Viagens de Gulliver

Viagens de Gulliver Jonathan Swift




Resenhas - Viagens de Gulliver


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DBC Jampa (@dbcjampa) 28/08/2020

Um bom clássico!
Lemuel Gulliver, cirurgião, inicia seu relato falando um pouco de sua vida antes das aventuras empreendidas e que preenchem este livro. Seu navio naufraga e ele encontra salvação em uma ilha, Liliput, mas lá chegando já foi imediatamente preso por pessoas minúsculas. Considerado um gigante e uma ameaça, ele passa um bom tempo preso e só consegue permissão de sair e vagar pela ilha quando garantiu ao Rei local que não machucaria ninguém - o povo confiou a princípio, mas o medo voltou a atormentá-los - afinal, perto deles, ele era um gigante e representava perigo. Um dos fatores mais curiosos é que a natureza autoritária dos liliputianos é logo verificada, no decorrer dos 8 capítulos pelos quais se estende esse relato. Ademais, tomar nota de completas futilidades é com eles mesmos, a saber: urinar ou não no palácio é um crime? Por que lado se deve quebrar um ovo? O gigante está seduzindo a mulher do rei?? - Tudo isso gera produção de artigos, criação de leis e regimentos e amplos debates políticos na ilha.

"(...) têm seguramente razão os filósofos quando afirmam que nada é grande nem pequeno senão em relação a outras coisas" (183)

Após ficar em casa por um tempo, Gulliver retoma suas viagens pelos mares. Novamente, tem problemas com o navio e precisa buscar refúgio no primeiro lugar que encontrou, em busca de água fresca (fazer aguada, mais uma expressão que descobri lendo a obra). Gulliver é encontrado por um fazendeiro de quase 22 metros de altura, que o leva para sua casa - ele se descobre, então, em uma terra de gigantes. O fazendeiro tem uma filha de 9 anos, Glumdalclitch, que brinca com ele como se fosse um bonequinho - e juntos, protagonizam mais uma cena bizarra, dentre as várias que me deixaram incomodada durante a leitura... O fazendeiro acha Gulliver muito peculiar e passa a exibi-lo por toda Brobdingnag por dinheiro, mas essas constantes exibições, sob péssimas condições, insalubres, Lemuel acaba caindo doente e é vendido pelo antigo amo para a Rainha. Em alguns momentos, questionei alguma xenofobia do Gulliver; fiquei incomodada com uma criança brincando sozinha de despi-lo; a sugestão do tráfico de pessoas; são muitos excessos, o que ele narra, não só o tamanho da cidade e das pessoas.

Esse trecho, mais especificamente o final da terceira viagem, foi meu favorito do livro, até agora. Não entendo como a TV e o cinema não deram o mesmo destaque a Balnibarbi que deram a Liliput e Brobdingnag. Sempre sinto que Swift espremeu material que caberia em 4 livros e pôs tudo aqui. Mas ele poderia ter lançado uma série de livros de cada país e focado melhor nos discursos diretos para dar mais dinamicidade à obra. Bem, é um relato de viagens, em todo caso... Mais uma vez lançando-se ao alto mar, Gulliver e seu navio foram atacados por piratas e o cirurgião, abandonado em uma ilha perto da Índia. Curiosamente, seu resgate desta vez não vem do mar, nem da Terra, mas do ar!! A ilha voadora de Laputa o recolhe e Gulliver se descobre em um novo reino fascinante, cujas pessoas se dedicam à música, à matemática e astronomia - embora falhem em ter um propósito mais pragmático do que o prazer. Em Laputa, existe um hábito de lançar pedras em cidades rebeldes no solo e isto (antes mesmo de A GUERRA NO AR, de H. G. Wells) pode ter inspirado ataques aéreos, no futuro. Gulliver também conhece a minha querida Balnibarbi. Trata-se de um reino regido pela ilha de Laputa. Lá, o viajante percebe o tamanho do dano que pode ser provocado pela busca cega da ciência que não tem um propósito claro. Há passagens muito divertidas (minhas favoritas no texto), em que ele ironiza a burocracia à la Douglas Adams. Uma passagem muito fascinante para mim foi a visita de Gulliver à Grande Academia de Lagado, em Balnibarbi. Ali, o núcleo intelectual do lugar, o viajante critica como são desperdiçados os recursos materiais e também o pessoal, em uma passagem tão hilária que não posso contar aqui, sem dar spoilers! Posteriormente, Gulliver chega ao porto de Maldonada, ainda em Balnibarbi, porque é onde ele poderá esperar um comerciante que o leve até o Japão. Durante a espera, Lemuel visita a ilha de Glubbdubdrib, a sudoeste de Balnibarbi. Nessa ilhota, o ponto mais forte historicamente falando, ele vai até a casa de um mago e discute História com ninguém menos que os fantasmas de Júlio César, Bruto, Homero, Aristóteles, René Descartes e Pierre Gassendi, posto que o mago pratica Necromancia e pode invocar mortos para trabalhar para ele de vez em quando. E Lemuel pensou algo como "Podemos convocar os mortos? Então por que não debater História com esse povo que está morto, livre de quaisquer vieses ideológicos? Vai ser top". Ele nunca se demora, porém. Ainda passeando por onde pode, ele chega à ilha de Luggnagg, ele encontra os struldbrugs, que são criaturas imortais, isentos de juventude eterna, que sofrem as enfermidades da velhice e são considerados legalmente mortos ao completarem 80 anos. Foi breve e ele não se demorou muito, mas fez algumas observações muito tristes que, para mim, configuraram um ponto de reflexão maior na leitura. Finalmente, chegando ao Japão, ele está decidido a nunca mais voltar ao mar. Mas será que ele não vai mesmo?

