@apilhadathay 03/06/2012
Surpreendente
Não o julgue pelo título. Apesar de este livro nunca ter estado entre os meus desejados, encontrei POR QUE OS HOMENS AMAM AS MULHERES PODEROSAS? em uma ótima promoção, curti a sinopse e a capa [linda, nota 5]... E, parafraseando Bart "Maccabee", hell, yeah, fiquei curiosa. Afinal, quem nunca se perguntou o que aconteceu de errado em uma ou mais relações para terminar de tal forma - das ruins às desastrosas?
Há um grande preconceito contra livros de autoajuda, que acabaram adquirindo o estigma de bobagem que vende bastante, sobretudo para as pessoas que mais criticam [e, tenho certeza, que leem escondido - uma possível razão para os livros do gênero venderem tanto]. É que, de uma forma ou de outra, há conselhos que a família e os amigos não ousam dar. E você os encontra nos livros. Algumas publicações do gênero prometem entregar uma fórmula pronta para resolver esse ou aquele problema, e acabam, no fim, apenas repetindo os mesmos conselhos e lotando páginas. Gostei de ver que não foi o caso deste livro. Em alguns pontos, Sherry insistiu em uma afirmação mais de uma vez, sim, mas frisando a mensagem, ciente da natureza da mulher.
... um pouco de irreverência é necessário para que se tenha algum nível de autoestima. Não irreverência com as pessoas, mas com o que elas pensam. A mulher poderosa se destaca porque pensa com a própria cabeça em um mundo que ainda ensina as mulheres a olhar ao redor para descobrir qual é a opinião dos outros. (p. 9)
O livro traz algumas ideias já familiares para o público feminino, como a reavaliação da autoconfiança e um comparativo das visões feminina e masculina de uma situação, tão divergentes; por outro lado, ela exprimiu bem o foco do seu livro, as diferenças entre as mulheres "boazinhas" e as "poderosas", e os equívocos ainda existentes na sociedade, como a obsessão pela aprovação do outro e o consequente medo da reprovação alheia. Na obra, Sherry propõe, afirma e exemplifica como as mulheres poderosas conseguem construir relacionamentos, não apenas de qualidade, como duradouros, tomando por base táticas femininas para manter o interesse masculino - não apenas despertá-lo.
O título em inglês é realmente um pouco forte (Why Men Love Bitches), uma vez que sempre ouvimos o termo "bitch" designando mulheres arrogantes e que fazem de tudo pelo que querem alcançar. Mas não é como ela as aponta neste livro. Toda mulher tem seu lado boazinha e seu lado "bitch", na verdade, isso se aplica a todo ser humano. Fato. O importante é saber equilibrar seus pontos fortes e fracos, e nunca se deixar prejudicar por querer agradar demais o outro. Especialmente porque há coisas que os homens nunca revelam às parceiras.
Você acha que eles mentem muito? Experimente pensar naquilo que eles apenas não acham necessário contar-lhes. Homens e mulheres lidam com os próprios sentimentos de formas diferentes [eles, com mais orgulho e reserva, elas com sinceridade e entrega]: e se encontrarmos aquela pessoa diferente, ela é a exceção.
É mais fácil criar maus hábitos, porque os bons hábitos exigem um esforço consciente. (P. 57)
Há, apenas dois pontos de que realmente não gostei:
- A adaptação de dólares para reais, no texto, quando ficou muito claro que o ambiente narrado é americano;
- A afinidade com o modelo de homem norte-americano [aquele que nasceu para ser um lutador, que sobrevive na selva, que briga pelo que quer] e a gente sabe que há brasileiros que não são assim.
O livro traz os 100 princípios da atração, alguns testes, quotes bacanas e quadros comparativos, muitos deles divertidíssimos. Também, dicas para perceber quando está se deixando desvalorizar e coibir isto; os embates entre a espontaneidade e o fingimento, e entre o poder natural dela e sua mudança comportamental enquanto desenvolve um conhecimento quase "empírico".
Ela expõe tudo isso de forma divertida e engraçada, mas no fim, eu me senti cansada só de imaginar no trabalho e na responsabilidade feminina em manter algo funcionando, a necessidade óbvia da autossuficiência e da dignidade como fatores decisivos para o sucesso dessa empreitada, seja uma garçonete assalariada, seja uma empresária milionária; ao mesmo tempo, é divertido imaginar que os homens devem passar longe deste livro, ou acabarão descobrindo alguns condicionamentos a que são submetidos inconscientemente, desde a infância.
Apesar de dar várias dicas de convivência harmoniosa que cruzam a fronteira das relações amorosas e se estende às relações com amigos e família, em dados momentos, senti um certo desequilíbrio entre os dois lados. Como se os homens fossem facilmente manipuláveis, e recaísse sobre a mulher o sucesso ou fracasso da relação amorosa, dependendo do quanto ela muda o próprio comportamento [e condiciona o do parceiro] para fazer dar certo. Entendi a mensagem geral, no entanto: a harmonia deve estar presente dos dois lados. Ninguém manda em ninguém, não há lado submisso e ambos se respeitam - embora soe um pouco utópico.
Ri mais nos três dias em que li este livro do que em uma semana [a semana do terror que terminara quando o comprei], e recomendo sim, ao público feminino. Você pode encontrar algumas dicas bem-humoradas de como melhorar sua autoestima, mas indo além do foco do livro, que é manter o interesse masculino; aproveite as dicas da autora e use-as em sua vida pessoal e profissional. Afinal, você sabe bem do respeito que merece, não faz mal afirmá-lo ao mundo.
'Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento.' (Citação de Eleanor Roosevelt, p. 180)
Resenha no Canto e Conto:
http://canto-e-conto.blogspot.com/2012/06/resenha-por-que-os-homens-amam-as.html