Psychobooks 03/09/2014
Classificado com 3,5 estrelas no Psychobooks
O livro "As Mulheres do Nazismo" me chamou atenção logo pelo título, já li alguns livros que se passam na II Guerra Mundial, mas eles falam majoritariamente sobre os homens nazistas, comecei a leituras com altas expectativas, sabendo que iria encontrar um texto de não-ficção.
Após a derrota da Alemanha na I Guerra Mundial, havia um sentimento patriótico e um fervor nacionalista crescente em todo país. As mulheres viram no partido nazista a oportunidade melhorar de vida, depois da experiência da guerra anterior, elas achavam importante ter sua própria profissão.
A autora abre o livro relatando ao leitor um pouco sobre a vida de algumas personagens antes de se filiarem ao partido nazista. Enfermeiras, professoras, secretárias e amantes são as protagonistas desse livro, mulheres que não tinham em sua profissão o dever de matar pessoas, mas ainda assim foram assassinas cruéis.
Mesmo as mulheres que não trabalhavam para o governo tiveram uma participação ativa na guerra, elas formavam grupos e denunciavam judeus, ou mesmo desafetos, qualquer pessoa poderia ser acusada de vagabunda, sabotadora, marginal ou antissocial.
"(...) Uma ditadura não requer uma grande força policial de serviço secreto quando os vizinhos se prestam a fazer o trabalho de vigilância, por medo, conformismo, fanatismo ou rancor. (...)"
Página 34
Essas mulheres acreditavam com fervor em tudo o que o nazismo defendia, muitas delas ficaram felizes ao deixarem os homens tomarem as rédeas da situação, o governo pregava que o feminismo era coisa dos 'judeus' e precisavam 'emancipar as mulheres da emancipação feminina'. A contribuição mais valiosa da mulher para o nazismo era a maternidade, a perpetuação da raça ariana. É claro que elas poderiam casar-se apenas com alemães e terem filhos saudáveis. As mães eram encorajadas a encaminhar seus filhos com algum tipo de deficiência física ou mental para as clínicas especializadas.
A 'Solução Final' era pregada como um ato misericordioso, principalmente para as enfermeiras que trabalhavam em hospitais. Elas não eram obrigadas a matarem pacientes, mas as que aceitavam o trabalho assinavam um documento de sigilo. Doentes mentais, físicos e muitas crianças foram mortas pelas mãos de mulheres que deveriam estar cuidando deles. Aproximadamente 400 instituições médicas realizaram operações assassinas de avaliação de seleção racial, experimentos, esterilização, inanição e envenenamento.
Grande parte das mulheres que conseguiram um emprego no governo. Não imaginava os horrores que testemunhariam ou fariam. O choque logo ao chegar no Leste foi grande, algumas ouviram conversas sobre as mortes de judeus ainda no trem, enquanto outras só encaravam a realidade ao chegarem em seu posto de trabalho.
"(...) Centenas de milhares de alemãs foram para a ocupação nazista do Leste, ou seja, para a Polônia e os territórios ocidentais de que por muitos anos foi a URSS, inclusive as atuais Ucrânia, Bielorrússia, Lituânia, Letônia e Estônia, e eram de fato partes integrantes da máquina mortífera de Hitler."
Página 15
A autora também conta um pouco sobre a vida de algumas mulheres como Liesel Wilhaus, que mudou-se com seu marido para a Polônia e atirava em judeus que trabalhavam em seu jardim, tendo a filhinha como testemunha, isso sem contar os espancamentos praticados contra os funcionários de sua casa. Erna Petri, que ao ver crianças judias fugindo do trem, levou-as para casa, alimentou-as e as enfileirou em frente a uma cova e atirou na nuca de cada uma das delas. Lisolette Meier, secretária-concubina de Hanweg, deu a ordem para matar 16 judeus que chegaram atrasados ao trabalho, e participava de caçadas dominicais onde os alvos eram os judeus que por causa da fome e frio caminhavam lentamente na neve. Johanna Altvaver costumava a testemunhar os massacres, mesmo que sua presença não tivesse sido exigida, ela também atraía crianças com doces para matá-las em seguida com um tiro ou simplesmente batendo suas cabeças no chão ou na parede, em uma visita à enfermaria jogou várias crianças pela janela e escada.
Concluindo
O principal objetivo do livro foi retratar mulheres que tiveram participação ativa na guerra, suas possíveis motivações e a 'impunidade' após serem julgadas nos tribunais. Poucas mulheres foram levadas a julgamento, a maioria das que foram julgadas tiveram o veredito de inocência por ocuparem baixos cargos dentro do governo ou por falta de prova, mesmo contando com a acusação de muitas testemunhas.
O livro é marcante, foi a primeira vez que parei para pensar no papel da mulher que agiu ativamente contribuindo para o holocausto. No entanto, a forma como a autora estruturou seu livro ficou um pouco confusa e por vezes repetitiva, deixando o ritmo de leitura mais lento. Ainda assim, recomendo a leitura para quem gosta do tema e está preparado para ler não-ficção.
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