From Hell

From Hell Alan Moore
Eddie Campbell




Resenhas - Do Inferno


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Larissa | @paragrafocult 20/09/2019

Brutal e maravilhosamente sanguinário.
Peguei essa hq emprestada com um amigo que é dono de um sebo aqui perto de casa. Como tenho o hábito de ler bem rápido, achei que em um ou no máximo dois dias já teria terminado a leitura mas que engano. É impossível ler essa graphic novel correndo. Muita informação é despejada na gente pelas páginas, muitos personagens são apresentados e apenas correr a leitura resultaria em conteúdo perdido.
Esse foi o meu terceiro contato com o trabalho do Alan Moore. O primeiro havia sido com A Piada Mortal (hq que conta a sua versão para o surgimento do Coringa do Batman) e o segundo com Watchmen (hq e o filme, ambos maravilhosos). Assisti também ao filme V de Vingança que é inspirado em um de seus quadrinhos publicados, mas não li a novel do mesmo. AINDA.
Me lembro de ter amado e ficado fascinada pela leitura, porém mesmo dois anos depois, nunca mais havia lido nada do autor mas uma coisa havia ficado bem clara para mim: Ele adorava inserir críticas sociais e ao sistema de uma forma que se você for colocar tudo no papel, irá facilmente conseguir traçar um paralelo com a realidade do momento.
Em Do Inferno, Alan Moore nos leva para a Londres do século 19. Nela, somos apresentados a vários personagens: primeiro dois homens já de certa idade conversando sobre um fato passado que marcara totalmente a vida deles quando mais jovens, depois a um jovem ambicioso chamado William Gull que tem a oportunidade de virar médico e por fim a um rapaz que se encanta por uma jovem, engatando então um romance com ela.Logo no começo já sabemos quem é o assassino e as suas motivações então a história não é sobre descobrir o culpado ou suas intenções. Não, é bem mais além disso. Na verdade foge de apenas um rótulo de trama no estilo "gato e rato". Quando a rainha descobre que há um bastardo da família real à solta e que um grupo de prostitutas está tentando conseguir dinheiro com a informação através de chantagem, ela chama seu confidente para resolver a situação.
Vale dizer que por se passar no fim da Era Vitoriana, apesar de toda a prosperidade devido a expansão do império e da Revolução Industrial a desigualdade social era muito grande, principalmente envolvendo mulheres. Tanto que as principais vítimas do assassino tem todo um pano de fundo. Não eram apenas prostitutas. Tinham uma vida antes mas que por alguns acontecimentos infelizes, acabaram ali.
William Gull, o assassino, é mostrado como um homem muito inteligente, um médico habilidoso, maçom importante, próximo da rainha e com uma mente completamente doentia e fria. Para ele, apenas "resolver o problema" como a rainha pedira não era o suficiente. Então o homem monta todo um plano recheado de esoterismo, maçonaria e teorias mirabolantes de sua mente para executar as jovens. Um adendo: William Gull realmente existiu (pode "googlar"), assim como muitos personagens da história.
Paralelamente é mostrado a reação da imprensa com relação aos acontecimentos. A super-exposição da mídia e suas consequências, o desespero por pautas chamativas que atrapalhavam as investigações, a ambição das pessoas e tudo o que tornou Jack, O Estripador, quem ele é hoje em dia: uma lenda, o primeiro grande serial-killer e que nunca foi capturado.
Moore nos mostra aqui o ser humano como ele é, em toda a sua ambição e cinismo, sem medo e receio de prejudicar o próximo para o seu bem-estar. O autor pegou fatos reais e misturou com fatos ficcionais para criar a grande teia de acontecimentos que é Do Inferno. Definitivamente não é uma HQ para crianças porque contém cenas de sexo fortes e de extrema violência, afinal, toda a trama central gira em torno de Jack e seus cruéis assassinatos.As ilustrações são bem diferentes de todas as hqs que já li, tendo um estilo mais rabiscado, trash. Demorou para eu me acostumar mas gostei bastante. Combina com o estilo visceral da trama. As cenas de assassinato são bem explicitas, na verdade uma se destaca mas todas tem uma narrativa muito bem feita. Não é uma história de terror, eu diria que é mais para o horror porque te causa repulsa mas não medo.
O mais bacana é que algumas mensagens nos são passadas de forma implícita que talvez de primeira você não perceba ou apenas não entenda, ao menos não até ler as anotações de Moore. Como uma cena em que William em êxtase com o assassinato que está cometendo e do nada se vê dentro de um prédio executivo em pleno século 21. Sim, e tem todo um significado simbólico por trás disso. A história traz muitas mensagens nas entrelinhas e cita muitos personagens famosos e reais durante suas páginas, como o Homem-Elefante, Oscar Wilde (meu amor maior