Na última parte, também a que aprofunda mais o debate social na obra, há passagens muito interessantes e ela merece ser lida com calma e paciência. Como não podia deixar de ser, Gulliver, que é cirurgião, mas tem alma de aventureiro, realmente queria ficar em casa, mas o senso de aventura e o tédio com seu emprego levaram-no de volta aos sete mares. Só que ele caiu nas mãos de piratas meio sacanas que organizaram um motim na embarcação, Lemuel é preso e depois despejado na primeira terra que foi encontrada. Naquelas terras estranhas, ele se depara com dois tipos muito diferentes de criaturas: os Yahoos e os Houyhnhnms, uma raça de CAVALOS falantes e extremamente inteligentes. Você leu certo. Alô, Cavalo de Fogo! Os Houyhnhnms governam o país, enquanto os Yahoos, que têm formas humanóides são os seres primitivos e bárbaros ali. É na vivência com os Houyhnhnms que Gulliver percebe o quanto é insalubre e nada salutar a sociedade humana, com seus muitos vícios e poucas virtudes. Ele até cogita nunca mais voltar ao convívio humano, visto como os Houyhnhnms são pacíficos e bem resolvidos socialmente. Mas uma reunião dos governantes determina que ele é um risco a todos e o expulsam de lá. No fim das contas, Lemuel é resgatado por ninguém menos que um navio português, o que nos remete aos grandes navegadores. Ele volta para casa, decide ser um ermitão, isola-se de todos, até mesmo da esposa e filhos e fica conversando sozinho, "com seus cavalos"... É inspirador, porém triste.
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Helena 17/08/2020

História bem legal, que se passam em 4 viagens ao longo de 17 anos. Gostei, mas achei que tava para se aprofundar mais, porém acho que isso se deve a eu ter escutado o audiobook, que parece ser menor que a história original.
Null 17/08/2020minha estante
O livro q eu tenho são quase 500pgs




Francisco.RoberlAnio 16/08/2020

Tanto o livro quanto o filme sao excelentes.
Não sei qual parte adoro mais se quando ele é gigante ou quando ele é pequenino
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Aninhar0 14/08/2020

uma sátira Interessante
Mas, pelo que pude perceber no nosso relacionamento e pelas respostas que consegui extorquir de você com muito esforço, devo concluir que a maior parte de seus compatriotas é a mais perniciosa raça de pequenos e odiosos parasitas que a natureza permitiu que rastejem na face da Terra.?

Swift, Jonathan. Viagens de Gulliver, pág.166. SP: Nova Cultural, 2003.
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Mp28Rangel 08/08/2020

Clássico da literatura!
Conheci primeiramente por adaptações para desenhos e filmes. Posteriormente, tive a oportunidade de ler o livro. Confesso que achei a leitura um pouco cansativa. Talvez, por estar em linguagem culta, porém, nem por isso deixa de ser um bom livro. Um verdadeiro clássico da literatura.
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Julio.Argibay 07/08/2020

Viagens e filosofia
Algumas considerações sobre a obra de Jonathan Swift, As viagens de Guliliver. Eu fico sempre pensativo ao ler uma obra, depois que já saiu a versão cinematográfica dela. Esse é um daqueles casos, no qual a versar original é muito melhor. Pincipalmente, pelo fato de que só a primeira parte da estória é contada no cinema, sendo que a melhor estória é a última das viagens, não minha opinião. Bom, agora vamos descrever essa estória interessante. Dessa vez vamos acompanhar a obra por capítulo.

