Elisa 16/12/2014
Lincoln acabou de voltar para sua cidade natal (e para a casa de sua mãe), após se formar (de novo) e conseguir um emprego como agente de segurança da internet em um jornal. O que ele não imaginou, ao ler a descrição do cargo no anúncio, é que suas funções incluiriam ler os e-mails de toda a redação. É verdade que todos os funcionários sabiam que seus computadores estavam sendo monitorados, mas nem por isso Lincoln deixa de achar seu trabalho bem estranho e, talvez, eticamente contestável.
A situação piora quando ele começa a ler as mensagens trocadas entre Beth e Jannifer, duas amigas que discutem sobre absolutamente tudo através de seus e-mais do jornal. Desde o começo ele deveria ter enviado um alerta por escrito à elas pelo uso indevido da internet no escritório, mas as duas eram tão engraçadas que ele acaba se envolvendo em suas histórias e perdendo a coragem de denunciá-las. Afinal, elas nem estavam fazendo algo muito errado, estavam? Nada de pornografia, espionagem corporativa etc.
O que ele planejava, então, já que era tarde demais para mandar um alerta sem parecer estranho (ficaria obvio o quanto ele já leu), era simplesmente parar de ler seus e-mails, deletar todos os que fossem filtrados e se esquecer de que já havia lido algo algum dia. Mas é claro que isso não acontece. Caso contrário, não haveria história a ser contada, certo?
Sabe quando você se apaixona por um livro logo na sinopse, leva pra casa já folheando e depois lê até desmaiar de madrugada com ele na cara? Ele é esse tipo de livro. Falando sério, eu levei pouco mais de 24h para terminar de ler. Eu li sem nem ver o tempo passar. Ele é bom esse tanto.
Histórias contadas através de e-mails não são nenhuma inovação, mas essa foi a primeira vez que eu vi um livro nesse formato passado em uma época em que esse tipo de troca de e-mails ainda acontecia: 1999, quando internet no escritório ainda era novidade. Porque, falando sério, quem em 2005 ainda trocava mensagens assim, como se fosse facebook? A ambientação foi muito bem feita, desde a preocupação dos personagens com a virada do século até os estilos de cabelo em moda.
Também foi muito interessante ver um romance narrado pelo ponto de vista do protagonista, não da protagonista. O Lincoln é, como a Beth logo percebe, um fofo. Ele é muito fofo, absurdamente fofo. Fofo demais. Cativa o leitor completamente.