Rafael.Montoito 19/04/2020
Um clássico obrigatório
Ao ler este clássico, é fácil entender por que a história de amor de Pip e Estella mexeu com os ingleses do século XIX. Em "Grandes Esperanças", Pip é um menino pobre que, enganado por um prisioneiro, ajuda-o em sua fuga. Este segredo ele não conta nem para seu cunhado, que o cria com um imenso amor paterno, nem para a senhora Havisham; esta, tendo sido abandonada no dia de seu casamento, encerrou-se em casa e nunca mais tirou seu vestido ou permitiu que as janelas fossem abertas e as coisas mudadas de lugar.
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A senhora Havisham adotou Estella, criando-a para que tenha um coração de pedra e faça com os homens aquilo que seu noivo fez com ela - e é justamente por esta moça que Pip morre de amores. Quando Pip recebe a notícia de que terá um tutor, cuja identidade não pode ser revelada, percebe que sua única chance de conquistá-la é ir para Londres e tornar-se um cavaleiro culto, rico e influente.
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Contudo, as conquistas sociais de Pip afastam-no das suas origens e corroem seus sentimentos sinceros até que a vida lhe cobra por seus atos.
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Dickens constrói personagens fortes e marcantes para discutir a dicotomia entre o ser e o ter, o amor e a riqueza. Talvez um dos motivos que tenham feito deste livro um clássico seja ele lidar com valores tão universais; outro, sem dúvida, é o caráter enxuto da narrativa, onde todas as personagens têm um papel principal, e suas vidas se entrelaçam na conclusão.
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Esta edição apresenta, como anexo, o final original, que Dickens desprezou depois que um amigo seu disse que não estava à altura da história. Porém, particularmente, eu o prefiro.