morganarosana 17/03/2013Um papagaio eruditoJunte no caldeirão:
- Meia pitada de Shakespeare
- Um papagaio pintado de verde-amarelo que solta frases em francês aqui e ali, inteiro, com penas, bico e pés
- Uma garota vestida de garoto
- Um tesouro perdido
- Uma medida de paixões não correspondidas e outra de enganos ingênuos
- Uma colher de Paris
- Um recurso narrativo
- E meia xícara de Luis Fernando Veríssimo
Misture bem e você terá A Décima Segunda Noite. Livro de Luis Fernando Veríssimo, da coleção Devorando Shakespeare, que adapta uma das mais ilustres comédias shakespeareanas aos tempos atuais.
Nunca li as comédias de Shakespeare, somente algumas de suas tragédias. Das comédias, só conheci encenações e adaptações cinematográficas - boas e muito ruins. As comédias shakespeareanas são mais confusas, cheias de quiprocós e tão repletas de reviravoltas que nossa pobre mente conceber em uma primeira olhada.
Veríssimo consegue adaptar uma destas comédias, Noite de Reis, para um romance cômico que se passa em uma Paris do século XX. No livro de cento e poucas páginas ele conseguiu mesclar o enredo de Shakespeare, a história dos imigrantes brasileiro expatriados pela ditadura militar brasileira e sua costumeira ironia sutil.
Transforma Illyria,a mítica ilha inventada pelo bardo, em um salão de beleza abrasileirado em meio metrópole francesa. E faz com que um simples enfeite decorativo, um papagaio cinzento pintado de verde e amarelo, o simpático narrador desta fábula.
O salão de beleza Illyria, é comandado por Orsino, que está apaixonado pela bela Olívia. Rica e enlutada pela morte recente do irmão. Quando chega na cidade, a jovem Violeta, que vinha com seu irmão gêmeo, porém teve problemas com a imigração e ficou sozinha e desamparada em uma cidade que não conhecia ninguém. É quando a Negra, que ajudava todos os imigrantes brasileiros a se ajeitarem, resolve que ela vai trabalhar no já citado salão de beleza. Só que Orsino só empregava rapazes em seu salão, e é de rapaz que Violeta se veste, e se chamará César. Orsino, logo que simpatiza com o jovem, resolve que ele será o mensageiro de seu amor impossível e irrealizável. Só que sendo um jovem muito simpático, jovem e bonito, é por César que Olívia se apaixona.
A partir daí, você deve perceber que a confusão está armada.
O livro é pequeno, de rápida leitura. Henri, o papagaio e narrador, nos guia pela história em parágrafos contínuos, como uma cachoeira verborrágica ditado a um gravador. Apesar de se perder em pensamentos, e em lembranças de vez em quando, ele é divertido e sincero como todo bom papagaio.
Ah sim, esqueci de dizer que o livro me foi disponibilizado pelo Livro Viajante. Não coloquei um parte 1 com a foto de quando ele chegou porque me esqueci.
resenha original postada em: www.estranhomundinhoinsano.blogspot.com