atuais cidades de Calvino
Li As Cidades Invisíveis há quase dez anos na faculdade de Arquitetura e Urbanismo e, apesar de aqui e acolá lembrar-me de quão boa e intrigante fora sua leitura, jamais parei para relê-la. Recentemente, lendo As cidades de Papel, de John Green, tive vontade de reviver as tais fantasiosas cidades de Calvino e fiz a releitura. Não me entendam mal, John Green faz apenas uma leve crítica à superficialidade das cidades, de suas fachadas e seus habitantes, mas é um livro de ficção juvenil que em nada lembra Calvino.

O livro foi publicado em 1972, mas parece que suas histórias jamais se perderão no tempo e, por ser variável no imaginário de cada leitor e dar brechas a diversas interpretações, será sempre atual. Se há dez anos vi apenas cidades, hoje vi um pouco além e tento imaginar o que verei nas próximas vezes. Sim, é um livro para se reler e ser reinterpretado a cada vez, pois ele acompanha as mudanças das cidades tanto quanto nossas opiniões sobre elas.

Calvino apresenta suas cidades através do explorador Marco Polo, que, em conversas com o imperador mongol Kublai Khan, descreve 55 cidades pelas quais ele supostamente teria passado. As cidades têm nomes de mulheres e seus relatos são curtos e divididos em 11 partes: as cidades e o nome, as cidades e a memória (a que mais gosto!), as cidades e o desejo, as cidades e os símbolos, as cidades delgadas, as cidades e as trocas, as cidades e os olhos, as cidades e os mortos, as cidades ocultas e as cidades e o céu. Podem parecer tratar de distintas cidades, mas ao final é como se elas se completassem e se conectassem entre si.

Admito que algumas delas estão além do alcance de minha imaginação e não as entendi completamente nem consegui relacioná-las com as existentes de tão fantasiosas que são. Ou talvez esse seja o propósito, enxergar algo diferente, dependendo das circunstâncias, a cada leitura.

**

“Eu falo, falo, Marco diz, mas quem me ouve retém somente as palavras que deseja. Uma é a descrição do mundo à qual você empresta a sua bondosa atenção [...] Quem comanda a narração não é a voz: é o ouvido”.

“Imagens memoráveis, uma vez postas em palavras, são apagadas”.
comentários(0)comente



José Ricardo 14/01/2014

As cidades, as pessoas e a vida
O livro de Calvino consiste num conjunto de metáforas. Tem como ponto de partida os relatos de Marco Polo ao Imperador Mongol Kublain Khan sobre as cidades que já visitou. Ao longo do texto, são mencionadas um total de 55 cidades.

Sucede que as cidades não são "cidades", tampouco "invisíveis". São pessoas e a forma como estas se relacionam entre si e com o mundo.

"As Cidades Invisíveis" é uma obra para ser lida e relida; várias vezes. A cada nova leitura, novos significados, antes ocultos, eclodirão. Assim, a obra não tem fim. Além disso, cada leitor emprestará significados próprios e particulares sobre as cidades mencionadas, conforme seus valores e experiências de vida. Isto fica claro quando Polo, ao se referir à cidade de Tamara, diz: "os olhos não veem coisas, mas figuras de coisas que significam outras coisas"; ou, ao falar sobre a cidade de Despina, afirma: "a cidade se apresenta de forma diferente para quem chega por terra ou por mar".

Ou seja: "jamais se deve confundir uma cidade com o discurso que a descreve", como alerta Polo ao discorrer sobre a cidade de Olívia.

Em "As Cidades Invisíveis" - e não só -, "quem comanda a narração não é a voz; é o ouvido".

Como se pode constatar, o livro tem elevado teor reflexivo. Nele são abordados temas variados, como desejos, memória, fé, velhice, morte ou ausência de uma vida analisada.

Imperdível.

comentários(0)comente



Valério 03/01/2014

Uma viagem
O livro é um bocado surreal. Fantasioso, interessante em alguns pontos. Mas não me convenceu. Li "Se um viajante numa noite de inverno", do mesmo autor. Também um bocado surreal, mas achei bem mais interessante. Não apenas na concepção, como no estilo e no enredo.
Há quem poderá me atirar pedras por não ter gostado tanto deste livro. Mas uma das belezas da literatura é um mesmo livro poder agradar tanto alguém desagradando outrem com gostos parecidos.
Marco Polo descreve a Kublai Khan diversas cidades imaginárias, cada uma com uma característica peculiar. Talvez eu pudesse ter "viajado" mais na história. Quem sabe se um dia animar a reler?
Flávia 03/09/2017minha estante
xi... acabei de por na minha meta! confio bastante nas suas resenhas, acho que se não fosse nossa última discordância (que me fez ver q sempre haverá divergências, msm qdo há gde afinidade) acabaria por tirar... tô pra perder tempo com "livro ruim" não... ultimamente andei errando a mão com alguns livros consagrados. mas este é fininho, acho que vou encarar.




