Clio0 26/03/2021
Um dos maiores erros das faculdades de ciências humanas no Brasil é se submeter a grade e não apresentar os trabalhos de Marx ao invés daquela avalanche de "artigos referentes" e "seminários". Francamente, não tem como compreender a política e a economia mundial nos últimos duzentos anos (pelo menos) sem estudar O Capital.
O texto, para quem nunca leu, é denso, mas não impossível. A escrita de Marx é peculiar por ser quase didática: ele apresenta, explica, exemplifica e faz tudo de novo no próximo parágrafo para ter certeza que o leitor entendeu. Além disso, também conecta os próprios pensamentos e não pensa duas vezes em citar nomes e apontar inconsistências em sua própria base de referências.
O que não quer dizer que alguém fora da área não possa precisar de alguma ajuda. Mesmo as notas de rodapé podem dar uma certa dor-de-cabeça, especialmente pela confusão que muitos ainda fazem com a teoria Marxiana e o Marxismo.
O Capital, para quem não sabe, é um estudo sobre o sistema capitalista (como o próprio nome já diz, mas muitos ainda o confundem com O Manifesto Comunista). Nessa edição em particular há também uma breve biografia, o texto Para a Crítica da Economia Política (que funciona como uma espécie de introdução), o próprio O Capital, e fecha com O Rendimento e Suas Fontes (onde o autor avança para a explicação do juro em sua análise).
A Nova Cultural fez um ótimo trabalho com essa coleção. Meu exemplar sobreviveu a faculdade, pós-graduação, concurso, revisão e lá se vão quase trinta anos de manuseio. As folhas continuam retas, brancas e a lombada está inteira. Contudo, vale lembrar que é uma edição de colecionador, ou seja, não há muito espaço para anotações e outras coisas que quem estuda costuma fazer nos livros.