O Mestre e Margarida

O Mestre e Margarida Mikhail Bulgakov




Resenhas - O Mestre e Margarida


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Morgana 17/04/2020

Sem palavras
É quase impossível descrever! Só não dou 5 estrelas pois algumas partes são bastante cansativas de ler. Mas a narrativa propositadamente confusa causa uma imersão na história, que é cheia de idas e voltas e personagens diversos, em que nenhum é protagonista e ao mesmo tempo, todos são. Destaco um trecho do qual gostei, por ser bastante verdadeiro:

"Pois quantas vezes já não lhes disse que o principal erro de vocês consiste em menosprezar o significado dos olhos humanos? Compreendam que a língua pode ocultar a verdade, mas os olhos, jamais!"
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Fabiana 26/03/2020

Livro interessante e completamente cheio de cenas inusitadas. No meu imaginário soou como uma peça de teatro. Adorei o "romance paralelo" escrito pelo Mestre. Gostei muito da Margarida. Mulher forte e decidida.
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Mario Miranda 24/03/2020

O Mestre e Margarida é uma das grandes obras do imaginário literário do século XX. Não por trazer novidades no Estilo literário, o que não faz, tampouco por possuir uma história inovadora (nota-se, capítulo a capítulo, como Bulgakov sofre influência de diversos autores, preponderantemente do Fausto Goethiano). Bulgakov deixa-nos este legado - indiretamente - pelo excepcional desenrolar da história.

Dois autores em Moscou são surpreendidos por uma personalidade exótica que, ao longo do livro, revela-se ninguém menos que o próprio Satã. Seguido de um séquito exótico, que envolve uma Bruxa Nua e um Gato falante em tamanho anormal, o desenrolar da narrativa de mistura com o desenrolar de um livro escrito por alguém intitulado "Mestre".

A história, que ora baseia-se no presente, ora nos transporta ao Calvário de Jesus Cristo - narrado pela ótica do Mestre - tem seu ápice no "Grande Baile de Satã", talvez o capítulo mais influente no imaginário popular, imortalizado em Sympathy for the Devil.

A leitura da obra me rememorou imediatamente as obras de William Faulkner. Não, nem a estrutura narrativa do Fluxo de Consciência nem as histórias desenvolvidas são semelhantes. O que me remeteu foi como a obra torna-se muito mais clara de trás para frente, ou melhor, a narrativa do "Mestre" torna-se muito mais clara após lermos o trecho da "Margarida" (o que também acontece, por exemplo, em O Som e a Fúria).
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Andreas Chamorro 08/03/2020

O equilíbrio entre peso e humor
Da para dar muitas risadas com este texto? E como! Mas isso não apaga o peso e a aridez da época em que se passa a história. Livros tão conhecidos já tão falados fazem com que minhas resenhas sobre eles sejam curtas, portanto já menciono o que mais me admirou em O mestre e Margarida: o diabo e sua trupe; baita personagens bem construídos. Margarida com toda a certeza não é uma mulher russa comum, sua determinação é insaciável. Cinco estrelas siiim!
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lexsouza 04/03/2020

O diabo não é o que parece
O diabo em diversas formas.
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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

O mestre e Margarida, Mikhail Bulgákov - Nota 10/10
Já inicio essa resenha com a certeza de que “O mestre e Margarida” entrou para a lista dos preferidos! E o engraçado é que eu tinha um certo receio de ler esse livro, pois já tinha ouvido falar que se tratava de uma "leitura difícil"! Mas essa experiência serve para confirmar o que venho tentando mostrar aqui para vocês: vamos perder o medo de ler grandes clássicos…

Bom, chega de introdução e vamos ao que interessa. A obra de Bulgákov narra a visita do diabo - sim, em pessoa - à Moscou soviética da década de 30. E o diabo, conhecido como professor Woland, não vem sozinho, mas acompanhado de um séquito pouco convencional: um gato preto com traços humanos (um dos melhores personagens), um demônio brincalhão, uma feiticeira nua e um assistente caricato.

A partir dessa visita, vários acontecimentos estranhos começam a se espalhar por Moscou. Prof. Woland se diverte com os cidadãos, mostrando - em nítida crítica ao regime de Stálin - como ideais tidos como verdades e amplamente disseminados são, em grande maioria, pura invenção e facilmente desconstruídos. Mas não espere encontrar uma crítica profunda ao regime comunista ou uma análise da época. Na verdade, o autor consegue apresentar essas críticas nas entrelinhas de um obra de literatura fantástica, carregada de humor e ironia.

