A primeira história do mundo

A primeira história do mundo Alberto Mussa




Resenhas - A Primeira História do Mundo


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regifreitas 15/08/2022

A PRIMEIRA HISTÓRIA DO MUNDO (2014), de Alberto Mussa.

Esta obra, a terceira da série denominada pelo autor de "Compêndio mítico do Rio de Janeiro", trata do primeiro assassinato ocorrido no Brasil, em 1567. Mussa se baseou na documentação do caso real para construir sua história.

Tratou-se de um crime passional, uma história de adultério com um final trágico, e no qual uma parte considerável da população da cidade acabou envolvida. Pelo menos 60 pessoas foram ouvidas no inquérito, como testemunhas ou como prováveis suspeitos do ato criminoso. Para se ter uma ideia, a cidade do Rio de Janeiro contava na época com somente 400 habitantes.

Assim como em A BIBLIOTECA ELEMENTAR (2018), lida por mim em 2020, e também pertencente a essa série, A PRIMEIRA HISTÓRIA DO MUNDO apresenta uma gama de personagens e eventos que podem confundir o leitor mais desatentos - são muitos nomes e detalhes sobre o caso em questão. Mussa, em cada capítulo, traça o perfil de um dos principais suspeitos e das suas prováveis motivações para o crime.

Embora seus enredos sejam complexos e repletos de meandros, o texto de Alberto Mussa flui muito bem. Ele acaba dando uma nova cara ao romance policial nacional, com um estilo bem característico, e que por conta exatamente disso pode acabar não agradando a todos os leitores.

É um autor que estou gostando bastante de conhecer. As demais obras que constituem o "Compêndio Mítico" certamente serão lidas oportunamente.
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Carlozandre 24/11/2014

Crime de sangue na aurora do Brasil
Não é comum encontrar em listas de “melhores autores brasileiros contemporâneos” ou “gente que está fazendo a nova literatura” e outras denominações semelhantes o nome de Alberto Mussa. O que, dada a qualidade da obra que vem tecendo com paciência ao longo das últimas duas décadas, é francamente incompreensível. Mussa dá mais motivos para essa perplexidade com a publicação, agora, de A Primeira História do Mundo, livro no qual reconstrói, com o misto de prosa ensaística e literária que é característico de seu trabalho, o primeiro crime de sangue registrado no ainda jovem território do Brasil.

A Primeira História do Mundo parte de um fato real: o assassinato de um serralheiro morto com sete (talvez oito) flechadas no Rio de Janeiro de 1567. Em uma cidade com apenas três ruas, ainda cercada pela mata, e com cerca de 400 habitantes, nove homens foram apontados como possíveis autores do crime, de acordo com os registros do procedimento judicial instalado para averiguar o homicídio. O livro compõe uma trilogia com O Trono da Rainha Jinga, passado em 1626, e O Senhor do Lado Esquerdo, ambientado em 1910. Nos três, Mussa usa a estrutura de um romance policial para engendrar uma mitologia urbana do Rio em diferentes períodos históricos. Ele já anunciou que pretende escrever outros dois romances para outros dois séculos da cidade: o 18 e o 19.

Além de ser parte desse projeto maior, outra possível leitura de A Primeira História do Mundo é a de uma condensação de elementos já trabalhados pelo autor ao longo de sua carreira. O motivo do crime, segundo o processo, seria um adultério, indiscrição à qual Mussa dedicou o romance O Movimento Pendular, no qual se propunha a fazer uma teoria classificatória das variantes do adultério na literatura. A presença de indígenas por toda parte nesse Rio ainda em formação dá a Mussa a oportunidade de tangenciar outra vez o rico universo da tradição autóctone, que ele já havia abordado em Meu Destino é Ser Onça, no qual apresenta uma versão reconstituída da cosmogonia tupinambá.

