Natalhovisk 14/08/2014
Porque a língua escrita é mais forte do que qualquer outra...
Uma resenha que não é bem uma resenha....
Muitos vão me achar louca com relação a frase acima. Mas é a mais pura verdade. Acredito sim que o que é dito através da linguagem falada é impactante e fixa-se na mente de alguma maneira. Mas tem algo muito mais impressionante e apaixonante na língua escrita.
Nossa língua é rica. Capaz de expressar os mais diversos tipos de sentimentos e sensações através de uma simples frase. Por mais que o visual seja algo fixável em nossa mente, a língua escrita chega mais fundo. Ela vai ao coração.
Ao ler o que está escrito, nossa mente viaja por todos os sentidos imagináveis e inimagináveis, e muitas vezes, conseguimos ter a sensação de que o sentimento é palpável e real. Que está bem ali do nosso lado, perto o suficiente para soprar em nossos ouvidos, algo que estávamos esperando ansiosamente para ouvir.
Mas o que isso tem a ver com livro que li?
Querida Sue não é um livro qualquer. A principio não levei muita fé, e posso garantir, que até a página 20, 25, fiquei receosa quanto a sua proposta. Principalmente por ser todo, note, TODO, escrito em cartas. Conversas fluidas em papeis que viajam pelo mundo, desde uma ilha pequena na Escócia, a vários outros países do mundo. Dois jovens apaixonados pela vida, por poesia, livros e pela busca incansável da felicidade.
Claro, é um romance. Um amor entre um homem e uma mulher que é capaz de viajar no tempo, em papéis, selos, correios e corações. É um amor tão forte, tão expressivo, inteligente e nobre, que nem as duas guerras que atravessa é capaz de apagar. Senti todas as emoções de Elspeth, David, Finlay, Iain, Margareth e todos os outros personagens envolvidos nesse livro. Não concordei com algumas coisas, principalmente pela desconsideração que Elspeth tem por Iain, mas mesmo assim, no final, fui capaz de entender um pouco tudo que a motivou a fazer o que fez.
Mas algo me chateia e muito e foi algo que permaneceu em minha mente, desde que entrei de cabeça na história: como as pessoas desconsideram a nossa língua. É impressionante a negligência que se tem hoje em dia com relação a se expressar. Não usamos mais cartas para nos corresponder e acho que isso foi o que me fez sentir mais falta (louca, eu sei. Pra que mandar carta para um amigo que mora a um bairro de distancia? Mas, se você está se fazendo essa pergunta, não entendeu o que quis dizer). A internet, os telefones, e-mails e por assim em diante, são ótimos para muita coisa, mas nossa dependência com relação a eles é alarmante. Hoje, se pararmos para pensar, perder essas tecnologias seria como arrancar um pedaço da gente.
Metade da população, principalmente a brasileira, não tem noção nenhuma de se expressar através do papel (e redações de vestibulares e OAB que o digam). As mensagens instantâneas, como Messenger, whatsapp e tantos outros, são de bom grado recebidos, mas qual a consequência dessa dependência? Já vi gente sentada em uma mesa de bar, todos com seus celulares de ultima tecnologia, sem falarem nada. Adolescentes em uma roda conversando através do celular – qual a ideia então de ficarem todos em volta de uma roda, sem ninguém abrir a boca pra falar?.
Elspeth e David acabaram mostrando (na verdade, a própria autora Jessica Brockmole) que, ao estarmos próximos das pessoas que amamos, precisamos aproveitar nossos momentos para dizer o que sentimos. Que quando estivermos longe, não deixarmos de nos comunicar com elas, seja por qualquer meio possível – e quem sabe não por cartas? Afinal, o correio de hoje é muito melhor do que de 1915 e 1940, rs. E que o amor sim, é capaz de vencer qualquer obstáculo. Não importa qual!