Hudson 24/07/2013


Um livro diferente, em tudo pode-se dizer que é uma das leituras também mais diferentes que uma pessoa poderá fazer, é um livro que te faz pensar em cada momento, imaginar construir e desconstruir realidades, as narrações as coisas o livro a todo momento nada afirma mas diz tudo como se fosse a maior verdade, Calvino sem dúvida fez uma excelente obra.



A leitura é muito fácil e descontraída embora haja colisões de realidades e fatos passado e presente algumas vezes não deixam a história encaixar perfeitamente cidades com aeroportos, radios e coisas que não existem á epoca dos narradores, talvez isso seja um recurso para misturar passado e futuro ou outra figura semiótica de calvino que quer retratar as relações temporais das cidades, dos fatos ou das pessoas, de forma diferenciada, acho que isso ficou um pouco obscuro ou melhor estará pedindo uma releitura!



Sem dúvida estamos diante de uma das melhores e mais agradáveis obras do século XX, onde se reinventou um estilo de escrever sobre viagens, cidades e pessoas tudo de uma forma brilhante e o melhor de tudo nada imposto pelo autor, ele apenas te dá as diretrizes para que você possa formar as coisas do seu jeito, uma característica genial que faz do livro único e que merece sem dúvida nenhuma a leitura.
comentários(0)comente



Candiani 03/05/2013

As cidades invisíveis
"Quem comanda a narração não é a voz: é o ouvido." [pg. 123]

Ítalo Calvino, nessa coletânea de textos curtos, assume o papel de narrador que foi atribuído a Marco Polo com o objetivo de relatar ao Imperador Kublai Khan as viagens que fazia pelo seu império e descrever as cidades que encontrava.

Nunca tinha lido nada parecido, os textos mesmo sendo curtos, conseguem submergir em um oceano de reflexões impressionantes, no próprio encarte já alerta o fato que "não se deve devorar As Cidades Invisíveis com a avidez de querer saber o que vai acontecer depois, mas saborear lentamento cada texto em si mesmo..." e óbvio, cada texto possui sua singularidade, mas alguns possuem a característica de fazer você ficar refletindo após lê-lo, mesmo que passe adiante, você fica com aquela mensagem/passagem na cabeça.

"Chega um momento da vida em que, entre todas as pessoas que conhecemos, os mortos são mais numerosos que os vivos. E a mente se recusa a aceitar outras fisionomias, outras expressões: em todas as faces novas que encontra, imprime os velhos desenhos, para cada uma descobre a máscara que melhor se adapta." [Pg. 90]

Outro aspecto que é impossível de se passar despercebido é a preferência do Imperador pelas narrações de Marco Polo, já que ele ressalta em suas histórias, aquilo que vai além de um censo da população, da estrutura do governo ou da arquitetura da cidade, ele consegue abstrair a essência da cidade, aquilo que ela é em sua forma holística.

A edição que li é a da Companhia das Letras, com capa bem simples e o título mais parecendo uma linha de referência bibliográfica de uma dissertação do que um título propriamente dito.
"A mentira não está no discurso, mas nas coisas." [Pg. 60]

Para quem quiser se adentrar mais, aqui tem uma resenha que detalha os tipos das cidades que o autor descreve e traça uma analogia mais profunda entre elas e seus tipos, não vou entrar nesse mérito, porque esse não é o meu objetivo. :)

E para finalizar a passagem que mais me surpreendeu:

"O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá." [Pg. 29]
Sendo nós os "viajantes" e o "pouco que é seu" a nossa personalidade, somos, então, aquilo que não possuímos. Nos construímos em volta daquilo que não conquistamos ou conquistaremos e em contrapartida, automaticamente fazemos parte daquilo que não faz parte de nós.
comentários(0)comente



188 encontrados | exibindo 151 a 166
1 | 2 | 3 | 4 | 11 | 12 | 13