PRIMEIRA PARTE ? Cap I a estória conta que um jovem médico inglês, Lemuel Gulliver, depois de seus estudos e depois de atuar em algumas expedições marítimas, resolvi partir numa viagem de navio ás Índias (eh um desejo dele). Nessa viagem acontece um naufrágio (vá acostumando) e ele acaba sendo o único sobrevivente. Quando ele acorda está cercado por pequenas pessoas e está amarrado por cordas bem finas. Depois de algum tempo elas o levam para a cidade de Lilipute. Cap II o jovem informa a corte de todos os itens que estão com ele: pistola, pólvora, sabre, rapé, dentre outros objetos. Cap III passado algum tempo o imperador permite a soltura do jovem. Cap IV acontece uma conversa entre o narrador e um secretário de estado, sobre política, religião e a guerra com o império Blefuscu, rival. Cap V o narrador descorda das pretenções do imperador após a vitória contra os inimigos, além de apagar um incêndio de maneira inusitada. Cap VI Gulliver descreve a cultura e o modo de vida dos nativos. Cap VII o narrador após um tempo naquele local encontra um barco á deriva e parte para sua terra natal. Chegando lá passa pouco tempo e segue em outra viagem de navio mercante.

SEGUNDA PARTE, CAP I ? o narrador segue a sua aventura, já no navio pega uma tempestade, sobrevivem e vão pegar água numa ilha que eles avistam, chegando lá ele se depara com homens enormes. O narrador é encontrado e levado para casa onde conhece a família do lavrador e demais pormenores. Cap II ? o jovem eh mostrado para todas as redondezas, cidades próximas e até a capital. Cap III ? mais aventuras dentro do palácio. Houve uma explanação ao rei sobre o funcionamento das instituições democráticas e as relações internacionais da Inglaterra, seguida da opinião do rei a respeito da índole do povo inglês. Cap IV ? uma discrição das leis e da ciência do pais dos gigantes. Cap V ? o narrador, por um acaso do destino, conseguiu sair do reino e voltar para casa de carona num navio.

TERCEIRA PARTE - VIAGEM A LAPÚCIA, AOS BALNIBARBOS, A LUGGNAGG, A GLUBBDUDRIB E AO JAPÃO, Cap I ? na Lapúcia nosso narrador é convidado, mais um vez, a uma viagem com um amigo, quando alguns piratas invadem o barco e o abandonam no mar. Ele consegue chegar uma ilha e é visto pelos nativos. O narrador é levado ao reino onde ele aprende um pouco da cultura local. Cap II ? ele aprende sobre as mulheres e o comportamento do rei. Cap III ? o leitor é informado de como o rei age no caso de desobediência. Cap IV ? os nativos priorizam a matemática e música e o narrador foi um pouco ignorado pelos nativos na ilha aérea. Cap V ? o narrador agora já foi para Balnibarbos, com uma carta de recomendação e visita o novo reino. Conversa com o monarca sobre obras, arquitetura, etc. Cap VI ? o narrador conversa com alguns personagens que contam o modo de vida dos residentes, quanto a engenharia, ciência, etc. Cap VII ? após mais alguns conhecimentos das ciências e políticas do lugar o narrador já pensa em volta para a Inglaterra. Cap VIII ? Glubbdudrib é a ilha dos feiticeiros, aqui o narrador tem a possibilidade de ver vários filósofos e personalidades antigas, graças a magia. Cap IX os Luggnaggianos, o rei fala dos imortais. Cap X ? do Japão o narrador parte para Amsterdã e depois para a Inglaterra, após cinco anos de viagens para se encontrar com esposa e filhos.

