Daniel.Alexandre 22/01/2022
Stoner de Jhon Williams
Stoner é a história de um homem simples que viveu na mediocridade. Filho único de camponeses, por um acaso, entra na faculdade, descobre a literatura, torna-se professor e morre sem nunca subir na carreira, ou trocar de universidade, desde quando começou a lecionar.
Essas informações temos no primeiro parágrafo, como se fosse um resumo de uma vida cravada em uma lápide.
Stoner me traz o mesmo sentimento de quando li o Flores Para Algernon, assim como Charles, em busca de conhecimento e inteligência, me fez descobrir o porquê a minha ânsia pelas artes e a busca por mim mesmo. Mas Stoner faz um caminho inverso, me mostrando uma outra faceta contraditória, a minha aceitação imperceptível à mediocridade, comodismo e ao niilismo, anestesiado pelo que vivemos, passamos e sofremos, como muitos, não resta muito a não nos estregar.
Stoner é um retrato de uma vida, apresentando momentos e passagens importantes, boas e muitas ruins, sobre o que deixamos de viver, ou de manifestar, a perda de nosso tempo com coisas que nos envenena. E nada é mais aterrorizante do que olharmos para uma vida inteira, e percebemos o quão perdemos sem viver, o quanto de desprezo, ódio, rancor que guardamos sem nem mesmo percebermos e, quando pelo fim, tentamos reconstituir (agora diferente do personagem) podemos pegar uma obra como essa e conversar com nosso íntimo tudo que deixamos passar. Uma atenção maior aos nossos. Podemos até descobrir algum perdão em nós mesmo, ou uma clareza de termos guardado esses sentimentos, que por muito tempo e muitas vezes não lembrado mais de sua origem.
Stoner, é um espelho da ficção, para a reflexão da minha existência e minha própria vida. A personagem através da literatura, e seus estudos acadêmicos, abria mundos dentro de si, e refugiava-se, fugia do mundo exterior quase à parte. Mesmo quando sou incapaz de transmitir essa paixão, para o meu redor, em comum que tenho com Stoner, a arte tem o poder, mesmo acreditando que fugimos da realidade, não é nada mais que reflexo da própria realidade. Quando acreditamos muito das vezes que estamos fugindo, estamos nos deparando conosco, mostrando mais que a própria realidade, velada por status e comportamentos.