Nuqton 30/10/2022
Souvlaki Space Station
Um mangá lindamente filosófico ao demonstrar em metáforas do quão complexo e diverso é o indivíduo. Dos mais sábios ao mais tolos, dos justos aos injustos, do vulnerável ao invulnerável, do versátil ao limitado... Homunculus nos mostra como, independente de nossa impermeável personalidade, todos possuímos traumas e pontos fracos que, quando enfrentados, podemos tomar um rumo, um caminho, não só para adquirir a auto-aceitação, mas também o auto-conhecimento sob nós mesmos (e é claro que o nosso protagonista está incluso nesse meio).
Tendo isso em mente, preciso falar sobre o nosso protagonista (Nakoshi): um rapaz que já foi rico e bem sucedido, e hoje se vê quebrado financeiramente. Após perder tudo e viver como um sem-teto, vaga sem rumo pelo mundo em busca de um objetivo, vendo-se no meio termo de um passado que cobiçava, ao presente que ele jamais esperara. Quando o nosso protagonista finalmente se encontra com Manabu (o nosso brilhante coadjuvante), ele adquire um dom bastante peculiar: ver os "corações" das pessoas, seus pontos fracos... seus homúnculos.
A partir daí, o nosso protagonista se torna uma espécie de herói, que ao esbarrar em pessoas psicologicamente quebradas, ele as ajuda resgatando memórias e traumas passados que, mesmo estando fixos no inconsciente, ainda refletem no próprio indivíduo a dor de ter sentido aquele trauma. Não darei mais detalhes pois senão quebrarei a sua doce experiência.
Ao terminar a leitura desse mangá, fiquei abismado não só pelo final que presenciei, mas pela revelação que o nosso protagonista se choca: ele tinha o dom de ver o coração dos outros, mas se esqueceu e perdeu o rumo de saber quem era ele mesmo depois de tanto rejeitar seu próprio passado. Ou seja, ao caminhar sob a história, não iremos conhecer somente as vítimas e seus traumas passados, mas também o que tanto assola o nosso protagonista.
Homunculus é uma linda jornada sobre o psicológico humano, que mostra passos profundos de auto-conhecimento diante uma trilha de imensa caminhada. Ao chegar no fim de uma trilha para percorrer outra, para a nossa surpresa, existem dois caminhos (duas opções irreversíveis) a serem seguidos em meio a essa caminhada: o da direita (plenitude e aceitação), e o da esquerda (loucura e obsessão). Qual desses caminhos o nosso protagonista vai seguir? Seria esse realmente o destino final? Existe algum final?
Adoraria responder essa pergunta, mas não sei se tenho resposta... Você tem?