Lina DC 04/10/2014A história é narrada em terceira pessoa e tem como foco Polly e as personagens que rodeiam a sua vida. Polly está se apresentando na Terceira Edição do Rio Non-Stop, um grande festival de música e uma oportunidade única de demonstrar o motivo de ter sido considerada a revelação do ano aos 22 anos de idade. Apesar do auge de sua carreira, ela só consegue sentir o vazio... e tentará suprir isso com ações que podem magoar aqueles que mais a amam.
A primeira impressão do leitor é de que a protagonista tem uma vida perfeita: faz o que gosta, tem uma mãe amorosa, um namorado perfeito, sucesso, fama, fãs. Mas nem sempre as aparências representam a verdade.
Polly é uma jovem com muitas cicatrizes emocionais relacionadas a perdas que teve como jovem. Após uma grande tragédia, seu pai Sidney não consegue lidar com as consequências e a abandona com sua mãe Angela. Mas antes disso ele diz algumas coisas realmente cruéis que a marcam profundamente. A partir desse momento, Polly larga suas crenças, deixando apenas que a sua mãe cultive a esperança de que tudo dará certo.
O livro é composto de inúmeros personagens que estão intrinsecamente ligados mesmo sem saber. O autor construiu uma teia de relacionamentos complexos que conforme a trama se desenrola, o leitor consegue observar o efeito dominó que uma determinada ação causa em todos.
O foco principal do livro é a fé e os valores e crenças pessoais. Mas não confundam a fé com a religião. A maior parte dos personagens é motivado por valores que foram cultivados em algum momento de sua vida, mas que acabaram se perdendo no caminho. Como no mundo real, a história é composta por diversas personalidades. Essa composição complexa torna a história real: profissionais de diversas áreas, com problemas pessoais reais e que cometem erros. Alguns se baseiam em honra, família, amor, outros acabam colocando prioridades diferentes em sua vida. Alguns frequentam cultos, missas, outros baseiam-se na mais pura fé. Com capítulos alternados, o leitor acompanha a vida desses personagens.
Um marido que deseja suprir todas as necessidades de sua esposa e filha, pois não teve muita coisa quando jovem, mas que esquece o principal: o amor. Sua obsessão em se focar no trabalho e no dinheiro cria um abismo cada vez maior.
Uma jovem que sofreu desilusões demais e se afastou do mundo, mas ao mesmo tempo expressa uma sensibilidade imensa e um talento indescritível ao criar belíssimos arranjos florais.
Uma adolescente que faz de tudo para chamar a atenção de seu pai ausente. Sophia tem 17 anos, é bonita, inteligente, tem uma mãe amorosa, um padrasto presente, mas seu pai, o produtor Marcos Franco não percebe o quanto ela sente a sua falta.
Um namorado que abriu mão de suas crenças pessoais para ficar com a pessoa amada e vive rodeado de inseguranças graças a fama de Polly. Renan é uma rapaz de 24 anos, muito carinhoso e apaixonado.
Um jovem jogador de futebol que aproveita a fama e notoriedade com futilidades e relacionamentos frívolos e que começa a perceber o vazio de sua vida.
Um pai que cometeu muitos erros e precisa aprender a se perdoar para conseguir pedir perdão à família que abandonou.
Uma cantora que tem o mundo aos seus pés mas que precisa colar os pedaços do seu coração, aprender a perdoar e praticar os valores pessoais que secretamente acredita.
"A Promessa" é o primeiro livro de uma série que discute com os leitores situações do dia a dia: amores perdidos e reencontrados, a família, os filhos, a fé e o amor.
"Ela pisou no pedal da máquina e começou a costurar o vestido, pensando como seria bom se aquela máquina pudesse também costurar o seu coração." (p. 59)
Em relação à revisão, diagramação e layout foi realizado um ótimo trabalho. Os detalhes no início dos capítulos e nas laterais das páginas que enriquecem a obra. Existem alguns errinhos de digitação, mas nada que interfira na leitura.
Uma história que fala de recomeços e segundas chances, que nos ensina a sermos genuínos e sempre apreciarmos aqueles que amamos.
"Ficou pensando que, como aquele vestido estava apagado sem as flores nele, a sua vida também se encontrava da mesma forma, faltava brilho, faltava cor, faltava vida." (p 70)