MiCandeloro 12/11/2014
De tirar o fôlego!
ALERTA! Esta resenha pode conter spoilers do primeiro livro, Caçadora de Unicórnios. Leiam por sua conta e risco!
Depois dos últimos acontecimentos vividos em Caçadora de Unicórnios, Astrid está de volta, mas com novos dilemas a enfrentar.
A existência dos unicórnios, monstros selvagens e comedores de gente, foi revelada ao mundo. O pânico foi instaurado entre a população e cada vez mais surgiam relatos de ataques e de pessoas mortas e feridas por tais bestas. As caçadoras nunca foram tão importantes e requisitadas como agora. Principalmente depois que a odiável Lilith havia se tornado consultora sobre o assunto e estava famosa, participando de inúmeros programas de TV e em vias de lançar um livro.
Astrid desprezava o panorama distorcido criado pela mãe, que se mostrava ainda mais fria, distante e negligente para com ela. Mas o Claustro precisava de ajuda financeira, especialmente após ter perdido o apoio da Gordon Pharmaceuticals e de estar com um contingente cada vez menor de caçadoras, em razão de algumas baixas e da doença de Cory. Então, não havia outra maneira a não ser baixar a cabeça e aceitar todas as loucuras feitas por Lilith.
Mas Astrid estava cansada daquela vida de caçadora, questionando seguidamente os seus propósitos dentro da Ordem. Sobretudo, quando descobriu sobre o acordo feito por Clothilde e Bucéfalo, restando ciente acerca da possibilidade de humanos e unicórnios viverem em equilíbrio. Que sentido tinha continuar matando seres que apenas lutavam pela sua sobrevivência como qualquer outro animal selvagem?
A jovem caçadora estava perdida, sem esperanças de um futuro normal como um dia tinha imaginado, em especial, depois que Giovanni fora embora para estudar em Nova York. Para piorar a situação, Phil estava distante e alheia, dedicada à sua cruzada Salvem os Unicórnios. Astrid nunca se sentiu tão sozinha. Portanto, não hesitou ao aceitar a missão de voltar com Cory a Londres para mantê-la afastada dos perigos do Claustro.
Entretanto, um pequeno desvio de rota presenteou Astrid com inúmeras novas possibilidades inimagináveis: parar de caçar unicórnios, voltar a estudar e ajudar em pesquisas científicas para encontrar o segredo do Remédio e salvar tantas pessoas. O problema é que tais dádivas cobrariam um preço alto que Astrid ainda não tinha certeza de se queria pagar.
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!
***
Chocada! É assim que estou ao terminar de ler Alma da Fera. Ainda não me recuperei do rumo que a história tomou. Quando comecei a ler aquelas linhas que tanto me deram saudades, de uma narrativa em primeira pessoa tão bem escrita por Diana Peterfreund, contando a história de uma das minhas personagens favoritas, fiquei em êxtase.
Mergulhei de cabeça naquelas páginas como se não houvesse amanhã. Voltei para o Claustro e sua áurea de magia, prendi o fôlego em novas caçadas alucinantes e compartilhei das dores e dúvidas de Astrid, a Guerreira. Em Alma da Fera, as coisas estão diferentes. Depois de meses vivendo o celibato e a constante violência, as caçadoras mudaram, endureceram, perderam sua inocência, deixando o clima da trama bem mais adulto, tenso e sombrio.
A autora me surpreendeu com um enredo repleto de reviravoltas a ponto de me deixar de boca aberta e com o coração na mão o tempo todo. Quando eu achava que já tinha compreendido tudo, lá vinha ela dar uma nova guinada. Fiquei um pouco triste por alguns personagens terem perdido um pouco de destaque, mas compreendi que foi necessário para o novo panorama inserido na história. E uau, que panorama.
Outrossim, palmas para as críticas explícitas adicionadas na obra a respeito da preservação dos animais em extinção e do difícil dilema no qual vivemos ao termos que escolher qual ser é o mais importante: o humano ou o animal. Quando Astrid passa a se comunicar com os unicórnios e a desvendar suas almas, enxerga que suas vidas valem tanto quanto a dos humanos. Por que ela tem que matar dezenas deles, em seu próprio território, para defender aqueles que são seus reais predadores? E que sentido tem manter tantos em cativeiro, sacrificando seu bem estar e suas vidas para salvar os humanos que os querem mortos?
"O quanto era preciso penetrar na natureza antes que os direitos das pessoas dessem lugar ao direito dos animais selvagens? Haveria um momento em que os animais seriam mais importantes? (...) O resultado final era o mesmo: você podia matar unicórnios para salvar pessoas. Essa era a regra, certo?"
Essas e outras perguntas sem respostas nos são suscitadas no texto. Apesar de serem aparentemente direcionadas a seres míticos, poderiam ser aplicadas a quaisquer animais que conhecemos. A fantasia acaba sendo utilizada para questionarmos assuntos que nos são tão importantes, seja de cunho universal, seja de cunho pessoal.
E gente, e o final, o que foi aquele final com aquela série de revelações? Como queria poder amenizar o fardo de Astrid, que não tem fim, mas ela mesma sabe da importância do seu dom e mal posso esperar para saber o que vai acontecer no último volume da trilogia.
Só tenho uma única ressalva a fazer quanto à obra, senti dificuldades de me relembrar dos detalhes do primeiro livro, e como Diana não fez um resgate nos primeiros capítulos da história de Caçadora de Unicórnios, demorei um pouco até me situar em Alma da Fera, já que fazia mais de um ano que li seu antecessor. Portanto, se puderem ler um seguido do outro, será bem melhor para vocês.
site: Resenha: http://www.recantodami.com/2014/11/resenha-alma-da-fera.html