Ju 15/06/2014
O fim é apenas o começo
(...) sempre, e para sempre.
Derrubem os muros.
Réquiem, pág. 303
Ao contrário dos livros anterios, em Requiém a história é contada sob pontos de vistas diferentes: dos Inválidos por Lena, e dos Curados por Hana. E as coisas boas já começam aí. Nos primeiros livros ficamos sabendo de tudo sob o ponto de vista de uma pessoa que não passou pela intervenção, e aqui temos a oportunidade de conhecer o outro lado.
Tanto no lado curado quanto na Selva, o clima é tenso. Os reguladores romperam a linha imaginária que separava o mundo curado daquele doente, estão entrando na Selva, e ninguém mais está seguro. Lena, está na Selva depois do ocorrido em Nova York e ao mesmo tempo em que enfrente uma luta diária pela sobrevivência, vai tentando organizar seus sentimentos em relação a Alex e Julian. Enquanto Hana, a nova narradora está se preparando para o seu casamento com o filho do prefeito, Fred Hargrove, que em breve será o prefeito de Portland.
Hana, apesar de curada é assombrada por sonhos e por sentimentos de culpa que deveriam ter sido eliminados após a cura mas, apesar de todas as mudanças em seu temperamento e em seus sentimentos, ao que parece a cura não funcionou completa e perfeitamente como deveria. E por vezes a vemos questionando a cura, já que esta deveria lhe trazer a paz eterna e não é o que está acontecendo.
Lena, também vive seus dilemas. Ela escolheu o caminho da liberdade, no entanto esse caminho implica viver nas sombras, se escondendo, encurralados como animais, perseguidos. Será que é isso mesmo que é ser livre? é um questionamento que faz constantemente.
Pra mim Lena só evolui. De uma menina tímida e covarde para uma combatente que sempre se põe na linha de frente. Que não foge, que encara tudo e todos. No começo eu estava começando a me irritar com o triângulo amoroso_ o clichê de todo livro teen_ mas, pela primeira vez consegui compreender a confusão de sentimentos que dificultam Lena escolher logo um dos garotos. De um lado tem Alex que a salvou, que abriu mão de tudo por ela, que lhe mostrou o amor. Do outro tem Julian, o garoto que ela salvou, pelo qual lutou, que fez reascender nela o amor. E de repente ela tem os dois e tudo isso no meio de uma guerra.
E além de tudo ainda tem a sua mãe. Que age como se não a conhecesse. Como se entre as duas nunca tivesse existido nada.
Enquanto Lena ganhou meu respeito, fiquei com ódio de Hana (e sei que não fui a única), mas também fiquei com seus medos. Medo que deveria ter sido eliminado pela cura. E fiquei confusa e angustiada com a Lena. Porque raios a mãe dela não falava com ela? porque aquilo tudo não se esclarecia de uma vez?
Era algo sufocante durante a leitura em uma madrugada fria.
Eu amei Delírio e achei Pandemônio meio fraquinho mas, em Requiém Lauren Oliver me surpreendeu. Ela soube casar a tensão da guerra com os sentimentos e conflitos dos personagens de uma forma que fez o enredo se desenvolver ligando cada fala, cada acontecimento. E ter ora a visão de Lena, ora a de Hana, faz a tensão da história se tornar um pouco nossa. Toda a confusão de sentimentos, a culpa, a vingança, o amor, o não se importar, é tudo tão intenso, tão vivo, que parece por vezes tangível.
Lauren, nos faz ficar decididamente em dúvida quanto à liberdade. Somos livres inclusive para escolher o que é errado. E se realmente precisamos de algo que nos controle? De alguém nos diga o que fazer? É atormentador! Nossa escolhas, por mais nossas que sejam, acabam impactando a vidas das pessoas ao nosso redor. É inevitável.
Eu não conseguia de forma alguma imaginar um final pra essa trilogia mas, ainda assim achei o desfecho de Lauren surpreendente. É porque apesar de assustadora, é a liberdade o que todos queremos.
Como em toda guerra há os mortos, os feridos e os sobreviventes, e apesar dos resistentes conseguirem vencer, não dá pra saber o que vem depois. Fiquei curiosa, porque afinal, como eles iriam reorganizar o governo? E nas outras partes do país, quem será que venceu? Mas essa é a questão, não sabemos o que há do outro lado do muro. Pode ser o paraíso ou a destruição.
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