Além dessa visita à Moscou, a narrativa vai alternando com a Jerusalém dos anos 30 D.C., época da crucificação de Jesus. Embora não pareça fazer sentido uma narrativa que misture duas épocas tão diferentes, Bulgákov consegue fazer desse paralelo mais uma das grandes sacadas de seu livro.

Escrito em cerca de 11 anos, “O mestre e Margarida” é, na minha opinião, uma obra completa! Traz uma história extremamente cativante, com personagens fortes, crítica social e escrita digna de elogios. É um livro de certa forma “estranho”, sim, então leia com calma e aproveite a genialidade do autor. A título de curiosidade, a obra foi alvo de muita censura e só foi integralmente publicada após 20 anos da morte de Bulgákov.

Dica: recomendo ler nessa edição nova da Editora 34, pois a tradução parece estar bem mais acessível!

site: https://www.instagram.com/book.ster
Marcelo.Alencar 15/11/2023minha estante
Rapaz: amei a obra. Me parece um desenrolar teatral. Mas as entrelinhas da crítica que o autor impôs em grandes dogmas da nossa contemporaneidade é simplesmente espetacular.




IgorPessoa 27/02/2020

Sympathy For The Devil
O que acontece quando o Diabo em pessoa vai à Moscou fazer um baile ?
R: Simplesmente todo tipo de coisas sensacionais. Livro divertidíssimo.O que se espera do livro talvez seja uma critica ao regime da União Soviética da época. O que de fato o é. Mas não deixa de ser brilhante a forma como Bulgákov conduz a história. Espetacular.
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Gabi 26/02/2020

Um dos melhores livros que já li
A forma como Bulgakov desenvolve a história, intrincando cada personagem do livro é tão genial que você termina se perguntando como foi possível um humano pensar e escrever este livro. Um dos melhores que já li na vida.
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Sílvia 16/02/2020

Maravilhoso
Sempre quis ler esse livro maravilhoso e nunca deu. No final de 2018 eu o coloquei como meta de leitura para dezembro de 2019, só não consegui terminá-lo a tempo.
No texto, temos uma comitiva diabólica, literalmente nesse caso, chegando à cidade de Moscou durante a década de 1930. Temos um homem com olhos disformes e de cores diferentes, um gato gigante, uma mulher que não veste roupa e um cara estranho com um pincenê rachado. E por onde eles passam só acontece tragédias. O sanatório local fica cheio kkk lembrando O alienista do Machadão. Demorei um tempão para entender o título, o por quê do mestre e quem era a Margarida. E fiquei chocada com a crítica ao regime dominante na sociedade moscovita. O que mais me chamou a atenção foi o problema de moradia, um caos completo, por exemplo em um apartamento de dois quartos, sala, cozinha e banheiro, cada cômodo poderia ter um dono diferente. Achei um absurdo. Até fui pesquisar na internet achando que era exagero do autor. Dizem que essa obra é daquelas que ou vc ama ou vc odeia. Eu simplesmente a adorei desde o primeiro capítulo. O mestre, por menos que aparentemente apareça é uma peça fundamental para que se possa compreender o lugar do verdadeiro artista naquele tempo, tanto escritores, poetas, pintores, roteiristas ou qualquer forma de arte praticada. Mas o mais triste mesmo foi perceber que o ser humano não mudou, que os tempos avançam, ao menos tecnologicamente e no calendário, mas na primeira camada nós ainda somos demasiadamente humanos e acima de tudo precisamos de redenção.
Creio que esta é uma obra de arte fundamental para qualquer leitor que aprecie os clássicos.
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Danilo 15/02/2020

O mestre e Margarida é um livro nada convencional. Ele foge de todos os tipos de experiências literárias que já tive. É certamente uma leitura estranha de início, pois Bulgávok tem seu estilo próprio. Por ser um livro recheado de sátiras e escárnios sutis (tipo de literatura que era proibido à época na URSS) direcionados aos bolcheviques e ao Governo Soviético, o livro seria publicado na íntegra apenas décadas após a morte do autor, resultado da extrema política de censuras do período. Como disse Isaac Asimov “Qualquer livro que valha a pena ser banido é um livro que vale a pela ser lido”. Nota-se, pois, a importância de livros como esse para conhecermos melhor outras culturas e momentos históricos, à exemplo da União Soviética no pré-guerra, período o qual o livro foi redigido.

