rato de madame 25/04/2023
Decepção
Peguei esse livro na biblioteca da escola, ele chegou numa nova leva de livros e o título me chamou a atenção, porque amo histórias sobre lendas urbanas brasileiras. Eu comecei a ler o livro e me empolguei ainda mais. Os dois primeiros contos são ótimos, o segundo, em especial, ficou marcado na minha cabeça. Mas depois disso, só foi ladeira a baixo.
Só porque eu estou afim, vou fazer uma pequena resenha para cada conto/capítulo e a nota individual que dou para ele.
?A Sétima Filha? ? 3 de 5: Clássica história de lobisomem, muito comum no nordeste através dos contos de cordel. Esse foi curtinho (acho que a segunda menor história do livro), mas entregou o que tinha que entregar. Não é minha favorita, mas achei bom.
?Brabador? ? 4.5 de 5: Achei interresante. O começo é meio enrolado, mas o final é muito fod4! Me deu uma vibe meio Midsommar. Achei meio paia que o autor quis misturar duas lendas em uma, como se fossem a mesma coisa. Pode até ser, mas a questão regional é tão importante quanto a semelhança dos fatos.
?O Papa-Figo? ? 3 de 5: Aí que começa a palhaçada. Esse conto é contato como um relato real. E, eu só achei interessante por conta do final, porque meio que mostra a dualidade do personagem principal (spoiler: e como ele acabou se tornando aquilo que tanto temia quando era criança). Mas não teve mesma magia dos primeiros contos.
?A Porca de Soledade? ? 2 de 5: Não é conto, não é relato. Só parece um folheto informativo sobre a lenda da Porca de Soledade. Chega a ser ridículo de ter só isso, nada mais.
?Os Mortos-Vips? ? 3 de 5: Achei paia. Conto no meio do nada, sem contexto algum de uma cena de ação em meio a uma infestação de zumbis burgueses. E que, como o próprio autor disse, era uma sátira aos zumbis estadunidenses (kkkk). Só achei ok.
?A Expedição Monserrat? ? 1 de 5: Eu não li esse, desculpa. Eu vi que ia ser um negócio explicando um ocorrido em tal lugar e fiquei pensando o tempo todo "fod4seee! eu não me importo! eu não vi aqui para isso!". Mas vi no final do livro, nas notas do autor, que foi referenciado uma criatura que não faz parte de nenhuma história brasileira. Então, qual era a necessidade disso em um livro sobre lendas brasileiras?
?Uma Gota de Sangue? ? 2 de 5: Esse aqui me deixou até put0! Que negócio sem graça e de péssimo gosto. Usando como principal "monstro" um ser inspirado em dois seres do folclore indígena, isso é muito sem noção. Tudo bem se contasse sobre em outro livro, mas como você tem a pachorra de por isso em um livro com "monstros" no título. Além do mais, o autor escreve uns negócios infelizes, como falar sobre travestis de modo pejorativo, descrever tom de pele de uma pessoa não-branca usando comidas ("doce de leite". FALA SÉRIO!) e sobre um dos personagens falar sobre doenças de "índio". Porém, devo dizer que essa parte pode ser interpretada como fala do personagem e não do autor, mas enfim, achei feio para car4lho.
Citando algo que comentei no sétimo "conto": o autor, claramente, não sabe a diferença de lenda urbana e folclore. Ele, simplesmente, igualou uma entidade indígena com a p0rra de uma porca grande e gorda que não parava de comer.
E assim, lidar com folclore é um assunto muito delicado. Você tem que estudar muito sobre para não escrever merd4 anti-indigena e não por entidades tão apreciadas pelos povos originários como "monstros". Alguns pensam que isso não é problema, mas vocês tem noção que a comoção seria muito diferente se colocassem uma entidade cristã como protagonista de um conto de terror.
Esse livro poderia ser muito melhor. O autor entregou algo legal no começo, mas como disse, descarrilhou legal no final.