site: https://paragrafocult.blogspot.com/2019/09/resenha-do-inferno-de-alan-moore-e.html
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Luisa Jordana 31/07/2019

Denso, cru e primoroso
Uma leitura que me marcou, sem dúvidas! Obra prima dos autores Alan Moore e Eddie Campbell, com uma trama finamente costurada entre fatos históricos muito bem embasados que se misturam à ficção mais plausível possível à época e aos acontecimentos que culminaram nas atrocidades cometidas pelo chamado ?Jack Estripador?.

É uma graphic com uma narrativa bastante intrincada, que exige certa atenção do leitor pela riqueza histórica e pela quantidade de personagens. Mas, sem dúvida alguma, é uma leitura que, após finalizada, traz uma carga de amadurecimento preciosa ao leitor.

No decorrer da leitura, confesso que passei a repugnar muito mais a rede que foi construída por pessoas de notável influência para encobrir os terríveis assassinatos do que o próprio assassino. Creio que essa seja a grande jóia da leitura, o retrato fiel da Londres Vitoriana e os inúmeros jogos e falcatruas políticas que serviam para encobrir a podridão da coroa britânica e dos seus subordinados.
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Daironne 17/07/2019

Impressões sobre a leitura de Do Inferno
A história do famigerado assassino serial Jack, O Estripador, contada em uma trama intrincada envolvendo a realeza britânica e a maçonaria, fortemente baseada na obra “Jack The Ripper: The Final Solution”, de Stephen Knight.

O próprio autor confessa, em um apêndice, se tratar de uma teoria superada para o caso do estripador, mas com excelentes elementos para uma trama ficcional. E que trama. Embasada em muita pesquisa, documental e local, a obra nos transposta para a Londres vitoriana, não raro nos conduzindo por acontecimentos aparentemente diversos e depois unindo-os no enredo de forma brilhante.

Uma pequena crítica que faço é que o traço do desenhista não difere bem fisionomias: por vezes se torna difícil distinguir um personagem de outro ou identificar que personagem é aquele. Isso é piorado pelo fato de existirem muitos personagens com nomes iguais ou parecidos, podendo confundir ainda mais o leitor.

Fortemente recomendado, uma das melhores HQs que já li. Via de regra, não gosto de quadrinhos de super-heróis e afins, admito até certo preconceito em relação a quadrinhos por entender que todos são "infantis", "supereróicos", rasos. Estava fortemente enganado: existe muito quadrinho adulto, sério, profundo e de excelente qualidade.
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@danielbped 21/06/2019

Nesta HQ, o mestre Alan Moore, aborda os feitos de Jack, o estripador através de uma perspectiva do próprio Jack. Desde o começo já nos é revelada a identidade do estripador, que nos é apresentado sendo o Sir William Gull, médico oficial da rainha. Apesar de se tratar de uma obra de ficção, o Dr. William Gull realmente existiu, e realmente é um dos suspeitos por ser o Jack, o estripador. O Alan Moore realmente fez um estudo sobre o caso, nos anexos ele nos explica, página por página, o que foi criação dele e o que de fato aconteceu. A verdadeira identidade de Jack, o estripador é um mistério até hoje em dia, porém existem centenas de suspeitos, o que nos resta é a especulação.
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Emilia Yumi 30/04/2019