QUARTA PARTE Cap I ? Hyhnhnms. A próxima viagem do narrador foi como capitão de uma navio, mas logo ele enfrentou um motim e foi deixado em terras distantes (ficaram surpresos?). Logo se dirigiu ao interior e encontra o povo Hyhnhnms, que possuem a aparência de equinos. Depois do encontro inicial ele acompanha alguns seres até a casa deles. Cap II ? O narrador conhece a aldeia onde vive o povo cavalo e seus servos, um povo que parece humano, mas são selvagens e hostis. Acredito que sua maior dificuldade foi a comida disponível. Cap III ? o narrador tem um a conversa com seu amo sobre sua gente, na condição de que ele não se importasse, ou coisa mais séria. Cap IV ? mais explicações ao amo sobre o modo de vida dos humanos: inveja, poder, crimes, sentimentos estes incompreensível ao amo. Cap V ? o narrador fala das guerras e dos advogados. Cap VI ? o narrador continua falando do povo, da família, da pobreza e da sociedade. Cap VI o amo relata como eh a vida de um Yahus, os humanoides do local, onde eles vivem como selvagens. Cap VII mais considerações sobre o modo de vida dos Hyhnjhnms, como a relação entre eles se dá e também sobre a família. Cap VIII ? mais conversa com o amo, agora falam de como eh sentida e vivida a morte entre eles. Cap IX ? mais papo, o que foi feito com os Yahus algum tempo atrás. Cap X ? o narrador eh obrigado a deixar o povo que tanto gostava e segue viagem para uma ilha próxima. Cap XI ? o narrador contra a sua vontade embarca num navio português e volta para a Inglaterra. Cap XII ? e assim encerramos esse clássico inglês a terras incríveis e distantes. Achei muito legal. Um exercício de imaginação e uma crítica a nossa sociedade.
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Elyza 03/08/2020

Bem mais do que conhecemos...
Quando comecei a ler, pensei: "Eita, vai dar trabalho". Mas até que não. Logo me acostumei com a escrita diferente e com as palavras novas.

Muitos de nós conhecemos as duas primeiras viagens de Gulliver (a terra dos pequeninos e a dos gigantes) que foram transformadas em livros infantis. Além disso, pra quem viu a adaptação para o cinema, não tem como ler o livro sem imaginar Gulliver como Jack Black haha.

Porém, As Viagens de Gulliver está longe de ser um livro infantil ou uma comédia pastelão. Sim, é uma sátira, sim tem ironias que arrancam risadas, mas é um livro sobre política, sobre sociedade e com um final bem triste (na minha opinião, pelo menos). Como diz George Orwell na introdução, Swift realmente desprezava o ser humano.

Entre as quatro viagens, minha preferida foi a terceira, mas não vou dar spoilers. Super recomendo a leitura pois é um dos clássicos e um dos "100 Melhores Romances de Todos os Tempos" segundo o The Guardian.
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Carol Aw 27/07/2020

Uma história para retornar a infância
Quem como eu leu ou ouviu essa história quando criança nem imagina o quão cheia de fantasia ela é quando lida por completo.
Apaixonante e engraçada, mesmo com um toque que nos faz pensar em nossas vidas e em nossa sociedade.
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Canuto 24/07/2020

É um bom livro
As duas ou três primeiras partes do livro são muito boas, mas depois começou a ficar desinteressante para mim. O livro voltou a ficar interessante nas duas últimas partes, e esse foi o motivo de eu ter dado 4 estrelas, porque realmente são excelentes partes.

Um ponto que me pegou de surpresa é que o ebook que li dizia que o livro tinha 154 páginas na versão física, sendo que deve ser daquelas versões de bolso em que as letras são bem pequenas. Então a sensação que tive foi que quanto mais lia, mais longo o livro se tornava (rsrs).
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@apilhadathay 18/07/2020

Um bom clássico!
Lemuel Gulliver, cirurgião, inicia seu relato falando um pouco de sua vida antes das aventuras empreendidas e que preenchem este livro. Seu navio naufraga e ele encontra salvação em uma ilha, Liliput, mas lá chegando já foi imediatamente preso por pessoas minúsculas. Considerado um gigante e uma ameaça, ele passa um bom tempo preso e só consegue permissão de sair e vagar pela ilha quando garantiu ao Rei local que não machucaria ninguém - o povo confiou a princípio, mas o medo voltou a atormentá-los - afinal, perto deles, ele era um gigante e representava perigo. Um dos fatores mais curiosos é que a natureza autoritária dos liliputianos é logo verificada, no decorrer dos 8 capítulos pelos quais se estende esse relato. Ademais, tomar nota de completas futilidades é com eles mesmos, a saber: urinar ou não no palácio é um crime? Por que lado se deve quebrar um ovo? O gigante está seduzindo a mulher do rei?? - Tudo isso gera produção de artigos, criação de leis e regimentos e amplos debates políticos na ilha.

