Mari 27/08/2020PrivilégioEsse livro me fez pensar muito sobre privilégio. Curiosamente, nasci no mesmo ano que Malala, porém sou mais nova, nasci alguns meses depois dela. É curioso que, tendo a mesma idade que ela, nossas vivências tenham sido tão distintas (e não somente por sermos seres diferentes, mas por termos nascido em condições diferentes).
O Brasil não é uma referência em segurança pública, mas na região em que moro nunca precisei enfrentar tensões militares, grupos extremistas que me impedissem da liberdade de ir e vir, nunca fui desencorajada a frequentar a escola, e tive uma infância muito tranquila. Quantas Malalas vivem no mundo, e quantas não vivem mais (porque já morreram nesses cenários)? A gente é privilegiado. Muito privilegiado.
A história de Malala fascina muito, e traz consigo muitas questões interessantes. Esse livro não pode ser lido como uma história de superação somente, ou uma história de figura feminina forte (que ela é, e muito). É um livro de política, mostrando como o capitalismo age dentro dos cenários de tensão militar, interesses, negociações, corrupção, desigualdade de gênero, desigualdade social, fome. Leiam com carinho, essa garota quer falar de seu país, e nós precisamos ouvir.