Adaptação para HQ de uma das teorias de Jack, o Estripador.
Adaptação para HQ de uma das teorias conspiratórias que pode ter dado origem a figura de Jack, O Estripador. A conspiração envolvendo a rainha Vitória, a Maçonaria e a população em si; a ambientação, os costumes e os próprios assassinatos são mostrados nos mínimos detalhes, tudo fruto de uma extensa pesquisa realizada pelos autores e retratados no imenso apêndice no final do Graphic Novel. A obra é de assombrar!! Para os colecionadores, simplesmente uma obra-prima!! Imperdível!!
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TheusFreitas13 12/09/2018

Obra prima de Alan Moore!!
Do Inferno é grandioso de todas as formas, seja a história, o autor, e a grossura da HQ em si.

Uma de muitas teorias de quem era Jack O Estripador contado de forma assustadoramente realista e repugnante no bom sentido. A narrativa te prende junto a atmosfera fria e tenebrosa de Londres do século XIX, graças aos traços muito bem detalhados dos cenários e personagens.

A motivação da criação do assassino mais famoso da história é tentadora de não se achar curiosa, apesar das várias injusças cometidas até ele se tornar o que de fato a história se lembra. Seus objetivos são plausíveis, conforme o próprio vai explicando aos leitores detalhadamente enquanto conversa com um personagem em várias rotas de uma carruagem incrivelmente grande do tamanho de um capítulo inteiro (o que não deixa a leitura maçante mas sim mais rica).

Após o primeiro assassinato, entra o lado investigativo da trama, muito bem elaborado e ótimo de acompanhar, mesmo sabendo de que os mocinhos estão na trilha errada, e que não irá mudar o destino das vítimas já marcadas.

Sem spoilar, há um conceito sobre viagem no tempo em alguns pontos da HQ ao todo (principalmente perto do fim) em que alguns leitores podem achar uma forçada de barra por não compreender onde se encaixa aquilo. Não foi no meu caso, apesar de ter compreendido errado (li no Aprêndice depois), fiquei com aquela idéia e achei genial terem incerido tal conceito.

Ao final da leitura (que por sinal é um dos melhores finais que já vi tanto em HQs, livros, filmes ou séries), temos um Aprêndice enorme com diversos comentários super interessantes sobre cada quadro de cada capítulo, explicando referências, inspirações e outros conceitos como a viagem no tempo.

Por bem, a HQ Do Inferno é simplesmente uma obra de arte para os colecionadores. Com temas bem pesados, não é recomendável para menos de 18 e nem a pessoas sensíveis. Não só pelas cenas sangrentas e palavriados, mas também pela própria atmosfera que o autor nos coloca da época.
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Cleber Farinazzo Jr 19/03/2018

DO INFERNO (Alan Moore)
(trilha sonora: "Assassin" - Motorhead)

Do Inferno é uma graphic novel de ficção histórica que se utiliza de uma extensa pesquisa para remontar a história de Jack, O Estripador, na medida do possivel. Mais do que apenas a história do assassino, é a história da cidade, do período, de tudo ao entorno.

Os personagens que poderiam ser, a princípio, secundários, possuem bastante atenção ao longo de trama, que parece ir mudando de protagonista conforme a história avança, dando ao leitor um panorama de tudo o que cercava aqueles acontecimentos. O assassino, ao invés de protagonista, acaba sendo um entre os diversos personagens. A escrita de Alan Moore é primorosa, conduzindo cada fio da história com maestria, sem nunca deixa a peteca cair.