Dito isso, um dos pontos mais bem explorados do livro é a relação do sobrenatural com a religiosidade. Em “O mestre e Margarida”, acompanhamos a trajetória do próprio Diabo e seu séquito, ou melhor dizendo, as bagunças e confusões que eles causam na sociedade soviética. Utilizando de diálogos surreais, cômicos e situações extraordinárias como um grande gato preto conseguir falar e tentar pagar um ônibus, o autor nos faz entrar em contato com inúmeras personalidades, acrescentando ainda mais ao valor histórico do livro. Em paralelo à essa história, Bulgakóv, médico de formação porém bem letrado em estudos religiosos, nos apresenta a narrativa da condenação e execução de Jesus, bem como sua relação com Pôncio Pilatos, imaginada à sua própria maneira. De início, o objetivo de trazer essas duas narrativas em épocas completamente distintas não é claro, e somente com o término da leitura, podemos descobrir o verdadeiro tom da história. Assim, pelo tom “estranho”, ou mesmo onírico proporcionado muitas vezes pela leitura, devo dizer que, apesar de não acreditar que seja o livro ideal para iniciar a literatura russa, com certeza deve estar presente nas listas de leitura de todos! No mais, é impossível, nesta pequena resenha, retratar todas as nuances e verdadeiras referências às culturas soviética, alemã e europeia em geral presentes no livro, por isso aqui faço a proposta: LEIA.

408 páginas, Editora 34, 2017.

site: @mangue.literario
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Lucas 19/07/2020minha estante
Pqp vou ler!!!!!!!




Luquinhas 07/10/2019

O Mestre e a Margarida
Um livro realmente muito bom, denso sem dúvidas, mas de leitura envolvente.
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LER ETERNO PRAZER 14/09/2019

O mestre e margarida é o clássico da literatura russa! Seu enredo se passa na Moscou dos anos 30 e narra as peripersias do diabo na cidade,tem como acompanhantes um grupinhk bem infernal, um gato falante e bem fanfarrão, um interprete trapaceiro, uma bela bruxa e um capanga pra lá de assustador. O livro é dividido em duas partes contendo ao todo 32 capitulos.
O Mestre e Margarida não é um simples romance, podemos perceber nas suas entrlo bas uma crítica dura ao Stalinismo. Bulgákov, conforme pesquisei, sempre rejeitou as ideias de Stalin e usou sua obra para satirizar e croticar as ideias de sua época utilizando histórias fabulosas e nada realistas para escapar da censura e que mesmo assim não conseguiu. O Mestre e Margarida é uma obra que poderia recomendo a todos, mas já antecipo que não será uma leitura muito fácil, pois o estilo da narrativa muda de acordo com os trechos do livro. Ao avançarmos na leitura podemos identificar ritmos vivos, super-realistas, sarcásticos, inexpressivos, líricos e macabros, e esse choque narrativo pode ser um pouco confuso no começo, mas basta se dedicar que logo logo é possível mergulhar nessa maluca história. Eu adorei! Aqui, há momentos ilários, triste, de muita revolta.
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Lucas 11/08/2019

Os manuscritos não ardem: Nunca um livro foi tão atrelado à uma premissa
Mikhail Bulgákov (1891-1940) foi um grande dramaturgo ucraniano, que sofreu na pele, algo recorrente em seu meio, a opressão do Estado Soviético, que muito contribuiu para que a literatura russa sofresse um nítido processo de estagnação por quase todo o século XX. Principalmente como dramaturgo, Bulgákov chamava a atenção das autoridades por seu brilhantismo em expor, de forma velada, as características midiáticas opressoras que o governo da URSS, especialmente em seus primeiros anos, impunha ao seu próprio povo.

Apesar de ser no teatro que Bulgákov construiu um legado mais amplo, é na literatura que ele acabou se popularizando no Ocidente, com a obra O Mestre e Margarida, lançada postumamente no fim da década de 60, primeiro na Alemanha Ocidental e depois na URSS, em 1973. O romance consumiu os últimos doze anos da vida do seu criador, que sofreu com a censura estatal e até queimou uma parte do manuscrito, com medo de ser punido.

