Quarenta dias

Quarenta dias Maria Valéria Rezende




Resenhas - Quarenta dias


99 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Michele 05/07/2022

ALICE SEM MARAVILHAS
Li o livro da autora intitulado “Quarenta Dias”, que traz a história de Alice, uma mulher de aproximadamente sessenta anos, paraibana, professora, mãe de Nora. Alice é ativa e não está interessada em abandonar suas atividades tão cedo. No entanto, a filha a convence a ir morar em Porto Alegre onde ela reside com o marido a fim de auxiliá-la com o filho que pretende ter em seguida. Largar tudo e virar avó? Esse pode o ser o sonho de algumas mulheres ao chegar em tal idade, mas não é o sonho de todas e definitivamente não é o sonho de Alice. Quando forçosamente chega na capital gaúcha, Nora informa a mãe sobre uma mudança de planos: ela e o marido terão de passar uma temporada na Europa à trabalho. Alice ficará sozinha em terra estranha. Isso em si já seria problema o bastante, mas a protagonista receberá, ainda, um pedido de ajuda de uma amiga. Ela deverá encontrar Cícero Araújo, um paraibano que veio a Porto Alegre e não deu mais notícias à sua mãe.
O romance permite leituras sob o viés de diferentes camadas. Podemos comparar a jornada de Alice com a da personagem de Lewis Carroll, seguindo um coelho, ou pior, sempre despencando em um buraco. Podemos, ainda, analisar a técnica narrativa utilizada: todo o livro é composto pelos desabafos da protagonista que escreve em um caderno com a imagem da Barbie na capa, fazendo da boneca a sua ouvinte. Podemos encarar a narrativa sob um ponto de vista mais linguístico em que, por muitas vezes, a protagonista discute sotaques ou palavras que se perdem com o tempo, além de a própria escrita com a qual nos deparamos ser fora de padrões quanto à pontuação por exemplo. Podemos também levar em conta as questões regionais, as diferenças de cultura entre cidades tão distantes localizadas no mesmo país. Maria Valéria discute estereótipos, os porto-alegrenses branquinhos e os nordestinos “brasileirinhos”, ilusão que vai se desfazendo á medida que Alice vai entrando nas vilas-favelas de Porto Alegre.
O título “Quarenta Dias” se refere ao fato de Alice, na busca do seu conterrâneo, acabar saindo de casa e passando todo esse tempo peregrinando pelas ruas, praças, vilas e outros pontos da cidade. Para revelar a vida de pessoas em situação de rua e os pontos obscuros da capital gaúcha, a autora vivenciou a mesma experiência da sua personagem. Maria Valéria Rezende passou quinze dias nas ruas de Porto Alegre e, assim, deu vida e veracidade à sua ficção. Com certeza, um diferencial corajoso que deixa essa obra ainda mais especial.
comentários(0)comente



Leila de Carvalho e Gonçalves 18/06/2022

A Alice No País Das ?Desmaravilhas?
A paraibana Alice, professora aposentada, é quem narra "Quarenta Dias", romance vencedor e Livro do Ano do Prêmio Jabuti 2015. No formato de um diário, trata-se de um desabafo que começa, quando ela deixa João Pessoa e vai morar a contragosto em Porto Alegre onde sua filha, já casada, está concluindo os estudos. Uma decisão tomada após uma bem armada conspiração familiar cuja missão foi convencê-la a assumir os cuidados de um neto que ainda está para ser concebido, afinal, Norinha não tem tempo para ser mãe em período integral. Entretanto, o convite para uma temporada de estudos em Paris, não só adia a gravidez como faz a candidata a avó ser deixada para trás.

Sua confidente passa a ser uma boneca Barbie estampada na capa do caderno onde Alice escreve com uma linguagem própria, que prima pela criatividade e o linguajar nordestino, seu desabafo. Cada capítulo abre com uma citação de um escritor que complementa o sentido do texto e termina com uma ilustração que aponta para a nova direção da narrativa. Outra característica é a ausência do ponto final em alguns parágrafos, que deixa a ideia em aberto, permitindo diferentes abordagens interpretativas.

"Diga-me, Barbie, você que nasceu pra ser vestida e despida, manipulada, sentada, levantada, embalada, deitada e abandonada à vontade pelos outros, você é feliz assim?, você não tem vergonha?, eu tenho vergonha de ter cedido, estou lhe dizendo, vergonha"

A partir daí, a reação traumática de Alice ao abandono eclipsa o interesse. Com o pretexto de encontrar o paradeiro de um imigrante paraibano para uma mãe sem notícias, ela mergulha num mundo das "desmaravilhas", reportando-se a sua xará, a inglesinha criada por Lewis Carroll que reage contra às regras e à lógica dos adultos. Enfim, desconstruindo-se para poder se reconstruir, a personagem percorre uma inóspita cidade de fio a pavio, de sol a sol, descobrindo como é fácil tornar-se invisível e desaparecer para sempre.

