gabmello 25/06/2023
Uma ótima escritora, uma experiência mediana.
A história começa quando Theo Decker, aos treze anos de idade, sobrevive a um atentado terrorista no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, que acaba tirando a vida de sua mãe. No caos desse evento, Theo se vê atraído por uma misteriosa pintura, 'O Pintassilgo', de Carel Fabritius, e acaba roubando-a, desencadeando uma série de eventos que moldarão seu futuro."
Donna Tartt, uma escritora talentosa, demonstra habilidade excepcional na arte de escrever, e isso certamente está presente em "O Pintassilgo". Sua prosa é elegante, repleta de descrições vívidas e diálogos bem elaborados, capturando a essência das cenas e envolvendo o leitor em um mundo repleto de detalhes e nuances. A autora constrói uma narrativa rica, fornecendo um pano de fundo cativante que se estende desde o atentado traumático até as repercussões duradouras na vida de Theo.
No entanto, mesmo com a habilidade de escrita notável de Tartt, sinto que "O Pintassilgo" não consegue superar seus principais pontos fracos: a falta de carisma dos personagens e as situações entediantes vividas por Theo. Apesar de serem retratados como reais e complexos, os personagens não conseguem conquistar totalmente o leitor. Theo, o protagonista e narrador, muitas vezes parece distante e frio, tornando difícil a empatia com suas experiências e escolhas. Mesmo quando confrontado com vivências problemáticas e perigosas, a narrativa não consegue transmitir o impacto emocional esperado, deixando o leitor em uma situação de desinteresse.
Acompanhar o desenrolar dos problemas infinitos de Theo ao longo das quase 800 páginas do livro é, no mínimo, frustrante. A trama parece arrastada, e as situações que o personagem enfrenta não são suficientemente envolventes para sustentar o interesse do leitor. As pontes criadas pela autora para "aliviar" a trama acabam falhando em fornecer um alívio efetivo, deixando uma sensação de estagnação e descontentamento.
Curioso, ainda, é perceber que, em ponto algum, duvidamos da maestria da escrita de Donna Tartt. Sua habilidade em criar frases elegantes e detalhadas é inegável, tornando a leitura tecnicamente agradável. No entanto, a escrita impecável não é suficiente para superar as deficiências da trama e dos personagens, deixando uma sensação de insatisfação geral.