A arte de Eddie Campbell pode não chamar a atenção incialmente para quem apenas folhear o livro, mas no decorrer da leitura o trabalho dele se mostra excelente. Os desenhos, na maior parte do tempo, tem uma aparência meio rascunhada, meio rabisco, meio "sujo", o que combina perfeitamente com a história, dando o tom exato que o ambiente precisa. Mas também há sequências de desenho mais limpo, mais trabalhado. Há muitos quadros que te fazem interromper a leitura para ficar adimirando como cada rabisco daquele desenho na verdade parece ter sido feito de maneira precisa e cirúrgica.

O livro toma uma profundidade maior com a leitura dos apêndices.

No primeiro apêndice Alan Moore comenta o que escreveu em cada capítulo, algumas vezes página por página. Aponta as fontes de pesquisa, o que é exato, o que é especulação, o que é inventado para preencher lacunas e justifica cada decisão tomada. Até mesmo diálogos e características de personalidade dos personagens são comentados e justificados.

No segundo apêndice é feito um resumo histórico do avanço das teorias, descobertas e especulações sobre Jack, O Estripador, até chegar nele próprio, Alan Moore, escrevendo sua obra. É bem interessante ver todo o "telefone sem fio", mau intencionado ou não, se formando e gerando teorias, documentários, livros e "verdades" mentirosas sobre os acontecimento ao longo de tanto tempo, o que permite entender o quanto há ou não de credibilidade em cada obra citada por ele como referência.

É uma obra monumental. Impressionante.
Altamente recomendada.

5/5.
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Doug 02/01/2018

Talvez a melhor HQ que você lerá na vida
Cuidem dos seus pescoços perante uma das maiores HQs de todos os tempos. Alan Moore e Eddie Campbell foram geniais em criar a história do famoso mito em torno do assassino Jack o Estripador com uma ótica própria, misturada à elementos ocultos e elementos históricos.
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Mauricio (Vespeiro) 01/11/2017

“Ninguém ajudará o filho da viúva?”
Como diria Jack, “vamos por partes”! (Não acredito que não resisti!) A graphic novel “Do Inferno” é uma das melhores que já li. Escrita por Alan Moore e ilustrada por Eddie Campbell, a obra traz a famosa história de Jack, o Estripador, serial killer que agiu na Londres de 1888 e cuja identidade é incerta. Muitos livros, teorias e estudos publicados não são unânimes na solução do caso. Nos quase 130 anos de especulações sobre os crimes de Whitechapel, surgiram perto de duas dezenas de suspeitos (excetuando-se da conta os malucos que apareceram assumindo a obra). A linha adotada por Moore e Campbell aponta para o Dr. William Whitey Gull. Ela foi baseada principalmente no livro “Jack The Ripper: The Final Solution”, de Stephen Knight. Não que Moore a considere a mais consistente (nos apêndices ele mesmo diz que é uma teoria superada), mas provavelmente por ser aquela com elementos mais interessantes para contribuir com uma “ficção especulativa”, como ele prefere classificar sua obra. As suspeitas levantadas por Knight sobre a participação direta da maçonaria e da realeza britânica nos crimes deixa a trama muito mais rica e complexa.

É brilhante o trabalho de pesquisa, tanto histórica quanto gráfica, para a execução de “Do Inferno”. Livros lidos passaram de cem. Acrescente aí documentários, filmes, fotos de época, referências aos crimes em outras obras, referências indiretas de autores contemporâneos e muita criatividade para contextualizar tudo isso. Não bastasse o enredo principal, Moore ainda incluiu de forma saborosamente verossímil a presença de personagens históricos (William Blake, Oscar Wilde, Aleister Crowley, Conan Doyle, William Yeats, Robert Louis Stevenson, para citar apenas alguns) como coadjuvantes. Foram mais de dez anos de dedicação para oferecer quase 600 páginas numa peça incomparável. Precisa ser dito que é necessário ter um vasto repertório para aproveitar apenas parte das referências que enriquecem a obra. Alan Moore é um gênio, indubitavelmente.