O que mais surpreende em A Primeira História do Mundo são as soluções que Mussa, criando um narrador que refletindo sobre seus próprios procedimentos, encontra nessa reflexão as ferramentas para especular as sutilezas de um inquérito do qual só sobraram os depoimentos por escrito, tomados há mais de 400 anos. Um toque de originalidade usando a sempre difícil, porque rígida, moldura do romance policial.

site: http://wp.clicrbs.com.br/mundolivro/2014/06/23/crime-de-sangue-na-aurora-do-brasil/?topo=13,1,1,,,13
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Giselle 29/12/2021

MA RA VI LHO SO
(@intrinseco1.blog)
Já sou fã declarada de romance policial, então fui de "coração aberto" para ler esta obra do Mussa. O mais legal é que "a primeira história do mundo" faz parte de um compêndio mítico, de acordo com o autor, composto por 5 romances policiais que abordam crimes cometidos cada um em um século desde a invasão portuguesa. Legal é analisar a precariedade da nossa formação social e do sistema de justiça da época. Além disso, o romance quebra com a tradicionalidade do gênero tornando, por exemplo, o narrador como detetive junto a nós, leitores.
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Gláucia 31/05/2020

A Primeira História do Mundo - Alberto Mussa
O livro parte de um fato histórico: aquele que teria sido o primeiro assassinato na história do Brasil. Morre o serralheiro Francisco, cravejado por 8 flechas. O crime teria sido passional, tendo como pivô sua mulher, a bela mameluca Jerônima. Vários são os acusados e um rapidamente condenado à morte.
Através de fatos históricos e muita pesquisa o autor dá uma de Sherlock e enumera cada um dos suspeitos, analisando de forma bem racional o que poderia ter realmente acontecido, nos dando outras versões. A final é muito impressionante e surpreendente. Seria verdadeira? Impossível saber.
A ideia é interessante mas achei cansativa a forma de desenvolver. Fiquei perdida em meio a tantos nomes, tive muita dificuldade em saber quem era quem na história. Com H maiúsculo.
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Mariana Souto | @oimarisouto 18/04/2020

Me surpreendeu!
Não conhecia o Alberto Mussa, esse é o primeiro livro que leio dele, e me surpreendi muito com o quão envolvente o livro é. Não é a típica narrativa policial, também não é um ensaio, enquadrar o livro em algum gênero específico é difícil: ele mescla o histórico e o fantástico; a narração e a exposição. Confesso que na parte em que os suspeitos são descritos, um por um, achei a leitura um pouco arrastada. Mas as duas últimas partes são boas demais! Vale a pena a leitura.
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Gisele @li_trelando 18/09/2022

Fascinante
Descobrir o autor do crime é menos importante do que poder ler pequenas crônicas e mitos de uma terra ainda em formação do que hoje é o rio de janeiro. Vale muito há pena.
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Mirella.Maria 31/07/2023

Prometeu muito...
Nao curti. O livro começa muito bem, mas se torna extremamente cansativo e enfadonho. O capítulos em que são apresentados os suspeitos é muito repetitivo.

Não curti muito a forma como os povos indígenas foram retratados, quase sempre como selvagens, vingativos, canibais e violentos. As mulheres também quase sempre chamadas de interesseiras, "índias" e "mamelucas", bastante desconfortável. Enquanto isso os portugueses e demais colonos pareciam ser meros aventureiros. Se era pra ter um tom de deboche/ironia, não sei se colou.

Poucos os trechos que realmente achei interessante. Não valeu pelo mistério criado no início, que parecia promissor.
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Andrea170 31/12/2022

Agradável e divertido
Uma divertida visão dos primórdios do Brasil colônia, mais especificamente do Rio de Janeiro. Ficção com pano de fundo real.
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Bel 19/10/2020

quase abandonado
Na minha opiniāo o livro começou muito bem mas depois se tornou cansativo, chato, repetitivo e um pouco confuso. Amo ler sobre a história do Brasil - saber sobre a formaçāo do Rio de Janeiro foi bem legal mas foi quase mais um para a minha lista dos abandonados....li por indicaçāo de uma amiga e confesso q esperava mais.
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Sergio 29/08/2014

