Lu 18/03/2015
Acabou-se o que era doce
Eu cheguei a achar que em 2015, eu ficaria incólume. Depois de uma sequência de sete ótimos livros, eu começava a voltar a vonfiar no meu faro literário para boas compras.
Eu não estava contando com a Colleen Oakes e sua Rainha de Copas.
Vamos ser francos aqui: a culpa é do Tim Burton. Não se passava uma página sequer sem que eu não visualizasse uma cabeçuda e ruivíssima Helena Boham Carter andando para cima e para baixo na história inventada pela Colleen e gritando "CUT OFF HIS HEAD!!!!!". E olha que a autora teve tanto trabalho para inventar lindos vestidos com os coraçõezinhos-símbolo da família real do País das Maravilhas. Uma pena.
De fato, a versão do País das Maravilhas e alguns twists na história são o que o livro tem de melhor, especialmente o melhor amigo de Dinah, Wardiley. De resto, sinto muito, mas vi muito babado e estampa de coração e pouca consistência na construção dos personagens. Dinah é até uma personagem interessante... Fiquei especulando como ela passou de vítima da crueldade do pai à uma monarca tão ou mais sanguinária que ele. Acho que a autora quis criar algo semelhante ao relacionamento de henrique VIII e Mary Tudor, mas faltou profundidade. Falta força a Dinah.
A narrativa não é ruim, mas a autora parece mais preocupada com a criação do ambiente do que com a história em si. Lembra um pouco a série "Luxo", da Anna Godbersen: o livro parece a descrição de um quadro. Muito rico em detalhes, criativo e tal. Mas uma boa história é feita de muito mais do que meras descrições de vestidos. Faltou o essencial ao livro da Colleen: talfou vida.
O resultado é que mais de uma vez, eu pensei em abandonar a leitura. Por falta de paciência, de interesse, por ressaca literária. Até há um gancho para o livro seguinte, mas acho que vou poupar meu rico dinheirinho e comprar outra coisa.
Eu recomendo se você realmente estiver muito curioso sobre a "versão da vilã" da história do Lewis Caroll.