O Presidente Negro

O Presidente Negro Monteiro Lobato




Resenhas - O Presidente Negro


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Luciano Luíz 20/04/2021

Em 1926 MONTEIRO LOBATO publicou seu romance de ficção científica sobre um futuro distópico com o título de O CHOQUE. Posteriormente rebatizado para O PRESIDENTE NEGRO. O livro narra a vida de um sujeito que a princípio andava a pé e olhava para quem usava automóvel como alguém diferente. Ele se dizia pedestre e os motorizados de rodantes e que estes não respeitavam os andantes. Pois bem, resolve comprar um Ford e assim sua mentalidade muda e passa a agir exatamente da mesma maneira daqueles o qual criticava.
É um começo interessante e depois temos o cara se acidentando e ao acordar encontra-se num castelo onde um cientista e sua filha o resgataram e ali ele fica uns dias e então lhe é revelado que o Dr. Benson criou uma máquina que mostra o futuro até o ano 3 mil e pouco.
O cientista morre (de velhice) e então a filha resolve contar como é a América no ano de 2228 (pois a maquininha que mostrava as imagens foi destruída). Aliás, também fala que os vermelhos (índios não mais existem) e que os amarelos (mais precisamente chineses dominaram a Europa). Daí sobraram branco e pretos em uma guerra racial (ou étnica).
Aliás, há umas coisas curiosas aqui, como pessoas que trabalham de casa, leem revistas e jornais em painéis nas paredes de suas residências, votam (em eleições) sem sair do lar e mais outras parafernálias que impressionam para um romance de 1926 (A MÁQUINA DO TEMPO DE H. G. WELLS, publicada em 1895 transporta o protagonista para bilhões de anos no futuro e mostra um mundo vazio onde há pessoas grandes que devoram as pequenas, e não vai além disso enquanto no livro do brasileiro há uma série de tranqueiras tecnológicas semelhantes ao que vemos no século 21 como a popularidade da internet e outras mais).
Porém, o coração da narrativa não é o aspecto da tecnologia e o cotidiano, mas sim, o ódio entre as raças (etnias), que resulta numa separação geográfica entre negros e brancos. Além de serem deportados para o Amazonas, ainda passam por um processo químico onde são esbranquiçados.
Além disso há também a distância entre homens e mulheres. Mais precisamente homens e mulheres brancos.
O que chama atenção aqui é que mesmo com essas diferenças o ódio, a sociedade como um tudo diz ser evoluída e que não há mais doentes, tarados, etc. e tal. E tudo que havia de ruim no ser humano foi deixado para trás.
Os homens (independente de cor) são chamados de gorilas pelas mulheres.
Mas há coisas que não parecem se encaixar bem no romance. Se há o ódio e a separação étnica, como é possível então que Jim Roy possa se candidatar? Ele é eleito o primeiro presidente negro. E note que mesmo com a cor da pele adulterada, ainda é chamado de negro.
Pode-se mudar alguém por fora nesse aspecto físico, mas ideologicamente e em questão de personalidade, os negros continuavam os mesmos. No entanto com o passar dos anos foram perdendo suas tradições culturais até a extinção.
Enfim, esse romance em verdade mais parece um rascunho. Quase até a metade é pura enrolação de um personagem que não sabe o que fazer ou dizer. Depois a mocinha começa a fazer a revelação política e social de um mundo que só tende a piorar.
Não gostei dela. Me pareceu antipática por demais e ele um personagem que tem pouco a oferecer. E sobre os personagens do futuro, ali se percebe a luta das cores apenas por isso: cor. Há aqueles que tentam ver com outro jeito a situação e que falam sobre o passado e do quanto os negros foram importantes para a civilização atual chegar onde está. Porém, entre ambos, brancos e negros existe aquele ódio. Conversam um pouco de forma amigável, mas logo as palavras adquirem farpas e estas machucam fazendo seus pensamentos retornarem a um estado mais bruto.
O romance como um todo não é um trabalho primoroso na questão de produzir uma boa história, a narrativa é arrastada de início e depois há repetições e conversas que em verdade só servem para se revelar como vazias ou então demonstrar todo o ressentimento que há.
Na questão de previsões tecnológicas, estas se mostram competentes e realmente impressionam.
No fim das contas é um livro que deixa muito a desejar apesar de ser um futuro pessimista (e que convenhamos, em muitos aspectos não é diferente do que constatamos no presente).
Distopias são assim. Só que esta foi mais longe e abre feridas que não deixam de sangrar devido ao ódio sem fim.

L. L. Santos

site: https://www.facebook.com/lucianoluizsantostextos/
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Bruna Belchior 01/04/2021

Delirante, sufocante, horripilante....
A obra adulta de Monteiro Lobato sempre me despertou interesse. Ler os autores clássicos traduzem o contexto social brasileiro muito bem, muito pouco evoluímos desde então. É estranho pensar que o autor das aventuras de narizinho e Pedrinho pode pensar em tantas atrocidades como a ?castração? em massa de negro para resolver os problemas sociais dos Estados Unidos do futuro.
A ideia de viagem no tempo (cujo o autor NAO foi pioneiro) deu ao livro um tom mais ridículo, as explicações para tão viagem acontecer não convence o leitor, é extremamente mal desenvolvida, assim como todos os personagens. Obviamente um autor eugenista flertaria com o Darwinismo, o autor ?aproveitou? do ?conhecimento? para desenvolver uma narrativa ?feminista? que não tem semelhanças nem mesmo com o feminismo do atual século.
Quanto a narrativa da obra: extremamente cansativa e tediosa, o narrador protagonista não participa da ?viagem no tempo? ele ouve a narrativa de forma parcelada (a la mil e uma noites) enquanto narra sua tediosa vida mistura- se com a narrativa de sua racista amada.
Muitas críticas acerca do livro foram positivas ?o autor conseguiu prever o futuro, realmente na América ergueu-se um presidente negro?, eu diria que o autor revisitou o passado.


Recomendação:


Recomendo a obra para pessoas que tem interesse de entender tal pensamento, como forma crítica.

Entretanto não recomendo o livro para pessoas sensíveis ao tema, pois tem muitos gatilhos que podem despertar os mais perturbadores sentimentos no leitor.
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lurdes 08/03/2021

HORROROSO
pior livro que já li na vida. puro preconceito e ignorância, defende eugenia deliberadamente em uma história fraca e mal escrita.
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L Soares 01/02/2021

Uma obra de ficção científica nacional, publicado em 1926, na qual o personagem principal, Ayrton após um acidente acaba sendo resgatado por professor Benson e sua filha Miss Jane, e durante sua estadia nessa morada exótica, é apresentado a uma máquina que permite estudar o futuro e passado. E o apaixonado Ayrton, começa a aprender sobre um período específico do futuro, 2228 nos EUA, e sobre o choque, primeiro entre homens e mulheres, baseada na teoria de que os mesmos seriam de espécies diferentes, e depois, a intensificação do confronto racial e como ele acabou resolvido. Sobre racismo e machismo, cada um tire suas próprias conclusões, não de trechos fora de contexto mas da obra em si. A narrativa em paralelo do presente dos personagens e suas conversas, com a história do que se passa no futuro é uma construção bem interessante. E os eventos futuros narrados, com as teorias de diferença de espécie entre homens e mulheres, sua reconciliação diante de um inimigo comum, e todo o confronto de duas visões eugênicas opostas, em especial no contexto da história em que houve o "aperfeiçoamento" de toda a sociedade com o fim de todos os tipos indesejados é realmente interessante como distopia, em especial por sempre acabarmos esbarrando em paralelos tão vivos e atuais.
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yokiitos 27/12/2020

Censura ou ressignificação?
Finalmente terminei de ler esse livro. Depois de acompanhar inúmeras discussões no Twitter sobre o racismo nas obras de Monteiro Lobato, fiquei tão curioso a ponto de ir procurar o que estava acontecendo diretamente da fonte. Eu nunca fui grande fã do Monteiro Lobato. O Sítio do Pikapau Amarelo nunca me atraiu quando criança, e hoje continuo não vendo graça alguma. Mas eu não sou referência nesse assunto, já que essa obra infantil é provavelmente a mais popular do Brasil. E eu até consigo entender, Lobato conseguiu construir uma história completamente autóctone, e não há nada melhor do que nos vermos representados nos livros e na TV enquanto crianças. Seus personagens entraram para a cultura brasileira de uma forma inexplicável, quase fazendo parte do folclore brasileiro. Isso consolidou a carreira de Monteiro Lobato na literatura brasileira, transformando-o numa gigante referência artística até os dias de hoje. Ou melhor dizendo, até os dias de ontem.

Em sua época, ninguém teria coragem de "cancelar" Monteiro Lobato por ser racista. Ninguém sequer teria um pensamento como esse. Mas hoje, em 2020, é quase impossível que obras como as de Lobato passem despercebidas e não tenham suas integridades questionadas. Eu até cheguei a estranhar o fato de que eu nunca havia ouvido falar nisso quando, de uma hora para outra, tudo tomou uma repercussão enorme. A questão é que o racismo de Monteiro Lobato vem sido discutido há pouco tempo exatamente porque nossa mentalidade mudou de forma muito rápida, ainda bem. Há alguns anos esse livro não fazia diferença na vida de ninguém, mas hoje descobrimos que sempre fez sim! Pessoas consagradas como Lobato tem grande influência sobre a vida das pessoas, ainda que essa não seja a intenção principal. Aliás, é importante ressaltar que esse não é um caso isolado. Monteiro Lobato inseriu seu racismo em diversas de suas obras, incluindo o livro infantil Em Caçadas de Pedrinho, onde se refere a Tia Nastácia como uma "macaca de carvão" que "parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros". Logo, o racismo de Monteiro Lobato é um assunto a ser discutido com extrema urgência, já que passou tanto tempo ensinado crianças (e adultos) a serem racistas.

Existe também um livro chamado Negrinha, o qual é visto por muitos como um livro antirracista e que, ao mostrar os sofrimentos de uma jovem negra, pode ser isento de acusações. Mas mesmo sem ter lido este, preciso desconfiar disso, já que a obra foi levada para o STF em 2012 para que uma decisão fosse tomada em relação da distribuição em escolas públicas. Eu vi muita gente no Twitter defendendo suas ideias quanto a existência de um impedimento na entrada dos livros de Monteiro Lobato nas escolas, ou até a censura por completo. Na minha opinião, não há nada pior do que a censura, principalmente quando se trata de obras históricas, por mais problemáticas que sejam. É preciso que haja uma discussão acerca do assunto, e mais do que isso, que a editora do livro se manifeste inserindo notas e prefácios que evidenciem o conteúdo da obra. Além disso, se os livros estiverem sendo usados em ambientes educacionais, é preciso que exista professores preparados para advertir os alunos quanto ao teor racista ou quaisquer outros problemas que possam existir na obra em questão. É com grande contentamento que vejo que essas coisas já estão acontecendo atualmente. A discussão do Twitter, que eu tanto critiquei, na verdade é incrivelmente útil, foi ela que me levou a ler esse livro e entender melhor o quanto o racismo no nosso país é estrutural. Essa edição da Editora Globo que li, de 2009, possui um prefácio que evidencia não só o racismo na obra, mas também o quanto o próprio Monteiro Lobato era eugenista, não só essencialmente, mas também empiricamente, ao se relacionar com a própria Sociedade Eugênica que existia em São Paulo em 1918. Enfim, felizmente vivemos numa época onde esse tipo de coisa, além de não ser mais aceito, recebe um novo significado.

Para desfazer esse teor jornalístico que criei nessa resenha sem querer, quero comentar também sobre o quanto eu gostei de toda a construção da máquina capaz de viajar no tempo. O presidente negro, que intitula o livro, se encontra no ano de 2228 enquanto a história é narrada há muito tempo antes. Essa parte da história poderia ser tratada como mera fantasia, mas Lobato consegue utilizar de diversas referências da ciência real para explicar o funcionamento daquela máquina, o que faz com que tudo pareça perfeitamente possível. Enfim, esse livro tem muitas coisas além da eugenia, e exatamente por isso que eu me oponho a censura de qualquer obra que seja e defendo a ressignificação. Sem dúvidas, o impacto cultural consegue ser bem maior dessa forma.
M Ferreira 29/05/2022minha estante
Incrível a sua resenha. Eu nunca li nenhum livro do Lobato, mas já estive acompanhando as discussões sobre o racismo em suas obras. Concordo com a tua visão sobre a censura. É preciso promover debates sobre esse assunto para que as pessoas tenham consciência de que os livros, como esse, representam o pensamento de uma época que não é, necessariamente, correto. Apagar a história é um erro grave, por mais problemáticas que as ideias sejam. A leitura crítica de obras clásicas é a melhor maneira de corrigirmos os erros do passado, ou seja, aprendendo com eles e não fingindo que não existiram ou modificando-os.




Lucas.Gabriel 23/12/2020

O auge do racismo de Monteiro Lobato
A história em si é bem maluca. Um rapaz conhece o pai de uma moça que tem uma máquina do tempo que leva a pessoa a saber do futuro. A mulher dá a ideia do rapaz ir ao futuro e escrever um livro sobre o que acontece no EUA daquele tempo. Aí é em que entra as questões racistas e machistas do livro. Apresenta as mulheres como se servissem aos homens de maneira bem amigável e achando algo comum. E, por fim, o pior. O modo como vê os negros. Apenas os vendo como seres altamente fáceis de manipular e burros. Confesso que fiquei bem mal lendo esse livro em diversos trechos. Mesmo sendo uma distopia, revela o grande preconceito que Monteiro carregava com ele.
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Viviane.Ramos 09/12/2020

O presidente negro
Presidente Negro ou Choque das Raças (Editora Globo, 2008), publicado originalmente em 1926, Monteiro Lobato, neste seu único romance adulto e de ficção científica, constrói uma narrativa que se passa em dois momentos distintos: em 1928 e no ano de 2.228, ou seja, trezentos anos no futuro.
Ayrton, cobrador da empresa Sá, Pato & Cia. sofre um acidente automobilístico na região de Friburgo (Rio de Janeiro) e é resgatado pelo recluso professor Benson, que o leva para sua residência. Ali, ele trava contato com a grande invenção de Benson, o ?porviroscópio?, um dispositivo que permite ver o futuro, e com miss Jane, a bela e racional filha do cientista.Anos depois o Baruk Obama torna o primeiro presidente EUA ,essa história contar a realidade que foi escrito.
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Denise Ximenes 29/11/2020

Equívoco da obra de Monteiro Lobato
Uma leitura importante, mas bem difícil de continuar pelo viés racista. Trata-se de uma  distopia em que o narrador descreve o ano de 2.228 e defende, pasmem, a eugenia!

Ele se refere aos negros como "pequenos lázaros". Essa e outras expressões, como "pureza do sangue branco" me causaram náuseas em diversos momentos.

Para executar o plano de "purificar" a população brasileira, criou-se um gabinete de eugenia. Negros receberiam tratamento de alisamento dos cabelos, bem como tomariam uma pílula para embranquecer definitivamente a pele. Pra mim, tão chocante quanto ler isso foi ler que havia um prazer expresso pelas mulheres negras em passar por isso: "Libertas, afinal, do odioso estigma." (p. 174)

Acontece que Monteiro Lobato nasceu em uma família escravagista. Mais do que cancelar o escritor pela publicação desse livro (pra mim, o equívoco de toda a sua produção), é preciso reconhecer toda a contribuição cultural promovida por ele.

Ler O Presidente Negro, mesmo com náuseas, nos leva a refletir sobre o racismo estrutural e a aprender conceitos como eugenia para, enfim, críticar padrões e militar pela causa antirracista.
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ultragicomedia 27/08/2020minha estante
Monteiro Lobato era de fato racista, além de querer trazer a KKK para o Brasil, é possível ver isso de forma nítida em suas obras. Claro que o termo só passou a ser usado posteriormente, mas acredito que seja importante não ignorarmos esse fato através de uma leitura com o olhar do século XXI.




pradovmarcos 24/08/2020

MONTEIRO "EUGENISTA" LOBATO
Monteiro Lobato dispensa apresentações. Reconhecido por sua encantadora literatura infantil, o autor também tem produções literárias adultas que muito se exaltam e são elogiadas. Importante autor modernista, Monteiro Lobato teve forte significância na valorização cultural brasileira numa época em que o que era creditado como importantes provinha de fontes parisienses.

Em "O Presidente Negro" acompanhamos o personagem Ayrton, homem comum que após um período de labuta na vida consegue um tão sonhado carro. Numa de suas viagens pelas ruas, Ayrton sofre um acidente e é resgatado pelo Dr. Benson e sua adorável neta, Ms. Jane. Eis que o doutor apresenta ao rodante (termo no livro direcionado as pessoas que possuem carro) Ayrton sua magnífica invenção: o porviroscópio, objeto dotado da capacidade de observar o futuro. Através desta invenção, Ms. Jane conta ao homem os acontecimentos de vários anos do futuro, mas em especial das eleições de 2228 nos Estados Unidos, onde o primeiro presidente negro da história será eleito.

Com uma escrita maravilhosa e "explicações científicas" muito bem construídas, Monteiro Lobato consegue fisgar a atenção do leitor desde o primeiro contato de Ayrton com o Dr. Benson. Referências a acontecimentos da época, como o auge do Fordismo e um quase endeusamento ao próprio Ford tornam a leitura mais profunda, metáforas a respeito de classes sociais também são chaves que sustentam uma positividade na obra.

Entretanto, o foco principal logo se evidencia: a pregação a favor da eugenia branca.

Por mais que se tente, ao menos ao meu ver, não se é possível separar personagem do autor ao longo de toda a narrativa. No livro não existem personagens que contrariam tudo o que está sendo dito; nenhuma construção textual questiona os posicionamentos e rumos do futuro distópico criado por Lobato; a narrativa em momento algum direciona alguma janela para uma interpretação de que tudo aquilo que ali está sendo proposto é ruim, incerto e desumano.

O livro me deixou horrorizado, não só pelo conteúdo que traz, mas também por me lembrar que, apesar de evidências significantes como este romance, existem ainda dúvidas a cerca de se era o autor racista ou não.

Apesar dos pesares, não acho positivo trazer o cancelamento do autor, já que teve ele importância dentro da literatura brasileira. Além do mais, saber de pensamentos passados como foram os de Lobato, nos reforça a direção na qual NÃO seguir como sociedade.
Júlia 24/08/2020minha estante
Minha maior decepção desse ano foi descobrir esse lado do Monteiro Lobato que eu nunca tinha notado antes ):


pradovmarcos 24/08/2020minha estante
Esse foi meu primeiro contato com ele, imagine o impacto !!
Ainda assim estou curiosíssimo para ler outras obras do autor, inclusive, para tirar maiores conclusões e percepções desse lado lastimável.




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Patrick 21/07/2020

Lobato e seu livro de ficção científica
Após ler uma crítica sobre a obra, resolvi tirar minhas próprias conclusões sobre "O Presidente Negro". Entre as polêmicas: a do livro possuir um viés machista e racista. Cabe lembrar aos leitores o contexto em que Monteiro Lobato a concebeu. A sociedade brasileira foi e ainda é machista e racista. Quando "O Presidente Negro" foi escrito (1926), a população negra e feminina brasileira nem direito a voto tinham. Na distopia narrada, as vésperas das eleições presidenciais dos Estados Unidos, no ano de 2228, embora negros e mulheres participassem do pleito, eles eram vistos como cidadãos inferiores, a serem submetidos aos cidadãos superiores: homens brancos. Portanto, o enredo desenvolvido, embora fictício, não deixa de ser um retrato da sociedade brasileira patriarcal e branca de aproximadamente um século atrás. Condenar a obra? Não, ela possui aspectos interessantes que colaboram para uma reflexão de quanto a nossa sociedade (e muitas das ideias que a permeiam) evoluíram (ou não).
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Helenice 12/07/2020

Nunca li nada tão preconceituoso.
Já tinha ouvido falar como este livro traz uma abordagem racista. Mas fiquei me perguntando se seria o autor racista ou se o mesmo queria fazer uma crítica e levantar uma discussão sobre o racismo. Mas depois de ler cheguei a conclusão que só alguém muito preconceituoso conseguiria pensar em algo tão racista. Lógico que há aproximadamente 100 anos atrás (quando o livro foi escrito) havia racismo, até pq ainda hoje existe, mas após a abolição da escravidão era de se esperar que as pessoas pelo menos acreditassem num futuro melhor para os negros e que pessoas com uma influência tão grande defendessem a igualdade racial. Porém é justamente o contrário que acontece nesse livro (que se passa num futuro a mais de 300 anos após a abolição da escravidão): colocar o negro como uma raça inferior, conformados com tal posição e incapaz de lutar por igualdade por centenas de anos. Um livro difícil de ler em tempos onde tanto lutamos para acabar com o racismo.
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sabren 10/07/2020

quase abandonei esse livro em diversos momentos. extremamente racista, eugenista e machista até pra época em que foi escrito.
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@lucianoasilva_ 06/07/2020

A Eugenia no século XXI.
"O Presidente Negro", publicado em 1926, foi o único romance adulto escrito por Monteiro Lobato. Nele, estão impregnadas ideias eugenistas que, ao meu ver, carregam o lastro responsável pelas políticas públicas que vemos hoje no país, além de desvendar os motivos pelos quais nossa sociedade é sim (!) - imensamente - racista.

Essas ideias, foram batizadas com o termo "Eugenia" pelo inglês Francis Galton, ainda no século XIX. Ele acreditava que selecionando as "melhores" características genéticas da raça humana (branca); incentivando sua reprodução pura; e exterminando as demais raças, seria possível erradicar problemas como: deficiências físicas e mentais, criminosos (!), pobres e doentes.

No livro, conhecemos o Professor Benson, inventor de uma máquina capaz de consultar qualquer acontecimento histórico do futuro. O livro, no entanto, nos prende ao ano 2.228, o qual marca a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, narrando as minúcias da disputa eleitoral travada entre Jim Roy (o "gorila evoluído"), Miss Astor e Miss Elvin (as feministas "odiosas mulheres-homem") e, tentando a reeleição, o Presidente Kerlog ("macho natural branco e marido milenar").

Devidamente apresentados, o que acontece no desenrolar da história com a vitória de Jim, é a representação de uma política eugenista, o medo de ter um negro em posição de poder é tão grande, que escancara uma discriminação racial capaz de dizer um pouco sobre Monteiro. O criador do querido Sítio do Picapau Amarelo defendia movimentos como a Ku Klux Kan...(vide imagem 9).

Enfim, não consigo sintetizar todos os absurdos que se passaram no livro, por isso tô deixando alguns trechos nas fotos acima. Quero deixar também, no link que tá na bio, um vídeo que mostra como esse pensamento deixou heranças no Brasil. Nossas políticas criminais marcadas por uma seletividade absurda ou até mesmo a maneira como o governo tem se mostrado diante da pandemia, casam perfeitamente com um ideal eugenista. Afinal, "e daí" se os doentes estão morrendo com o Covid? Quem é saudável vai ficar...

#opresidentenegro #monteirolobato #eugenia #leituras2020 #desafioliterário

Instagram: @lucianoasilva_
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