spoiler visualizarAllan Kenayt 24/10/2022
Ora (direis)...
A antologia poética de Olavo Bilac me fora uma experiência motivada pela curiosidade, durante a live de um amigo ( José Danilo Rangel ); onde o mesmo recitara o soneto XIII, de Olavo Bilac.
Para falar de Olavo Bilac, preciso dizer que a antologia lida, tem em sua maioria, poesia metrificada. E que para um melhor proveito deste livro — e da estrutura dos poemas contidos —, recomendo que assistam, no YouTube, vídeos sobre "divisão de sílabas poéticas", "contagem de sílabas poéticas", "escansão", etc.
Indico os vídeos dos professores Beto Brito e Professor Noslen.
Digo isso pra não ficar — quando forem ler o livro — a sensação de estranheza, posto que a poesia metrificada tem um pouco disso num primeiro instante: estranheza.
Dito isso. Falarei sobre o livro.
O livro foi uma experiência curiosa e ao mesmo me fizera ter alguns pensamentos sobre a literatura nacional, num sentido de que é preciso valorizar o que aqui é produzido artisticamente.
O livro é composto, em sua maioria, por sonetos. E estes sonetos transitam por diversos temas, como o amor, a morte, a figura da mulher amada, a questão da religião, etc.
Já de início, me deparei com um poema ousado, por assim dizer, em que o autor — Olavo Bilac — expressa um amor que se põe acima de Deus.
Mas na nota sobre esse poema, diz que se trata de uma época de pouca crença.
E convenhamos que ler este trecho "Homem fico, na terra, à luz dos olhos teus, – Terra, melhor que o Céu! homem, maior que Deus!", dá certa estranheza.
Para além desse poema inicial, há muitos sonetos. E após esses sonetos, inicia-se uma epopeia. E o que é uma epopeia? É um poema longo que narra as façanhas de um herói fictício ou de um personagem histórico.
E essa epopeia tem o título de "O Caçador de Esmeraldas".
E bem, eu não li essa epopeia, e direi o porquê.
A epopeia citada, é em homenagem ao Fernão Dias Paes Leme.
E quem foi ele? Um bandeirante.
E o que eram os bandeirantes? Eram homens, principalmente paulistas, que entre os séculos XVI e XVII atuaram na CAPTURA de escravos fugitivos, APRISIONAMENTO de indígenas, etc.
Andavam sempre armados e usavam da violência.
E no início dessa epopeia, tem o seguinte trecho: "Sete anos! combatendo índios".
E quando vi esse "combatendo índios", já me veio um negócio estranho e alguns pensamentos como: "os índios aqui serão descritos como selvagens?", num sentido pra justificar o uso da violência?
Por isso, sendo sincero, acabei pulando esse poema.
Depois disso, vêm mais sonetos. E depois desses sonetos, vem uma parte que achei bem interessante, que se chama "Poesias infantis".
A princípio, fiquei achando que seriam poesias "fofinhas"; PORÉM eu estava completamente errado — Desculpa, Olavo Bilac.
Essas Poesias infantis carregam várias questões que são bem interessantes também aos adultos.
Como por exemplo, o poema "O pássaro cativo", que trata da questão do aprisionamento de aves em gaiolas; de como isso é triste, posto que se rouba a liberdade de um ser vivo, para tê-lo próximo, num gesto quiçá egoísta, para ouvir seu canto.
Inclusive há o doloroso trecho: "Não me roubes a minha liberdade...". Que inclusive cheguei a pensar do ponto de vista de um relacionamento, na qual um transforma o outro, ou a outra, em posse. Removendo, assim, a liberdade...
E ainda nas Poesias infantis, me deparei com um poema que achei "complicado", num sentido de que esse poema não parece ser muito adequado ao infantil.
Esse poema se chama "A pátria", e é um poema que apesar de conter o enaltecimento da pátria, através do autor, passa(ra) a sensação de me indagar se uma criança estaria preparada para essas questões de patriotismo, num sentido de valorizar as coisas nacionais. Inda mais se levarmos em conta o contexto atual (2020) de "Patriotismo".
Há até os trechos: "Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!" e "Criança! não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste!".
Após a reflexão da leitura desse poema, pensei — e não sei em que momento —, que poderia se assemelhar ao sentimento que transmite a "Canção do Exílio", do Gonçalves Dias. Mas sei lá...
Sinceramente... uma coisa é você valorizar as coisas nacionais; outra coisa é você valorizar as coisas nacionais com um fervor imenso; pois pode ser perigoso... ainda mais para uma criança.
E, bem, após as Poesias infantis, vêm mais sonetos; e por fim, acaba-se.
Agora, vem a pergunta que muitos decerto estão a se fazer: "Vale a pena ler?".
E a minha resposta é: Sim. Vale a pena, sim. Porém exige um certo preparo, num sentido de vontade.
Indo para um português claro, coloquial — desculpe-me os sensíveis —, digo que é preciso ter saco.
Por que digo isso? Porque são poemas clássicos e metrificados com palavras de outra época, com questões de outras épocas — que às vezes se cruzam com a nossa.
Foi por isso que recomendei, no início, darem uma olhada em vídeos que falem sobre "divisão de sílabas poéticas", "contagem de sílabas poéticas", "escansão", etc. Porque, acreditem, ajuda.
E indo para a pessoalidade: Porque eu li esse livro? Como eu disse, um amigo recitou um soneto do Olavo Bilac em uma live; me deu curiosidade, e encontrei esse livro.
Inclusive, é bom, de vez em quando, dar uma olhada nos autores nacionais — sejam clássicos, sejam contemporâneos.
E assim, concluo. Abraços. Fiquem bem. Passem bem. Até o/