Crime no Rio que não existe mais em um Brasil primordial
Ler os relatos do “compêndio mítico” de Alberto Mussa é um fascinante passeio por um Rio de Janeiro invisível. Seus principais personagens são mamelucos, indígenas, negros, em uma paisagem que não existe mais. Mas com A primeira História do Mundo essa experiência é, talvez, ainda mais radical. Enquanto o autor nos ajuda a elucidar o primeiro homicídio da cidade, em 1567, eles nos conduz por uma fascinante viagem por um Rio de Janeiro originário, que acabara de ser transferido “do istmo entre o do Cara de Cão e o Pão de Açúcar para o cume do morro quer seria o do Castelo”. O Cara de Cão, e o Castelo não existem mais, o Pão de Açúcar remanesceu e se tornou ícone da terra que nasceu ali naquele espaço pantanoso, mas em uma paisagem muito distinta da original.

Era um Rio de Janeiro diminuto, de algumas poucas centenas de habitantes, no qual a língua dominante não era o português, a língua geral era o tupi. Novíssimo, já existia, porém, uma “cidade velha”, fundada por Estácio de Sá, em 1565, no istmo entre o Cara de Cão e o Pão de Açúcar, com “dois ou três arruados de casas de pau a pique”. A cidade nova, era um vilarejo amuralhado, que dormia a portas fechadas, dentro do qual a população era majoritariamente constituída por mamelucos e indígenas temiminós, com alguns poucos portugueses, geralmente nas posições de topo. Estamos em um Rio primevo, com mais homens que mulheres, “onde não pode haver virtude”. Nele foram plantadas as raízes primitivas da mentalidade que hoje conhecemos como carioca. Vivia ainda a iminência da guerra. A grande ameaça eram os tamoios, “dos gentios mais insubmissos da costa”.

Leia o restante da resenha no meu blog Ecopolitica.

site: http://www.ecopolitica.com.br/2014/06/12/um-crime-misterioso-em-um-rio-que-nao-existe-mais/
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MasHein? 20/01/2015

Viagem a um mundo distante
Esse livro acompanha o que teria sido o primeiro caso de homicídio formalmente investigado e processado, em uma Rio de Janeiro com apenas dois anos de fundação. Mas há duas características que o distinguem das demais narrativas policiais e o transformam em algo mais rico e profundo.

A primeira é que não existe a figura de um investigador, cujo processo de pensamento é acompanhado, e também não há um narrador onisciente. O autor conversa diretamente com o leitor, encontra dúvidas, muda de perspectiva, se detém sobre um personagem e outro, sempre admitindo que está a contar "a primeira história do mundo".

A segunda característica, e talvez a que mais contribua para a qualidade do livro, é o fato do autor não se limitar a procedimentos investigativos. Porque um assassinato ocorrido na Rio de Janeiro de 1567 é absurdamente diferente de um assassinato ocorrido na Rio de Janeiro atual.

Pra começar, a vítima foi morta a flechadas. A "cidade" não passava de um povoado de três ruas e menos de mil habitantes. A língua falada não era português, mas tupi. As florestas, ainda virgens, significavam um mundo desconhecido e perigoso, temido e respeitado pelos primeiros habitantes. A cultura indígena se fazia muito presente, com sua forma específica de encarar a vida, a morte, os espíritos, os animais, a mata.

Assim, Alberto Mussa intermeia o desenrolar do inquérito com lendas urbanas, mitologia indígena e relatos que permitem imaginar como aquele acontecimento foi encarado e processado pelas pessoas daquela época, que viviam em um mundo mundo tão distante quanto próximo de nós.
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Cheiro de Livro 28/02/2018

A primeira história do mundo
Me venderam esse ótimo livro como sendo um romance histórico, ele não é. Não é um romance, não é um ensaio, não é um texto acadêmico. Eu não sei como classificar esse livro. Alberto Mussa faz um relato sobre o primeiro crime da cidade do Rio de Janeiro em 1567, mas não é o crime romanceado, é ele, Mussa, nos contando o que o processo registrou. É ele comentando, levanto hipóteses, entremeando o relato do crime com as lendas indígenas da região da cidade. É um livro difícil de classificar e saboroso de se ler.

