Gustavo Carvalho 21/01/2023
Agoniante
Apesar de considerar o livro "razoável", dei 3 estrelas. Todas as quase 450 páginas são de e-mails, SMS, bate-papos, cartas ou cartões. Não há interação de verdade, nem um mísero diálogo em tempo real, e olha que os personagens são relativamente modernos, e acompanham o progresso da tecnologia durante os anos. Não gostei da forma como a autora escolheu escrever o livro, e definitivamente não gostei da diagramação das correspondências. Era difícil entender a passagem de tempo, e às vezes até mesmo saber quem tava falando.
A história, em si, me deu agonia! Eu segui lendo na força do ódio (dos protagonistas) e querendo saber quando Rosie e Alex ficariam juntos. Apesar de serem abertos e conversarem sobre tudo, falta muita comunicação para esses dois. Não falam do que realmente importa. Tudo bem que há o medo de perder a amizade, mas perderam ANOS da vida em relações sem futuro por não conseguirem ser abertos sobre os próprios sentimentos. Principalmente, a Rosie. Fiquei com raiva dela em diversos momentos. A vida do Alex foi pautada no silêncio (não o bom) da Rosie, nas mentiras que ela contava para si e para os outros, e apesar de ele ter feito escolhas ruins, era uma pessoa muito boa. Tentou mais do que ela, isso é certo.
De resto, eu nunca pediria conselhos pro Phil (irmão do Alex), adorei a Steph (irmã da Rosie) e nem sei se detestei o Kevin (irmão dela), porque sua existência é irrelevante. De longe, os melhores personagens são a Ruby e a Katie. E que bom que, depois de décadas, ela reencontrou o Toby, melhor amigo de infância, e escolheu ser feliz ? diferentemente da sua mãe.
Sally e Greg só serviram pra contribuir com a distância entre os protagonistas (ele é muito babaca), e Bethany... Eu me recuso a falar sobre esse erro de percurso do Alex. Não dá pra culpar a Rosie por ele fugir de si, mas eu quero culpá-la mesmo assim.
Por fim, a história narra os percursos das relações durante toda uma vida, familiares ou não, como amores vem e vão, e amizades estremecem, mas, quando verdadeiras, permanecem. Achei bem natural todo esse curso, e gostei do paralelo que a amizade de Katie e Toby fez com a da mãe e do padrinho. Foi parecida até certo momento, mas diferente em muitos aspectos. Também foi interessante observar as várias fases da vida de uma pessoa, e me peguei refletindo (e temendo) sobre a minha mesmo. Acho que isso foi o que me deixou mais angustiado. Mais até do que a comunicação inexistente.