Tirando a carga do absurdo (que será explicada mais a frente), muitas das passagens e até mesmo a postura geral do protagonista masculino da obra são baseadas na própria vivência de Bulgákov. A narrativa se passa em algum momento da década de 20, provavelmente em 1929, quando a ainda jovem URSS passava pelos primeiros anos do governo que mais a definiu (para o bem e para o mal) até seu fim em 1991: Joseph Stálin (1878-1953), ditador que levou aos recônditos mais radicais a Revolução de 1917, com extermínio, medo e opressão. O protagonista, Mestre (não é denominado de outra maneira, o que pode caracterizar a universalidade de seus dilemas) é um escritor decadente que escreveu um romance sobre Poncio Pilatos e sua atuação como procurador (pelo menos a tradução da obra define sua ocupação desse modo) junto ao "processo" que condenou Jesus à crucificação (na obra, Jesus é nomeado por seu nome em hebraico, Ieshua Ha-Notzri). Dono de uma compreensão literária bastante robusta, o Mestre acaba por se apaixonar por Margarida, a protagonista feminina, doce figura que exerce influência sobre ele e sobre a grande temática da narrativa, que é a opressão midiática que agia nos mais diversos meios literários no início da URSS.

Por mais que sejam, de fato, os protagonistas, tanto o Mestre quanto Margarida aparecem na narrativa aos poucos: o primeiro aparece de forma mais direta apenas no capítulo 13 (a obra possuiu 32 capítulos e um epílogo), ao passo que Margarida surge com um capítulo próprio na segunda e última parte. Nesse interlúdio inicial, antes da descrição do Mestre e suas desilusões, Bulgákov coloca em suas páginas muito do absurdo, satírico e trágico que define, o romance. Na realidade, a narrativa em seu início descreve o aparecimento em Moscou de Woland, um misterioso estrangeiro que se apresenta como mestre de magia e que estava na cidade para apresentar shows de mágica baseadas em magia negra. O passar das páginas, todavia, revela que Woland é na verdade uma entidade satânica, capaz de muitas maldades.

Contudo, a obra não trata Woland como um herói inapropriadamente diabólico. Este tipo de preconceito é enraizado muitas vezes em crendices populares, mas se for averiguado mais a fundo por leitores curiosos, percebe-se que Woland e seu séquito (composto por Korôviev, espécie de tradutor e ilusionista; Azazello, de feição vampiresca; Behemoth, o famoso gato preto falante e cômico; e Hella, criada de Woland) não agiam por mal de forma gratuita. As primeiras dezenas de páginas reforçam isso, já que o mencionado estrangeiro surge numa ocasião onde se defendia a inexistência de Jesus Cristo. Esta tese, que estava em voga no contexto político soviético da época (um dos traços do Stalinismo era a negação de religiões, não só na crença ao Filho de Deus) é desconstruída com provas plausíveis pelo "Diabo". Esta é somente a primeira de inúmeras situações que não visam colocar um sentido dogmático de luta entre Deus e Satã, mas sim trazer uma nova tônica à narrativa, que caracteriza toda a oralidade presente na obra: a sátira.

Ela se faz presente em praticamente todas as "cenas" do romance; por vezes de forma indireta ou em alguns momentos expondo situações totalmente absurdas, a sátira faz d'O Mestre e Margarida um livro engraçado, mas baseado num "humor negro" que, com a mesma facilidade que possui em trazer risadas, traz repugnância ao leitor. São inúmeras as situações aleatórias que muito contribuem para que a obra seja um misto de estilos, onde o cômico e o surreal sobrepõem-se sobre todos os outros.

Este outro elemento, a aleatoriedade narrativa, é recorrente nas páginas. Em realidade, Bulgákov mostra um espantoso fluxo imaginativo, que lembra um pouco o realismo mágico sul-americano que surgiu quarenta anos depois (na década de 60), mas de uma forma totalmente crua, sem apegos poéticos. Um dos incontáveis exemplos pode ser extraído dessa parte, longa, mas cuja exposição aqui é necessária para que se atente a leitores mais realistas: "[...] teve a impressão de voar para algum lugar em que avistava montes de ostras em imensos tanques de pedra. Depois sobrevoou um chão de vidro acima de fornalhas infernais a arder, com diabólicos cozinheiros brancos agitando-se entre elas. Depois, em algum lugar, tendo parado de compreender qualquer coisa, divisou porões escuros, onde ardiam uns castiçais, onde moscas serviam carne sibilando no carvão em brasa, onde se bebia em grandes canecas à sua saúde". Principalmente na segunda parte, o livro abriga várias descrições surreais similares que, se fazem com que o livro se torne cinematográfico em excesso, também podem cansar a leitura. O viés do absurdo é previsível ao se tratar de um tema tão mítico quanto o Satanás, mas há na leitura uma sensação intermitente de que se está em um "rolê aleatório".