"Eu nem percebi, naquele dia, quando saí atrás de um quase imaginário, um vago Cícero Araújo, que estava, na verdade, correndo atrás de um coelho branco de olhos vermelhos, colete e relógio, que ia me levar pra um buraco, outro mundo. Também, que importância tinha? Acho que eu teria ido de qualquer jeito, só pra cair em algum mundo?"

Valéria Resende, a autora, trata de temas difíceis como a questão identitária, o choque cultural, o conflito de gerações e o processo do perdão, exibindo a violência e a segregação numa cidade moderna e pretensamente cosmopolita. Sem dúvida, esse é um romance perturbador e indigesto que atrai a atenção para o Brasil que vivemos e aquele que estamos construindo.

?Eu descobria que o mundo era feito em grande parte de gente desaparecida, que não deu mais notícias e gente desesperada atrás ou a espera conformadamente pelos sumidos?

Merecido sucesso. Parabéns, Valéria!
V_______ 21/06/2022minha estante
Estava doido para ler esse livro, agora com essa resenha a vontade só aumentou.




Monique Rochneski 02/06/2022

Confesso que demorei a engrenar nessa leitura, com gosto de biografia imaginaria nós faz refletir o que leva cada ser humano a se colocar em situações que imaginamos impensadas ou indesejada.
comentários(0)comente



Leilane 03/05/2022

Quarenta Dias foi uma grata surpresa. Comecei sem expectativas, mas a história foi me envolvendo numa crescente. Sentirei saudades de Alice.
comentários(0)comente



Naiara.Martins 01/02/2022

Um sopro
Que delícia de Livro! A Alice, que se mudou para Porto Alegre a contra gosto por exigências da filha, vai conhecendo a cidade de uma forma real e intensa. Um tapa na cara da sociedade que passa por cima dos invisíveis todos os dias. Poderia ser qualquer uma das grandes cidades brasileiras: as histórias de abandono, perda, esquecimento, se repetem e se repetem. Maria Valéria traz uma escrita diferente, um diário que é uma declaração, um vomitar de palavras. Uma obra prima!
comentários(0)comente



Michele 21/01/2022

Ouviu tudo, Barbie?
Eu já esperava gostar da Maria Valéria Rezende, mas não imaginava o quanto. É ótima a sensação de ter as expectativas superadas, de conhecer mais uma autora nacional que encanta e que deixa um gostinho de quero mais.
comentários(0)comente



mardelivross 16/01/2022

Gostei muiito deste livro!
Escrito em forma de diário, a protagonista nos insere no seu universo íntimo e doloroso!
comentários(0)comente



@wesleisalgado 08/01/2022

A odisseia de Alice
A premissa me ganhou, afinal quando criança quem nunca imaginou como seria a vida em casa de um professor que estava em sala de aula com você? Figuras que estavam em pedestais durante minha infância.

Acompanhamos aqui as desventuras de Alice, uma professora aposentada, narradas em forma de diário e escritas em um caderno com a capa da Barbie. De sua saída do estado de Paraíba para a cidade de Porto Alegre, coagida por uma filha egoísta e ingrata. Na cidade de Porto Alegre, a mesma se coloca em uma odisseia em busca do filho de uma amiga do nordeste, que pode ou não existir.

Os quarenta dias do título diz respeito aos dias de rua a que Alice se sujeita na busca por Cícero pela cidade de Porto Alegre, porém somente dois dias são narrados na íntegra, o que fez com que eu me sentisse bastante enganado como leitor.

Foi muito fácil imaginar a narradora como várias professoras de português que tive ao longo da vida, e lembro com carinho. O que me faz relevar alguma falta de brilho que a história possuí durante as 250 páginas. Torço pra que alguma professora minha tem tido a empolgação da Alice durante o livro em algum momento de sua vida.

Resenha nº 3 do desafio skoob 2022.
@wesleisalgado 08/01/2022minha estante
Correção resenha nº 4 de 2022




Dri 06/01/2022

O misto de humor, solidão e desespero e abandono...
Alice é uma professora aposentada que teve a vida revirada ao avesso, ao ceder as vontades da única filha. Mudou-se da Paraíba para Porto Alegre e, no processo, encontrou um velho caderno da Barbie, o qual transforma em diário.

Cada capítulo é como uma carta à personagem, na tentativa de externar pensamentos e sentimentos que tanto a incomodam.

Suas aventuras e lembranças de misturam, se entrelaçam, criam novos sentidos, mudam prioridades, transformam.

Apesar do início confuso, a cadência das palavras da autora traz conforto e nos vinculam com a personagem gradativamente, mesmo não sendo uma narrativa "feliz", há uma certa leveza no modo de expressar.

Consigo imaginar, o misto de emoções que a transição da idade, carreira, filhos, cidade, pode provocar e desestabilizar.