Uma extensa aula de história, mitologia e arquitetura de Londres percorre o livro inteiro, mas ganhou um capítulo à parte. O passeio de coche com William Gull (no caso, o próprio Jack) e Netley mostra detalhes arquitetônicos cuidadosamente colocados na narrativa e conta com as ilustrações - concebidas num estilo que fica entre o rascunho e o pré-finalizado, que combinam perfeitamente com o clima proposto - de Eddie Campbell. Aliás, Campbell foi muito preciso e trouxe um compêndio de referências visuais, recriando a Londres do final do século XIX, tendo como base fotos, pinturas, mapas novos e antigos. Outro capítulo extasiante mostra o “trabalho” de Jack em uma de suas vítimas. São mais de 30 páginas onde é impossível não arregalar os olhos.

O gran finale são as 60 páginas de dois apêndices. O primeiro obriga o leitor (que o faz com prazer) a praticamente reler todo o livro, pois Moore explica tudo, capítulo a capítulo, página a página e, algumas vezes, quadro a quadro, todas as referências que usou, o que é fato histórico, o que é ficção, justificativas por ter incluído passagens específicas. No segundo apêndice, uma divertida e dinâmica jornada no tempo mostra os autores que mais se destacaram publicando suas versões sobre o caso, aos quais Moore rotulou como “estripadorologistas”.

Esta graphic novel foi adaptada para o cinema em 2001, dirigida por Albert e Allen Hughes (os mesmo do chato “O Livro de Eli”), com Johnny Depp no papel do Inspetor Abberline e Ian Holm como William “Jack” Gull.

Curiosidade: Aprendi que BRAN é um deus celta cujo nome significa “corvo abençoado”. Seria esta uma referência também utilizada por George R. R. Martin em “Game of Thrones”?

Nota do livro: 8,23 (5 estrelas).
Simone.GAndrade 02/11/2017minha estante
Adoro o trabalho do Alan Moore, o trabalho dele é impecável!!!


Mauricio (Vespeiro) 02/11/2017minha estante
Tudo aquilo que ele participa fica ótimo! E sempre muito inteligente, como Watchmen e V de Vingança.


Mauricio (Vespeiro) 02/11/2017minha estante
A propósito, a adaptação para o cinema de "Do Inferno" é péssima! A trama filmada tem pouquíssimo a ver como livro. Fizeram uma adaptação baseada em apenas alguns trechos e inventaram uma história terrível, misturando personagens, dando ridículos poderes extrassensoriais para o investigador Abberline, salvando uma prostituta de ser assassinada (quando ela foi originalmente morta por Jack) só para criar um final piegas, apresentaram uma relação amorosa entre Abberline e esta mesma prostituta (quando na verdade o investigador era casado), criaram um suspense tosco para revelar quem era o Jack (o livro só é tão bom e coerente porque desde o princípio já se declara quem é o assassino), as cenas de morte são risíveis, feitas com sangue cor-de-rosa, os cenários são fraquinhos e as atuações deprimentes. Se for ler o livro, ESQUEÇA o filme.


Tiago 02/11/2017minha estante
O trecho sobre a teoria da ?arquitetura da historia" é realmente sensacional.


Simone.GAndrade 02/11/2017minha estante
Não li ainda, mas já está na lista pra ler :)))


Mauricio (Vespeiro) 02/11/2017minha estante
Este é o melhor capítulo, Tiago. :)


Mauricio (Vespeiro) 02/11/2017minha estante
Tem essa última versão impressa, Simone? Ela está ótima e os apêndices são obrigatórios!


Tiago 03/11/2017minha estante
Vespeiro por mais incrível que possa parecer eu vi pessoas comentando que este capitulo sobre a teoria da historia era longo e chato. Quase tive um infarto quando li criticas detonando um dos momentos mais profundos e geniais da obra.


Mauricio (Vespeiro) 03/11/2017minha estante
HAHAHAHAHA... Pena. A obra não é acessível para todos. Como escrevi na resenha, é preciso ter repertório.