“A Primeiro Historia do Mundo” veio parar na minha mão porque adoro romances históricos e queria ler um nacional. Logo de cara vi que não era o que esperava e que isso não era um problema, pelo contrario, foi uma grata surpresa. Mussa tem uma conversa com o leitor onde ele conta o processo sobre o primeiro crime que ocorreu no Rio de Janeiro, o assassinato a flechadas do serralheiro Francisco da Costa, os depoimentos das testemunhas e os dez suspeitos. É um relato que tem estrutura de conversa, que em dado momento traz Agatha Christie para elucidar pontos e deixar a leitura ainda mais interessante.

O que mais me encantou no livro é como Mussa conta as lendas indígenas, como relata a guerra entre Tamoios e portugueses, uma parte da nossa historia tão pouco explorada e tão rica. A importância da onça e as lendas em torno dela são as minhas partes favoritas. Se escreve muito pouca ficção usando nossas lendas, nossas crenças. Toda a vez que vejo um novo livro sobre vampiros lembro se um ótimo conto português em que o personagem é atacado por um vampiro e não sabe o que aconteceu pelo simples motivo que vampiros não fazem parte de seu universo (leia aqui). Não sou tão radical, podemos saber das lendas das demais culturas, mas bem poderíamos conhecer as nossas também. As lendas indignas, como mostra Mussa, são ótimas e ricas.

Voltando a trama do livro, o assassinato, é um crime misterioso, mas ele importa pouco, é apenas um pretexto para se falar do Rio de Janeiro nos seus primórdios, de como a cidade se formou, da guerra entre índios e colonizadores. É uma viagem por uma cidade no seu nascedouro, uma cidade que tem 450 anos. “A Primeira História do Mundo” é uma leitura imperdível para quem uma boa conversa regada a muita história e cultura.

site: http://cheirodelivro.com/a-primeira-historia-do-mundo/
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Diogo 25/05/2021

"romance policial" sobre a investigação do primeiro crime (passional?) registrado no Rio de Janeiro, em 1567.
Um tanto de fatos efetivamente registrados nos documentos da investigação e outro tanto de ficção e até fantasia.

E muito mais que isso, o livro apresenta inúmeros relatos históricos, além de muito conhecimento da cultura indígena, de diversas etnias, linguagem. Grande obra.

O autor parece dialogar com o leitor. A escrita é muito dinâmica, apesar de o capítulo intermediário ser um pouco cansativo, ao apresentar relatos sobre cada um dos vários suspeitos do crime. Mas é necessário, e a leitura mesmo assim é boa.

O final é ótimo!
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Shaqit 10/03/2020

Um clássico brasileiro
Misturando narrativa histórica com romance policial, Alberto Mussa constrói um dos mais interessantes, inteligentes e intrigantes romances em nossa língua. Fazendo o trabalho próximo ao de historiador, que --- como nos lembra Carlo Ginzburg em seu texto Sinais, paradigmas de um método indiciário --- é muito próximo ao de detetive, Mussa reconstrói o Rio de Janeiro quinhentista, com sua ferocidade, seus habitantes e suas vozes. O papel amarelado da História vira uma hábil narrativa policial, permeada pela visão de mundo indígena, com passagens belíssimas sobre a cosmovisão tupi.

Mussa torceu os documentos para fazer sua narrativa? Honestamente, não me importo. É tão bem montada e conduzida que, enquanto historiador o perdoo. Mas perdoo principalmente porque o que ele faz é literatura. E das melhores.
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michelyvogel 30/01/2023

Se voce gosta de História, Rio de Janeiro e tramas policiais, este livro é para você. Trata-se de um crime no Brasil colônia de 1500, envolvendo indígenas, portugueses e muita pesquisa, mas sem deixar o livro longo demais ou pesado. É o segundo livro que li de Alberto Missa, e assim como o outro, sai melhor do que entrei. Vale muito a pena.
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