O Mestre e Margarida é livremente inspirado em Fausto, um poema épico do alemão Johann Goethe (1749-1832), que envolve um personagem desiludido com a vida e que trava conhecimento com Mefistófeles, uma entidade diabólica. Fausto, como obra, serve como uma fonte cultural desconhecida na URSS da época, já que as similaridades entre a obra-prima de Goethe e o séquito de Woland não são percebidas de forma imediata e por todos que presenciam as peripécias deles. Fica a impressão de que Bulgákov tratou essa ignorância como uma forma de alfinetar o Estado, que controlava todo tipo de literatura que estava disponível aos soviéticos e acabou por isentá-los, ao menos temporariamente, de grandes obras literárias da época (Vida e Destino, de Vassili Grossmann, é um exemplo disso). Não é, contudo, o único tipo de crítica indireta que o autor faz às autoridades opressoras: há dezenas de outras espalhadas de forma explícita ou contextual nas quase 400 páginas da edição sempre bem-cuidada da Editora 34.

Além dos absurdos satíricos, Bulgákov traz em O Mestre e Margarida um "romance dentro de um romance". Isso porque os escritos do Mestre no seu trabalho próprio sobre Poncio Pilatos aparecem em capítulos específicos, que contrapõem ao aleatório relatado no contexto de Moscou. Ao descrever a relação de Pilatos com Jerusalém (também chamada pelo seu nome em hebraico, Ierushalaim) e as últimas horas de Ieshua, o leitor terá uma versão "alternativa" dos Evangelhos no que se refere às descrições de todo o martírio de Cristo. São várias as alterações, mas muitos nomes conhecidos se mostram, dando a entender que, no fim das contas, por mais que o Mestre quisesse inovar, os Evangelhos acabaram por ser a fonte principal da sua inspiração, até mesmo no sentido espiritual, de mensagem sagrada que Ieshua transmitiu em seus momentos derradeiros. O foco aqui está em Pilatos, personagem importantíssimo dentro dos Escritos Sagrados, mas cujo caráter individual foi sendo desfocado ao longo dos séculos. Mesmo assim, o romance do Mestre guarda vários momentos maravilhosos, como a conversa entre Pilatos e Ieshua, que lembra um pouco o capítulo O Grande Inquisidor, presente em Os Irmãos Karamázov (1881), de Fiódor Dostoiévski (1821-1881).

A saga de Pilatos balanceia bem com o satírico presente na Moscou da década de 1920, e faz com que O Mestre e Margarida seja um romance razoável em termos de qualidade. Bulgákov quis demonstrar que o grande mal, o verdadeiro "diabo" está num Estado totalitário, que não tem capacidade para entender o subjetivo ou o abstrato (os últimos capítulos da obra e as informações reveladas no ótimo posfácio do tradutor Irineu Franco Perpetuo, da citada edição, reforçam esse contraponto). O autor faz isso abarcando uma imensidade de temas, que, se não possuem estruturação própria, amarram-se para construir uma história cômica e sombria, romântica e aterradora, entre outros dualismos que surgem e ressurgem num piscar de olhos.
Sheila Lima 11/08/2019minha estante
Como eu gosto das suas resenhas.
Sempre gostei!


Lucas 12/08/2019minha estante
Obrigado Sheila. :)


Rosa Santana 27/08/2019minha estante
Estou a ler o livro! Gostando bastante. Sua resenha está excelente. Parabéns!!




Lusia.Nicolino 02/08/2019

Manuscritos não ardem
“Manuscritos não ardem” – você vai encontrar essa frase no clássico O Mestre e Margarida.
Mas não é um clássico para iniciantes, e não porque é um clássico, mas porque é uma leitura difícil. Afinal, conta a história do dia em que o Diabo, com sua trupe, visitou Moscou. Descubra quem é o Mestre, desnude Margarida. Um dos livros que mudou os rumos da literatura russa.
Uma obra recheada de ácidas críticas ao governo, de enfrentamento. Uma história de humor negro que, apesar de retratar a Rússia soviética de Stalin, pode facilmente ser transportada aos dias de hoje em muitas situações.
É uma viagem que merece que você se acomode na janelinha.
Bulgákov levou cerca de dez anos para terminar a obra, chegou a queimar a versão inicial. As últimas revisões foram ditadas à mulher pouco antes de sua morte, levou mais de duas décadas para ser lançado e, enfim, tornou-se um fenômeno.

site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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