Simone.GAndrade 03/11/2017minha estante
Vespeiro tenho sim, acabei de verificar :))))


Mauricio (Vespeiro) 03/11/2017minha estante
Legal! Já estou no aguardo da sua opinião. :)




Tiago 30/08/2017

DO INFERNO

A história de Jack, o Estripador, o primeiro serial killer a ter destaque na imprensa e que aterrorizou a Londres vitoriana do final do século XIX, é o tema desta graphic novel de Alan Moore e Eddie Campbell.
“Do Inferno” possui um tom inicial de suspense que evolui de intensidade à medida que o enredo se constrói. Não é um enredo que tenta domesticar sua historia, ou seja, não existe o menor esforço de atenuar os aspectos mais chocantes e desagradáveis. Tudo é muito visceral, intenso e sem eufemismos. O tom bem pronunciado de erotismo de alguns trechos contribui e muito para a história. Não se trata de uma mera exposição barata de cenas de sexo e sim de algo que cria uma intimidade entre o leitor e os personagens.
Alan Moore sabe bem a história que possui em mãos. Em nenhum momento fica a sensação de que ele não sabe para onde ir. Quem possui um conhecimento razoável sobre os eventos de 1888 em Whitchapel (bairro pobre de Londres onde Jack fez suas vitimas) vai identificar muitos fatos reais que foram inseridos na versão de Moore de modo que criasse uma explicação valida, embora conveniente do ponto de vista narrativo, para as lacunas deixadas pelos eventos reais. É obvio que se trata de uma ficção, mas existem sim elementos que são encadeados de forma coerente de modo que em muitos momentos agente se pergunta: ok, por que não?
Alan Moore levou uma década para concluir essa magnífica obra que é também um retrato da população pobre da Londres do século XIX. E comum encontrarmos textos que exploram a Londres vitoriana porem de uma perspectiva mais aristocrática, ou seja, as residências ricamente mobiliadas com seus jardins ingleses e costumes burgueses. Aqui essa imagem idílica aparece apenas como elemento de realce para mostrar o distanciamento enorme entre as classes sociais do período.
O resultado é um texto muito bem feito e envolvente, pois é importante ressaltar: o fato de um texto ser bom não necessariamente se traduz em uma boa experiência de leitura. Existem livros que possuem um conteúdo excepcional, porem são chatos. Definitivamente isso não acontece em “Do inferno”. Foi um texto que me prendeu desde o inicio!
Os grupos de personagens são muito bem construídos desde as prostitutas com seus diálogos expositivos ao inspetor Aberline, um personagem que não possui vigor ou carisma, mas que se torna interessante devido à ligação que estabelece com uma das mulheres do grupo. O príncipe Albert – neto da Rainha Victoria - têm uma grande relevância, pois é em torno dele que o enredo se constrói, porem ele é de longe o personagem mais apagado.
Sir Willian Gull é sem duvida o mais profundo e enigmático de todos. Na pele do assassino Jack ele consegue elevar a historia ao nível da catarse. Um fato que aparentemente se resume as ações de um louco se transforma numa divagação filosófica que resume o século XIX e projeta o violento século XX. Suas divagações são excepcionais e a sua teoria sobre uma “arquitetura da historia” é algo que nos leva a questionar elementos como a linearidade do tempo.
Nenhum dos personagens mais relevantes é unidimensional, ou seja, todos eles apresentam certo desenvolvimento. A empatia do leitor por esses personagens surge gradualmente de forma que a arte rústica dos traços de Eddie Campbell - que no inicio pode dificultar um pouco o entendimento - se torna completamente irrelevante depois de algumas paginas. Muito tem se falado sobre os desenhos de Campbell. Alguns gostam outros nem tanto, mas o fato é que o aspecto de “rascunho” dos desenhos me agradou bastante.
De fato não é uma arte que prima por uma estética perfeita. Inicialmente pode ser um pouco complicado identificar certos personagens. Um leitor menos detalhista certamente vai se perder em algumas passagens ao se perguntar, por exemplo, se o personagem de determinado quadro é o mesmo do quadro anterior. No entanto, esse obstáculo acaba criando uma atmosfera de mistério que se justifica diante do desfecho. Quem leu sabe do que estou falando!
Existem alguns cortes bruscos – por pura conveniência narrativa - em alguns diálogos que podem confundir um pouco os leitores menos familiaridades com HQs. A linguagem é bruta, agressiva, obscena e sempre acompanha o tom dos elementos que ela busca narrar. O problema é que exatamente onde a obra acerta ela também apresenta falhas: as gírias na linguagem dos personagens são muito atuais e distante da fala do século XIX. Em determinados momentos os personagens não parecem pertencer ao período no qual os eventos ocorrem deixando a sensação de uma caracterização moderna do passado. Por outro lado o uso da linguagem mais atual parece buscar estabelecer uma ligação entre os eventos daquele período é o século posterior. É exatamente essa relação entre o século XIX e o XX que fazem de “Do inferno” uma obra prima magistral.
O desfecho da obra acompanha aquilo que o texto vinha desenvolvendo, ou seja, não ocorre uma grande reviravolta no enredo embora exista um pequeno twist no final que obviamente não direi qual é. Isso faz sentido, pois não existe nenhum mistério em “Do inferno”. O assassino é revelado logo no inicio de modo que o que fica para o final é uma retomada de fatos reais que levam o próprio leitor a repensar o propósito do texto. O objetivo de Alan Moore não foi falar sobre Jack, o estripador. Ele utilizou a história do assassino para abordar outro tema. O que fica após a leitura é a questão: Seria Jack ou o século XX um produto do inferno?