A solidão da Alice, bem como os conflitos entre o modo como foi criada e sua nova realidade são evidentes. Resistência a mudanças, o dilema entre as próprias prioridades, o abandono afetivo, dentre outras facetas que fazem parte do envelhecimento trazem a reflexão de como tratamos os idosos que nos são próximos.

Privados do direito de seguirem com a própria vida, como um retorno à infância e a tutela de outro, como se não fossem mais capazes de decidirem o que desejam, me despertam os meus próprios dilemas internos. Aquela premissa de ter medo da morte não me pertence, porém, a cada dia mais, temo o envelhecimento.

Curiosamente, a autora traz um toque de humor, durante as aventuras vividas; de desespero, de ver a proporção que aquilo tudo chegou e por ela aparentar nunca voltar para casa; de ódio, pela filha "desnaturada", que fez tudo o que fez.

O relato da personagem é tão real, possível e brasileiro que parece, de fato, que a protagonista existiu. Da pra formar a imagem perfeita, incluindo a voz e o sotaque.

O que não gostei no livro é que todo o contexto dele aparenta ser de uma mulher muito mais velha, uns 20 anos além da idade citada. E por mais que o final aberto tenha sido à contento, queria ter visto uma exploração maior de perspectivas do relacionamento futuro dessa mãe e filha, além de desejar notar quais marcas impactariam nas decisões futuras de Alice. Ainda sim, amei a leitura e recomendo! Talvez por isso tenha ficado com a sensação de quero saber mais.

E você, já leu este ou alguma obra da autora? Se sim, qual considera o melhor livro dela?
comentários(0)comente



Carol 27/12/2021

O hit
Primeiro livro brasileiro e de leitura obrigatória de vestibular que eu gostei! Muito bom mesmo! Fácil de entender e bem acessível para quem não está habituado à leitura! Super recomendo!
Gabriel.Krieser 04/01/2022minha estante
Também li ele para o vestibular rsrs




DeboraCatanante 12/09/2021

Quarenta Dias
Alice, uma professora de João Pessoa aposentada, só quer descansar, aproveitar a vida e suas conquistas, porém é praticamente obrigada a mudar-se para Porto Alegre quando sua filha decide que quer ser mãe e diz necessitar da ajuda da mãe. Alice não gosta de Porto Alegre, não quer mudar para um lugar desconhecido e frio. Quando ela chega em Porto Alegre, percebe que deixou sua alegria, seu coração, sua vida em João Pessoa. Ela se sente infeliz e perdida. E para piorar, sua filha lhe dá um golpe, vou dizer um golpe, porque fiquei chocada, fazendo com que Alice fique sozinha em uma cidade que ela não conhece e nem deseja conhecer.

Em meio a seus devaneios e angústias, ela recebe uma ligação da irmã dizendo que o filho de uma conhecida está desaparecido em algum lugar dali, e essa busca lhe dá um propósito, logo, Alice se joga em uma busca que a levará à beira da insanidade por quarenta dias.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Egberto Vital 05/09/2021

Um dos melhores livros que li esse ano, sem dúvidas. Também, pudera... É de @mariavaleria.rezende, autora do maravilhoso e inesquecível "O Voo da Guará Vermelha".
Em "Quarenta Dias" acompanhamos a "epopeia" de Alice, uma mulher que é forçada, pela filha, a deixar sua vida pacata em João Pessoa para viver em Porto Alegre, com a justificativa de precisar ficar perto da família e ajudar a cuidar do neto que está por nascer. No entanto, ao chegar na nova cidade, Alice se depara com um espaço que lhe é estrangeiro e eventos levam a uma ruptura da expectativa criada pela filha quando do convite a mudar de lugar.
Nesta obra, seguiremos a saga de Alice em Porto Alegre, ao se encontrar com a solidão, o abandono parental e busca por uma descoberta de si.
Ao saber do desaparecimento do filho de uma amiga, ela segue em busca do rapaz (que não se sabe se realmente ainda está na capital gaúcha) e se envolve em uma narrativa particular que acaba dialogando com outras narrativas que vão aparecendo em seu entorno, em que o nomandismo é o fio condutor da sua trajetória, parte do processo de individuação da personagem ao longo da obra.
De forma magistral, Rezende intertextualiza sua narrativa com a da Alice de Carroll, em um "país das maravilhas" às avessas em que o "Coelho Branco" (aqui metaconstruído em Cícero Antônio) a leva pelos meandros de diversas histórias que vão construindo a nova narrativa da vida de Alice.
Recomendo demais essa leitura.
comentários(0)comente



Lucikelly.Oliveira 04/09/2021

Ai, ai, Alice
A protagonista do livro sai da Paraíba para o Rio Grande do Sul a contragosto por pressão da sua filha e chegando ao sul do país ao se vê sozinha e com saudades de sua terra Natal ela sai em busca de conterrâneo pedido, filho de uma amiga.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



99 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR