Stoner

Stoner John Williams




Resenhas - Stoner


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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Stoner, John Williams – Nota 10/10
Stoner realmente faz jus ao sucesso e comentários positivos que vem recebendo ultimamente... Mas é difícil falar sobre um livro de tamanha simplicidade! De fato, quando li a sinopse do livro, antes de iniciar a leitura, não fiquei muito entusiasmado com o que estaria por vir. No entanto, é justamente essa simplicidade da história narrada - a vida de um homem extremamente comum –, aliada à profundidade com que ela é contada, que faz de Stoner uma obra excepcional. Com uma sensibilidade marcante, o autor aproxima o cotidiano do protagonista com a vida do próprio leitor. Não há como não se envolver com a escrita, se identificar com a narrativa e odiar – ou amar – os personagens. Um livro que merece ser lido e relido!

site: https://www.instagram.com/book.ster
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Cinara... 15/02/2020

"Às vezes, imerso em seus livros, vinha-lhe a consciência de tudo que ele não sabia, de tudo que ele não lera. E a serenidade para a qual trabalhava tanto ficava abalada quando se dava conta do pouco tempo que tinha na vida para ler tanta coisa, para aprender o que tinha de saber."

Outro livro que me deu crise existencial! Hahah
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Carolina CM 24/01/2020

Uma vida normal.
Esse livro conta a vida de William Stoner. Todas as suas escolhas, não escolhas, desafios, vitórias e derrotas. É uma narrativa em terceira pessoa muito reflexiva e fluida. Parece que vamos lendo como se o narrador estivesse na nossa frente contando uma história. É linear e, dizem, que não acontece muita coisa. Eu vejo a vida de Stoner acontecer e me parece um livro bastante realista. Trocar o curso na universidade, pedir uma moça em casamento, ter um filho, fazer um financiamento imobiliário...não são decisões simples, nem fáceis. Entender que muitas vezes abrir mão não é uma escolha - dói - essa resignação de Stoner com o lado ruim da vida é muito interessante. E para os que dizem que ele não viveu...eu digo que o livro explora pouco o amor de Stoner pela literatura e o quanto de prazer ele teve estudando e ensinando o que gosta, mesmo que ele se acuse de ser um mal professor, como todo professor dedicado faz. Talvez o que mais surpreenda nesse livro é que o protagonista não faz coisas extraordinárias, não acontece nada de extraordinário na vida dele, ele não recebe uma carta de Hogwards, nem joga tudo para o alto...no máximo ele enfrenta o chefe de departamento por uma questão de ética. Gente, como ele é correto, mesmo que não sejam corretos com ele. Esse é o homem, essa é a vida real de quem paga as suas contas e as de mais duas pessoas. Essa foi a vida de Stoner, com seus erros e acertos...
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Janarybd 24/01/2020

MINUTO LEITURA: Stoner
Essa história nos apresenta a vida e morte de William Stoner - um jovem que vive na zona rural dos Estados Unidos, no começo do século XX, criado pelos pais – humildes camponeses. O que Stoner não imaginava é que um dia seus pais sacrificariam o pouco que tinham para manda-lo estudar em uma universidade, com o objetivo de se especializar para retornar ao campo e ajudar a vida e os negócios da família. Todos os planos mudariam após William conhecer sua maior paixão: a literatura!

O livro publicado em 1965, pelo norte americano John Williams, tem uma linguagem simples e direta, mas muito eficaz nas descrições sobre os acontecimentos da vida do personagem e em relação a seus pensamentos – que inclusive, vão nitidamente evoluindo de um garoto da fazenda até o respeitável senhor em que ele se torna. Mais que uma transição entre a juventude inocente e a velhice de um acadêmico, o que interessa é o desenrolar de uma vida comum com suas dores, angustias, erros e conquistas. O romance, que conta cerca de 50 anos da vida de Stoner, por vezes se assemelha à vida do próprio autor: de origem humilde à vida acadêmica.

A narração de John Williams é feita com extrema sensibilidade e nos desperta sentimentos variados a respeito do personagem e sua história, indo da compaixão à raiva. A obra conta sobre a redenção de uma alma que se tortura e encontra na literatura os melhores momentos de sua vida. E nisso, o livro nos faz refletir sobre nossa própria vida e no quanto ela pode se parecer com a de Stoner, ao mesmo tempo em que nos revela simplicidade na beleza da vida, por mais banal que seja. Uma obra prima da literatura que deve ser lida por todas as pessoas.


site: https://soundcloud.com/user-567764695
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Michel Pinto Costa 16/12/2019

Uma obra suprema!
Uma vida comum pode se tornar uma obra prima.
O primeiro parágrafo resuma toda a história, mas a jornada completa é primorosa.
Um toque de melancolia e tristeza que tocam o coração. Poucos momentos de alegria que elevam o espírito. Reflexões profundas.
Livro imperdível!
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Adriana Pereira Silva 22/09/2019

O despertar de sentimentos e emoções
?Stoner? foi escrita pelo norte-americano John Williams e publicado em 1965 nos Estados Unidos, não tendo despertado grande interesse dos leitores. Mas apenas tornou-se best-seller 50 anos após ter sido escrito, quando o autor já era falecido. Possui uma escrita lúcida, objetiva e extremamente fluida, sugando o leitor por suas páginas.
John Williams soube retratar maravilhosamente a vida do acadêmico William Stoner. Uma obra que tem extraordinária qualidade da escrita, com muita elegância e sensibilidade, clareza cristalina e toque muito delicado.
Narra a trajetória de vida de William Stoner, um homem simples humano e comum, um professor universitário da Universidade de Columbia, no Missouri, EUA, seus dramas, alegrias e angústias, que simplesmente aceita as vicissitudes da vida de forma paciente e resignada. É alguém único, que, em determinados momentos, de alguma forma assiste sua própria vida ser definida e baseada nas atitudes dos outros e não em suas próprias.
Acompanhamos o modo como ele lida com as dificuldades de sua própria vida, como casamento, o destino de sua filha e intrigas na universidade. Com ele sofremos, alegramos, revoltamos, torcemos, sentimos ternura por ele, as vezes temos vontade de interferir na história.
Stoner era um professor que ensinava com amor, mas não era luminoso, mas um personagem humilde e orgulhoso pelo que fazia, muito humano, de grande trabalho literário. Lutava pelo que acreditava, mas as vezes apenas assistia ao que sucedia, sem nada fazer, no entanto, foi fiel a si mesmo acima de tudo, e em paz consigo mesmo. Enfim, construiu uma vida comum.
Percorremos toda a trajetória de sua vida, que começa na primeira metade do século XX: sua infância, com seus pais, o envio à universidade, para cursar Ciências Agrárias e poder ajudar o pai na fazenda, sua mudança de curso por se apaixonar pela Literatura inglesa, sua trajetória acadêmica e particular, ficando preso a um casamento infeliz, a uma paixão que é interrompida e a culpa por sentir que foi negligente na educação e na vida de sua filha.
Além disso, Stoner relata toda gama de sentimentos e clima deixados pela vivência de sua vida entre as duas grandes guerras mundiais. Fatos que também o fizeram refletir e transformaram sua vida.
?Mas eu pude ver o que se seguiu. Uma guerra não mata só alguns milhares ou algumas centenas de milhares de jovens. Ela mata algo num povo que nunca pode ser recuperado.? (p. 43)
Sua vida acadêmica tem uma desenvoltura plena para ele, com grande amor pelos estudos em Literatura Inglesa, fazendo tudo o que considerava correto e íntegro para sua carreira, e as vezes deixando de lado oportunidades, não aceitando cargos maiores para se dedicar ao que amava fazer, ensinar e estudar.
?Sua vida era quase como ele queria que fosse. Quando não estava preparando aulas, corrigindo trabalhos ou lendo teses, estudava e escrevia. Tinha a esperança de que, com o tempo, pudesse estabelecer para si mesmo uma reputação como estudioso e como professor.? (p. 115)
Mais tarde, em suas aulas, ?Stoner falava com mais confiança e sentiu uma severidade dura e calorosa crescer dentro dele. Teve a impressão de que estava começando, com dez anos de atraso, a descobrir quem era [...] sentia que finalmente começava a ser um professor de verdade [...]. Era um conhecimento que não conseguia expressar, mais do que o transformou assim que o adquiriu...? (p. 125)
Sua vida particular teve grandes adversidades, com algumas conquistas e muitas decepções e desilusões, tendo descoberto o amor em sua plenitude, e as alegrias da paternidade.
?Enquanto consertava sua mobília e arrumava no seu escritório, era a si mesmo que ele estava lentamente dando forma, era em si mesmo que estava ponde alguma espécie de ordem, era a si mesmo que estava dando uma chance.? (p. 112)
?William Stoner aprendeu o que outros, muito mais jovens que ele, haviam aprendido antes dele: que a pessoa a quem se ama no começo não é a pessoa que enfim se ama, e que o amor não é um fim, mas um processo através do qual uma pessoa experimenta conhecer outra.? (p. 213)
Além de relatar a solidão e trivialidade que passa em sua vida, também descreve como foi marcada por amor e ódio, que moldaram os anos de sua vida e desencadearam mudanças e transformações na sua trajetória, especialmente pelos personagens de Edith e Lomax.
Assim, no decorrer da obra, vamos nos afeiçoando a Stoner, um homem que não consegue se encaixar no mundo e que vai descobrindo profissionalmente, suas esperanças em relação à vida e suas desilusões e angústias que vão se sucedendo em sua vida particular e acadêmica. Um homem que vai amadurecendo e aprendendo a diligenciar suas palavras, sendo muito silencioso, mas observador, cauteloso e que tenta sempre ser democrático, correto, cortês, honesto.
Enfim, um homem bom, capaz de se encantar com o poder da literatura mas não se entusiasmar para lutar por seu casamento desde o início.
É um exemplo para nos fazer refletir sobre quem somos e para onde estamos indo, e podermos aparar nossa vida para segui-la com princípios e paixão no que fazemos, encontrando-nos profissionalmente e em nossa vida particular, para termos uma vida plena, e podermos deixar nossa marca neste mundo ao passar por ele, e termos feito a diferença.
Para todos o tempo passa, mas o jeito em que o levamos e como consideramos o que vamos fazendo com ele e com nossa vida é que fazem a diferença. E as vezes é somente quando o tempo já passou que percebemos o quanto poderíamos ter feito e como deveríamos ter realizado coisas diferentemente do que vivemos.
Com este livro, impossível sair dele como se entrou, pois ele nos envolve e nos transforma. Ele nos ensina e transforma.
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Paulo 07/08/2019

O tempo é rei
Um livro considerado como um clássico é, também, um livro que pode ser lido por diferentes pontos de vista. É o caso de Stoner.

Sobre o livro decorrer os cinquenta anos da vida de William Stoner é algo que já disseram em outras resenhas e está na descrição do livro neste site, e no prefácio do próprio livro. Contudo, eu vejo esse livro também de outro modo: como o tempo transforma tudo. O tempo é o único inimigo, se é que podemos considerá-lo assim, que não podemos vencer. O tempo é frio, não dá tréguas, não retroage, não para em momentos bons e não faz momentos difíceis passarem mais rápido. O tempo é neutro, ou seja, passa por todos pela mesma forma. O tempo mostra hoje o que não conseguimos perceber ontem. No livro o tempo passa ora rápido, ora devagar. Um capítulo pode passar por quase cinco anos, enquanto outros capítulos descrevem meros dias. E através desse tempo que vamos percebendo como a vida de William vai se moldando e como ele e o seu entorno vão mudando. Outras coisas, no entanto, não mudam. Problemas profissionais sempre existirão e o seu país se envolve em outra guerra, pior do que aquela que matou seu melhor amigo Masters décadas antes.

No final da vida, William Stoner percebeu isso; percebeu que o que importava até semanas atrás agora já não tem a menor importância. Percebeu que aquilo que ele planejava quando jovem seguiu caminhos totalmente diferentes com o passar do tempo. Percebeu que poderia ter amado mais, ou vivido mais, por mais que ele tenha vivido da forma que ele considerava certo. Percebeu que o tempo passou.

É claro, não precisamos de um livro para nos lembrar que o tempo passa para todos. Mas é lendo sobre Stoner, desde o começo de sua vida até o último dia dela, que vemos e comparamos aquilo que um dia já foi com aquilo que agora é. Uma pessoa mais vivida tem mais percepção sobre isso do que um jovem que acha que tem todo o tempo do mundo.
Mari 29/09/2019minha estante
Uau ! Bela resenha.


Carioca_cult 21/06/2020minha estante
Excelente!


Lanny 15/09/2020minha estante
Perfeita análise. ????




Pandora 06/08/2019

Às vezes eu me pergunto por que eu demoro tanto para começar a ler um livro que eu sei que vou amar.

William Stoner é um filho de camponeses que tem a oportunidade de estudar Ciências Agrárias na Universidade de Columbia. Durante o curso, se apaixona por Literatura e decide mudar para o curso de Letras. Nunca mais ele deixa Columbia. Casa-se com Edith e, mesmo sabendo logo no início que seu casamento está fadado ao fracasso, não o desfaz. Ele simplesmente aceita as vicissitudes da vida de forma paciente e resignada.

Stoner é um ótimo exemplo de que uma história bem escrita pode ser uma história sobre absolutamente qualquer coisa e ser arrebatadora e inesquecível. A vida simples de Stoner é contada de uma forma tão profunda e intensa, de maneira tão pungente e respeitosa, que é impossível não vê-la como uma grande história; impossível não se envolver completamente com ela. Impossível não ficar inconformado com cada “não ação” do personagem. Tudo neste livro é aprendizagem.

Eu gostei bastante do posfácio de Peter Cameron; assim como ele também chorei no final e concordo totalmente com a única coisa que ele diz que não dá pra perdoar no Stoner (pág. 312). Para mim é a questão mais triste da narrativa toda.

Enfim... com certeza um dos melhores livros que já li. Recomendo fortemente, mesmo sabendo que obviamente haverá alguém que não vá gostar.
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Sandrics 31/07/2019

Taí um livro que eu queria ler há um tempão, que criei expectativas enormes e que não me decepcionou nem um instante.
No livro acompanhamos a trajetória de Willian Stoner desde o momento em que sai da fazenda de seus pais em 1910, com o objetivo de cursar ciências agrárias, até o momento de sua morte. Okay, falando assim parece um livro simplório. Mas é aí que você se engana meu caro leitor.
.
Acompanhamos a vida de Stoner, o momento em que seu coração é tocado pela literatura, o dia em que ele se apaixona e depois fica preso a um casamento infeliz, o dia em que ele se apaixona novamente, dessa vez por sua filha amada, e depois a culpa que sente por ter sido negligente. Seus casos de amor, pela literatura e por uma mulher. Suas desilusões e arrependimentos.
Talvez uma vida comum, mas quão comum é nossa própria vida aos olhos dos outros?
Recomendo essa leitura pra quem gosta de explorar todas as nuances de uma pessoa, todas as faces, os pensamentos, os atos.

site: https://www.instagram.com/culturinhas/
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Natani2 17/05/2019

Tinha tudo para ser chato, mas é magnífico!
O livro conta a história de um professor de literatura inglesa, que tem uma vida comum, com seus problemas, suas paixões e seu dia-a-dia.
Tinha tudo para ser um livro entediante, mas o autor tem uma escrita impecável!!! Você vai devorando o livro sem perceber, quando vê já acabou.
É tão fascinante que quase me tornei um Stoner e mudei minha vida para a literatura. Era um sonho adormecido que o livro despertou.
Recomendo sem dúvidas!!!
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Juscelino L 26/03/2019

Like a Rolling Stoner
Stoner não é dos livros que encanta de primeira, logo no início até as páginas seguintes o autor expõe o universo do protagonista e diz que não se trata de muito: é sobre um homem e sua vida simples como professor universitário.

Porém ao longo do livro o autor entra em mais detalhes, e percebemos como a história, apesar de simples, é bem tocante. Stoner vive uma época em que passa pelas duas guerras mundiais, a crise de 29 e nesse tempo também se casa e tem uma filha, tudo isso enquanto leciona na universidade que se formou.

Há momentos em que sentimos apreço pelo personagem e em outros total decepção, mas é aí que podemos vê-lo como um homem comum e até se identificar com suas atitudes e me fez pensar se faria diferente ou como mudaria as coisas se fosse comigo.
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Mariana Rocha 22/03/2019

Que livro!
John Williams conseguiu transformar uma vida aparentemente triste e sem graça numa das melhores leituras da minha vida. Um livro que provoca no leitor uma emoção sem explicação... chorei no último capítulo e senti raiva, tristeza, alegria, pena, compaixão ao longo da leitura. É um livro pra sentir. Desses que dá pena de terminar. Que livro!
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Lucas M. 23/12/2018

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Stoner é um livro edificado sobre um alicerce constituído de solidão e trivialidade. Tão trivial é sua vida que a ideia de a narrativa estar contando pelo menos um pouco de nossa própria história, ainda que com maior ou menor grau de assertividade, é aterradora e contundente.

A justaposição das diferentes esferas de sua vida expõe um cenário de desconforto, como um quebra-cabeças que não se encaixa, composto por peças que, embora possuam um cerne comum, são tão distintas quanto peças de diferentes quebra-cabeças podem ser. O resultado desta vida primordialmente fragmentada não poderia ser outro que não a de um homem igualmente fragmentado e entorpecido, ainda que consciente da imutabilidade e inexorabilidade do destino comum e de seu próprio destino.

O livro apresenta alguns personagens marcantes que se fazem presentes, de uma forma ou de outra, ao longo de todo livro, e que são responsáveis por evocar os sentimentos polarizados mais primitivos e viscerais: amor e ódio. É por meio de diferentes doses destes dois sentimentos que o livro se alimenta e se expande, tornando-se muito mais que um acumulado de infortúnios e trivialidades que, expostos na primeira página, relatam as potencialidades de nossa própria vida.
Rafael 18/02/2019minha estante
Linda resenha




Toni 26/11/2018

Aquilo que tem mais voz em Stoner é o silêncio. Seja na forma de omissão, letargo, indiferença ou privilégio, o silêncio predomina no romance. Como uma espécie de Ivan Ilitch estadunidense (sem o forte moralismo cristão), a vida de William Stoner é uma vida quase que inteiramente banida de si mesma — um quixote, um rei lear, um brasil-bolsonarista — nascida para o fracasso e a alienação. Parece improvável, no entanto (e aí vem o talento do escritor), não sentir empatia por esse homem com sensibilidade para encantar-se com o poder da literatura mas sem entusiasmo para lutar por um casamento falido desde a lua-de-mel. A prosa elegante e clara contribui para isso, sem dúvida, mas também a bem-dosada alternância entre calmaria (aqui tomada como algo ruim) e ruído (tudo o que torna a vida mais significativa), bem como o embate entre a palavra (literatura, trabalho) e o silêncio (vida conjugal, relações pessoais).
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Não se deve considerar, com isso, que as categorias simbólicas no livro sejam estáticas. Williams consegue dar profundidade a tudo o que circula a vida de Stoner, atribuindo-lhes multifacetados sentidos: a literatura é, por ex., aquilo que transforma sua existência para tempos depois lançá-lo em desgraça. Sua filha, também, passa de alento à campo de batalha e acaba vítima da negligência dos pais. Sua mulher, uma das construções mais agônicas do romance, é um mistério insondável à resignação de Stoner (e dos leitores, por tabela).
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Em resposta ao barulho da ficção contemporânea pós-ismos, o autor propõe uma narrativa complexa sobre a vida de um professor universitário do qual “poucos estudantes se lembram com alguma nitidez”. Mas nós, leitores, não conseguimos esquecer da vida ou dos silêncios de Stoner. Ainda que enlevados pela prosa magnética de John Williams, confrontados, como o protagonista, com nossa imagem derrotada no espelho e arrastados, inexoravelmente, até a pilha de muitos fracassos e algumas conquistas de nossa experiência, nós não esquecemos a dor, a luta, o silêncio. Sobretudo o silêncio. A gente lembra para aprender a resistir.
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Pedro 19/11/2018

Nos Estados Unidos da primeira metade do século XX, o jovem Stoner deixa a vida no campo para ingressar na universidade. O contato com a literatura provocará uma ruptura sem precedentes no íntimo do rapaz, e, entre guerras e sonhos de realização pessoal, Stoner torna-se professor da mesma universidade em que se formou, apaixona-se, casa e enfrenta as novas crises que a vida, de modo irrefreável, lhe impõe. Esse homem sem qualidades ímpares encara os caprichos da existência, numa jornada absurdamente trivial entre escolhas e fatalidades. Neste romance improvável, cujo final assombra o leitor por dias, John Williams atravessa pacientemente os anos rumo ao anunciado fim de seu inesperado herói, fazendo a vida rotineira ganhar uma dimensão grandiosa e reveladora de quem somos ou podemos ser.
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