spoiler visualizarAmanda 08/10/2022
Opiniões sinceras e desnecessárias pra eu me lembrar.
Quando eu comecei a ler A Menina Submersa, a minha expectativa era a de passar da página quinze, onde eu vivia estagnada em todas as tentativas de leitura. De certa forma, minha história com o livro pareceu fazer sentido com o que conta a Imp ? começou há muito tempo, mas estamos tratando do agora.
A primeira ideia que se tem é a de que o mais importante é aprender a subtrair a parte factual, desmistificar a mente da protagonista e subverter em verdades reais e aplicáveis ao mundo. Como qualquer cético, acreditar nas histórias de lobos e sereias parece uma má ideia. Eu diria que é porque o livro traz certa noção de realidade que nos desencaminha do lúdico. Não sei dizer bem. Mas eu senti que, ao longo das páginas, meu compromisso mudou: se antes eu queria ler através dos fatos, agora eu queria me empenhar em ouvir a história que a Imp contava. As histórias. Eu senti que não gostaria que houvesse apenas uma verdadeira.
Ao longo da leitura, descobri que é o perfeito retrato da mente humana. Imp, como qualquer pessoa, é alguém que luta com os pensamentos e com o desenvolvimento da memória. Estamos sempre presos entre imaginar o que é a realidade e o que foi nossa criação. Sentimentos e memórias antigas, de repente, podem parecer não ter existido. Não sabemos se inventamos o que vivemos ou se realmente existiu. Por vários momentos, me peguei pensando na casualidade de não saber se uma memória de infância foi real ou mera imaginação.
As personagens são cativantes e há tempo para conhecê-las ? tanto dentro da mente de Imp quanto o que podemos imaginar que realmente são. Ao final do livro, desejamos que não houvesse qualquer fim. A autora fez um trabalho excelente em descrever sanidade e insanidade, ao ponto de que o leitor é capaz de perceber as oscilações e, como um psiquiatra ou melhor amigo, diagnosticar o momento da narração.
Os questionamentos morais e lúdicos são incríveis. Eu diria que essa é uma daquelas leituras de fantasia que vão ser sempre atuais, quase factuais. Imp estava certa em todos os pensamentos que afastam a verdade da mentira. Por fim, tenho que dizer que foi excelente.
"Eu poderia passar o resto da vida negando, sempre evitando o que me deixa pouco à vontade por medo de despertar pensamentos incômodos, perturbadores, assustadores. Eu poderia fazer isso, certo? Eu sempre poderia chamar algo de uma coisa quando, na verdade, ela é seu exato oposto. Muita gente faz isso e parece funcionar para elas, então por que diabos não funcionaria para mim?" (página 75 ? minha marcação favorita).