AUTOR
TIAGO R. CARVALHO



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13/07/2017

Adoro histórias de serial killers e adoro teorias conspiratórias. Essa HQ é a união perfeita desses dois pontos. O serial killer em questão é O serial killer: Jack, o Estripador. A teoria da conspiração abordada nessa HQ é uma das trocentas que existe sobre esse caso. Faz tanto sentido que sinceramente nem duvido muito, não.

Ela trabalha a ideia de que o neto da rainha Victoria, o príncipe Albert Victor (também conhecido como Príncipe Eddy), se apaixonou por Annie Crook, uma mulher que trabalhava como atendente em uma loja. Acaba se casando com ela sem nunca revelar a sua verdadeira identidade, mas cai nos ouvidos da rainha que o seu neto será papai. Ela toma medidas drásticas para abafar o caso contratando um médico renomado chamado William Gull. A tarefa dele é se livrar da Annie de alguma forma.

O problema começa realmente quando a amiga da Annie descobre que o príncipe teve um filho ilegítimo e resolve chantagear o amigo do príncipe, Walter Sickert, responsável por apresentar os pombinhos. A rainha fica sabendo e recorre ao William Gull novamente. Só que ele acaba se empolgando um pouco, digamos. Serão cinco vítimas, todas prostitutas, assassinadas de forma terrível. Tem até um quadro a quadro dele mutilando uma das mulheres que precisa ter estômago forte para ler.

Além disso, a história conta com vários cameos de personalidades da época. Homem Elefante e Oscar Wilde são um deles. Fala bastante de maçonaria também, tendo papel fundamental já que o Gull era maçom e graças a isso conseguiu sair ileso, uma vez que membros de alto escalão da polícia faziam parte da maçonaria e mesmo sabendo de toda a verdade acabaram encobrindo tudo.

Outro fator importante foi a imprensa. Ela vai à loucura com os assassinatos misteriosos e assim acaba nascendo a mídia sensacionalista que só ganhou fôlego ao passar dos anos e que continua tão presente ainda nos dias de hoje. A forma como isso é explorado no quadrinho é sensacional. A todo o momento notamos que Jack, o Estripador, sabe que está deixando um legado para o futuro.