"(...) têm seguramente razão os filósofos quando afirmam que nada é grande nem pequeno senão em relação a outras coisas" (183)

Após ficar em casa por um tempo, Gulliver retoma suas viagens pelos mares. Novamente, tem problemas com o navio e precisa buscar refúgio no primeiro lugar que encontrou, em busca de água fresca (fazer aguada, mais uma expressão que descobri lendo a obra). Gulliver é encontrado por um fazendeiro de quase 22 metros de altura, que o leva para sua casa - ele se descobre, então, em uma terra de gigantes. O fazendeiro tem uma filha de 9 anos, Glumdalclitch, que brinca com ele como se fosse um bonequinho - e juntos, protagonizam mais uma cena bizarra, dentre as várias que me deixaram incomodada durante a leitura... O fazendeiro acha Gulliver muito peculiar e passa a exibi-lo por toda Brobdingnag por dinheiro, mas essas constantes exibições, sob péssimas condições, insalubres, Lemuel acaba caindo doente e é vendido pelo antigo amo para a Rainha. Em alguns momentos, questionei alguma xenofobia do Gulliver; fiquei incomodada com uma criança brincando sozinha de despi-lo; a sugestão do tráfico de pessoas; são muitos excessos, o que ele narra, não só o tamanho da cidade e das pessoas.

Esse trecho, mais especificamente o final da terceira viagem, foi meu favorito do livro, até agora. Não entendo como a TV e o cinema não deram o mesmo destaque a Balnibarbi que deram a Liliput e Brobdingnag. Sempre sinto que Swift espremeu material que caberia em 4 livros e pôs tudo aqui. Mas ele poderia ter lançado uma série de livros de cada país e focado melhor nos discursos diretos para dar mais dinamicidade à obra. Bem, é um relato de viagens, em todo caso... Mais uma vez lançando-se ao alto mar, Gulliver e seu navio foram atacados por piratas e o cirurgião, abandonado em uma ilha perto da Índia. Curiosamente, seu resgate desta vez não vem do mar, nem da Terra, mas do ar!! A ilha voadora de Laputa o recolhe e Gulliver se descobre em um novo reino fascinante, cujas pessoas se dedicam à música, à matemática e astronomia - embora falhem em ter um propósito mais pragmático do que o prazer. Em Laputa, existe um hábito de lançar pedras em cidades rebeldes no solo e isto (antes mesmo de A GUERRA NO AR, de H. G. Wells) pode ter inspirado ataques aéreos, no futuro. Gulliver também conhece a minha querida Balnibarbi. Trata-se de um reino regido pela ilha de Laputa. Lá, o viajante percebe o tamanho do dano que pode ser provocado pela busca cega da ciência que não tem um propósito claro. Há passagens muito divertidas (minhas favoritas no texto), em que ele ironiza a burocracia à la Douglas Adams. Uma passagem muito fascinante para mim foi a visita de Gulliver à Grande Academia de Lagado, em Balnibarbi. Ali, o núcleo intelectual do lugar, o viajante critica como são desperdiçados os recursos materiais e também o pessoal, em uma passagem tão hilária que não posso contar aqui, sem dar spoilers! Posteriormente, Gulliver chega ao porto de Maldonada, ainda em Balnibarbi, porque é onde ele poderá esperar um comerciante que o leve até o Japão. Durante a espera, Lemuel visita a ilha de Glubbdubdrib, a sudoeste de Balnibarbi. Nessa ilhota, o ponto mais forte historicamente falando, ele vai até a casa de um mago e discute História com ninguém menos que os fantasmas de Júlio César, Bruto, Homero, Aristóteles, René Descartes e Pierre Gassendi, posto que o mago pratica Necromancia e pode invocar mortos para trabalhar para ele de vez em quando. E Lemuel pensou algo como "Podemos convocar os mortos? Então por que não debater História com esse povo que está morto, livre de quaisquer vieses ideológicos? Vai ser top". Ele nunca se demora, porém. Ainda passeando por onde pode, ele chega à ilha de Luggnagg, ele encontra os struldbrugs, que são criaturas imortais, isentos de juventude eterna, que sofrem as enfermidades da velhice e são considerados legalmente mortos ao completarem 80 anos. Foi breve e ele não se demorou muito, mas fez algumas observações muito tristes que, para mim, configuraram um ponto de reflexão maior na leitura. Finalmente, chegando ao Japão, ele está decidido a nunca mais voltar ao mar. Mas será que ele não vai mesmo?

