Davi Busquet 07/02/2021
Labirinto de ideias
Paredes que mudam de lugar, corredores intermináveis, a dúvida em cada curva, e a aparente calma da companhia alheia minada pela amnésia imposta num lugar de mistérios e horrores. A noção de um labirinto de cobaias, apresentada logo no primeiro livro dessa magnífica série, não se limita apenas a paredes, corredores e curvas, mas também à trama da série como um todo — que pulsa e chama o leitor para a reflexão, com altos e baixos, traições e alianças —, sempre mergulhada em uma constante aura de suspense e ação.
Ao começar a leitura dessa série, quando então o leitor então toma conhecimento do labirinto sombrio onde os personagens se encontram, não é possível imaginar a quantidade de segredos e reflexões que se desenrolarão em apenas alguns dias do tempo da história. A narrativa inteligente de James Dashner consegue manter o leitor no escuro tão bem quanto seus personagens, estes acometidos de uma inexplicável amnésia.
Tão perdido quanto os Thomas e seus amigos, o leitor tem a sensação de estar sendo guiado no escuro, tão impotente quanto um rato que só enxerga a próxima parede, ou o próximo parágrafo. As recorrentes cenas de ação acontecem sempre no agora, de maneira abrupta e imediata, porém sem nunca deixar de criar expectativa futura, que parece jamais ser satisfeita, por mais que a trama se desenrole e segredos sejam revelados.
Ao longo de 6 livros, e depois de conhecer tudo que fora revelado nessa grande aventura pós-apocalíptica, o leitor terá a ilusão de saber todos os segredos por trás do labirinto, dos experimentos do CRUEL e do vírus Fulgor, apenas para, logo em seguida, sofrer com a desilusão catastrófica engendrada por um pequeno e simplório parágrafo. James Dashner não perdoa. Para ele, todos (personagens e leitores) não passam de ratos no labirinto de sua sensacional narrativa.
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