Essa edição conta com dois apêndices. O primeiro, bem detalhado, fala de toda a pesquisa do Alan Moore e as partes que ele tomou a liberdade para ficcionalizar. O segundo é sobre as várias teorias que existe sobre o caso. Os dois são leituras complementares bem interessantes.

Como é praticamente impossível absorver todos os detalhes numa única leitura, creio que ela se enriqueça ainda mais numa segunda vez.
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Carlos.Santos 27/06/2017

A OBRA MÁXIMA SOBRE JACK O ESTRIPADOR
Jack O Estripador inaugurou o século XX. Os assassinatos de Whitechapel foram uma prévia do que viria ao longo das décadas seguintes: Duas Guerras Mundiais, genocídios, o cinismo da mídia, a concentração de riquezas, etc e etc...

Nesse mesmo século XX, nasceu Alan Moore, aquele que considero o maior escritor dos quadrinhos de todos os tempos. Aliás, ele também é um dos maiores escritores - de maneira geral - vivos.

Em Do Inferno, munido de uma extensa pesquisa, o britânico reconstrói aqueles fatídicos meses de 1888 em Londres e preenche as lacunas - em aberto até os dias de hoje - com uma história sobre morte, conspiração e insanidade. Descreve nos mínimos detalhes a capital do Império Britânico do final do século XIX: as ruas, as praças, os marcos, a vida noturna, a extrema pobreza e o desprezo e arrogância das classes dominantes.

Nesse ambiente agiu Jack, o primeiro serial killer de que se tem notícia, deixando a polícia e a população perplexas com seus crimes escabrosos. A mídia da época deitou e rolou. Inventou mentiras. Escreveu cartas do assassino falsas. Acusou inocentes. Não muito diferente do que acontece hoje diga-se de passagem.

Em Do Inferno, o roteiro é extremamente crítico a maneira de como as engrenagens da sociedade são manipuladas pelos mais abastados - tanto em dinheiro quanto em poder - (aqui temos Família Real, Maçonaria e até mesmo a própria policia) e como é muito fácil para esses indivíduos escaparem impunes as mais diversas atrocidades - físicas e morais.

Logo de cara, Moore revela quem é Jack. Ou seja, o autor não quer uma simples história policial onde o leitor fica ávido esperando a conclusão para saber quem é o assassino. Em Do Inferno o que é importa é o porque e as circunstâncias que levaram aos assassinatos das cinco meretrizes de Whitechapel. A conspiração por trás de tudo é grande, bem pensada, plausível e muito bem orquestrada. Na edição que li, a definitiva da editora Veneta, no final, há um apêndice com mais de cinquenta páginas onde Moore explica onde cada quadro da história se encaixa na sua pesquisa. O ideal é ler um capítulo e ir para o apêndice do mesmo. Dizer que é brilhante é pouco.

A arte da HQ, ficou a cargo de Eddie Campbell. A principio pode parecer estranha já que Campbell é adepto de uma arte rabiscada, no entanto ela casa muito bem com a história, e, principalmente, com a época dos acontecimentos narrados. Campbell mata a pau na arquitetura, reconstruindo aquela Londres com seu lápis nos transportando diretamente ao século XIX. Os desenhos dos crimes em si não ficam atrás. Aqui sentimos repulsa e atração ao mesmo tempo.

Voltando a escrita, Moore prende o leitor do começo ao fim dissecando cada beco, cada salão aristocrático, cada bar. O Jack em si é a peça principal do jogo: bem escrito, com boas - más - motivações em toda sua inicial frieza e final insanidade. Destaque para o décimo capítulo que trata do último assassinato - de Mary Jane Kelly - onde Moore e Campbell conseguiram chocar ao mesmo em que revelam toda loucura embutida naquele homem.

Do Inferno é um marco dos quadrinhos. Mais uma obra-prima do senhor barbudo de Northampton. A história definitiva sobre os assassinatos de Whitechapel. Depois de Do Inferno, esqueça o resto.
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