Na última parte, também a que aprofunda mais o debate social na obra, há passagens muito interessantes e ela merece ser lida com calma e paciência. Como não podia deixar de ser, Gulliver, que é cirurgião, mas tem alma de aventureiro, realmente queria ficar em casa, mas o senso de aventura e o tédio com seu emprego levaram-no de volta aos sete mares. Só que ele caiu nas mãos de piratas meio sacanas que organizaram um motim na embarcação, Lemuel é preso e depois despejado na primeira terra que foi encontrada. Naquelas terras estranhas, ele se depara com dois tipos muito diferentes de criaturas: os Yahoos e os Houyhnhnms, uma raça de CAVALOS falantes e extremamente inteligentes. Você leu certo. Alô, Cavalo de Fogo! Os Houyhnhnms governam o país, enquanto os Yahoos, que têm formas humanóides são os seres primitivos e bárbaros ali. É na vivência com os Houyhnhnms que Gulliver percebe o quanto é insalubre e nada salutar a sociedade humana, com seus muitos vícios e poucas virtudes. Ele até cogita nunca mais voltar ao convívio humano, visto como os Houyhnhnms são pacíficos e bem resolvidos socialmente. Mas uma reunião dos governantes determina que ele é um risco a todos e o expulsam de lá. No fim das contas, Lemuel é resgatado por ninguém menos que um navio português, o que nos remete aos grandes navegadores. Ele volta para casa, decide ser um ermitão, isola-se de todos, até mesmo da esposa e filhos e fica conversando sozinho, "com seus cavalos"... É inspirador, porém triste.

site: www.instagram.com/apilhadathay
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Giovana.Jardelino 14/07/2020

Leitura interessante
Comecei a ler puramente por "desencargo de consciência", porque tinha esse livro na estante há anos e nunca parei para ler de fato. Que surpresa!
Li super rápido porque me vi muito entretida e cativada pela história, gostei bastante dos relatos e adoro como o estilo de sátira do autor.
Gostei muito da edição da Penguin Companhia por trazer notas que agregam bastante na leitura :)
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Leitores Natos 12/07/2020

Viagens de Gulliver - Jonathan Swift
Olá, Leitores Natos! Como vocês estão? Bem, hoje irei falar um pouco sobre o livro da semana, que é: “Viagens de Gulliver” do autor Jonathan Swift. A obra conta com quatro histórias do aventureiro Gulliver, que trabalhava como médico/cirurgião em navios, e a partir daí, ocorreram várias histórias. De modo geral, sempre acontecia algo nas viagens e o personagem parava em uma ilha... depois, iniciava a exploração de uma população diferente, com outros idiomas e culturas. A obra é considerada um clássico com várias críticas a humanidade, as instituições, o apego a materialidade financeira, ao poder e a vida.
Antes de cada tópico/capítulo existe um breve resumo do que vai acontecer, que particularmente gostei, porque amo alguns spoilers, mas se você não gosta, sempre pule essa parte. O texto é escrito em primeira pessoa, algo que eu gosto, mas não estou muito acostumado. De certa forma lembrou muito a escrita etnográfica da antropologia... Com uma imersão no campo e a relação entre pesquisador e nativo. Enfim, acho que eu dei uma “viajada” agora (espero que o trocadilho tenha sido, ao menos, levemente engraçado haha).
O texto é do século XVIII, então possui algumas palavras arcaicas e de difícil compreensão, isso varia um pouco entre as edições, umas mais fáceis e outras nem tanto, mas no geral, a presença de palavras difíceis é comum na leitura.
A partir da segunda viagem, acho que Swift exagera em algumas descrições deixando a leitura um pouco chata as vezes e tive que insistir e não desanimar... Não sei se isso é algo característico da literatura do século XVIII, pois sou novato no mundo da leitura. Se alguém souber, comenta no post... Agradeço 😊
Por fim, para não me delongar, encontrei uma ligação interessante. Na edição da editora Penguin-Companhia, tem o prefácio do George Orwell, que foi o autor do livro da semana passada, “Revolução dos Bichos”. Achei isso uma conexão inesperada e interessante entre os livros que estamos lendo.

site: https://www.instagram.com/leitoresnatos/
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Nelise 05/07/2020

Interessante
Não gostei muito da tradução da edição que li, mas o livro em si é bem legal. Traz inúmeras críticas à sociedade da epoca que são perfeitamente cabíveis nos dias de hoje.
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