Vanessa.Sardenberg 07/12/2022
Cara, eu queria muito ter lido esse livro quando eu tinha uns 13 ou 14 anos ao invés de poluir minha cabeça com fanfics. É um livro juvenil que mesmo tendo 20 anos na cara fez eu me divertir demais sendo narrado por crianças de 12 anos que estão na fase de deixar de brincar de bonecos para a fase de ter seu primeiro amor, se enturmar com os colegas, começar a preocupação em se encaixar e o medo de crescer.
Apesar de ser juvenil, a história da boneca e o mistério por trás dela é bem sinistra. Os três personagens principais são muito bem construídos, pausa para a REPRESENTATIVIDADE e a constituição familiar, educacional e econômica de cada um e como isso influencia o enredo e a personalidade deles. Poppy: aventureira, destemida que também esconde seu lado inseguro consigo mesma, uma família grande que não dá atenção suficiente, tornando-a de certo modo egoísta e teimosa. Alice: órfã que vive com a tia e avó que ela encara como pessoas que a mantém em redias curtas, não têm tanta empatia com suas necessidades e sentimentos, torna-a uma menina forte e madura, ao mesmo tempo ansiosa e temperamental. Zach: abandonado pelo pai que volta anos depois, sente-se confuso em ter que adotar certas etiquetas que antes eram ignoradas, é um rapaz inteligente, dedicado e justo, ao mesmo tempo precipitado, triste e fechado. Do início ao fim guarda suas mágoas para ele.
Outra coisa que achei sensacional: a forma que o pai de Zach é construído e mostra a mudança de comportamento dele para com seu filho assim como a forma que Zach passa a vê-lo. A forma que é obrigado a "crescer" de forma brusca e como isso o aflinge, assusta e magoa não ter sido sua decisão, e sim a do pai.
Para fechar, a questão da boneca ser ou não ser um fantasma, o não diagnóstico e a abertura a interpretações durante o livro deixa tudo mais interessante. Agora, a frase mais impactante do livro para mim:
"-Você não entende. Não pode existir um fantasma de verdade. Porque, se existir, então uma garota qualquer está assombrando a Poppy, mas os meus pais mortos nem se dão ao trabalho de voltar e me assombrar"