Arthicus 13/09/2021
Melhor título impossível
Hilda Hilst era um daqueles nomes que eu sempre escutei. Não só seu nome, mas a fama (ou talvez infâmia para algumas pessoas) de suas obras e os conteúdos contidos neles. Mais especificamente, “O caderno rosa de Lori Lamby”, livro contido nesta, por assim dizer, coletânea de trabalhos, me assustava um pouco com sua sinopse, ao mesmo tempo que me deixava intrigado. Acabou que a oportunidade veio e, não só li tal famigerado livro, como também li o “Contos d’escárnio – textos grotescos", "Cartas de um sedutor” e os poemas de "Bufólicas", todos juntos nesta obra.
Uau. Que montanha russa foi esta para mim. Digo isso no melhor sentido possível!
Parti de um ponto de ignorância, para um de respeito e ressalva para com o texto, e então para um de admiração e apreço pelo que estava escrito.
Em meio a pornografia da mais cabeluda, Hilda critica a ideia de mercado literario, as editoras, os escritores, e ao mesmo tempo fala sobre medo e preocupação humana. Seu trabalho, principalmente no Contos d’escárnio – textos grotescos e Cartas de um sedutor, traz um fluxo de pensamento que pula de um lado para o outro, nos levando a conversas, a lembranças e a outras formas de texto. Prosa para texto corrido, para então roteiro de peça e então poesia.
O fascinante, ainda por cima, é o quão engraçado algumas passagens deste livro são. Algumas vem de um pouco do sentimento de “O que estou lendo?” e outras são genuinamente engraçadas em sua estrutura.
Logo no comecinho do livro, em tom de brincadeira, a autora avisa para “não tentar encontrar coisas metafisicas em pornografia”. Tendo lido a sua obra, incluindo os textos de crítica ao seu trabalho também contidos no livro, pude entender um pouco do humor desta senhora que, aos sessenta anos, jogou tudo para cima e, se pondo a frente do seu tempo, começou a escrever putaria.
Que felicidade ela ter feito isso!