O Presidente Negro

O Presidente Negro Monteiro Lobato




Resenhas - O Presidente Negro


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Tecocesar 19/06/2017

Uricumpadi
Uma resenha para quem, assim como eu, nunca leu Monteiro Lobato e que começou por esse livro. Sim, eu nunca li o "sítio do pica pau amarelo". E também nunca assisti.

O livro começa bom. Conta a história de Ayrton, um cidadão comum. Relata um pouco da sua rotina e de seu trabalho. Até que por um descuido sofre um acidente e é resgatado por um senhor misterioso. Até aqui, o livro é legal e fácil de ler.

Depois, quando a história realmente começa é impossível não se espantar.
Ainda que através de uma personagem, é espantoso as ideias alí expostas. Machismo, racismo, eugenismo e uma atmosfera totalmente de exclusão.

Obviamente fui pesquisar um pouco sobre o autor e sua obra. Há uma eterna controvérsias acerca do racismo nas obras de Monteiro Lobato. Inclusive houve uma ação judicial contra o ministério da educação por disponibilizar gratuitamente volumes da obra infantil que continham trechos racistas.

Outros acham que o autor não era racista por excelência, apenas reproduzia os costumes da época. Como se isso o torna-se menos racista.

Tenho que discordar das outras resenhas ao afirmarem que o livro é esquecível, ou que seja de leitura dispensável.

O livro é inesquecível. Mostra um pensamento que já foi amplamente difundido e até aplicado. E não só pela Alemanha nazista, mas por países como EUA, Suíça, e vários outros da Europa.
Não podemos esquecer que isso já existiu, que já foi defendido, que já foi aplicado. Portanto, uma leitura indispensável.
Lau 01/09/2020minha estante
É, eu tb nunca tinha lido nada dele e nunca assisti Sítio do Pica pau amarelo, comecei por esse livro e perdi o tesão de ler qualquer outra coisa dele...rsrs... Entendo o contexto da época, mas ainda assim é muito difícil ler um livro tão racista como esse




Fabio Henrique 18/03/2017

Esquecível
Não bastasse ser um poço inesgotável dos preconceitos de uma época, como ficção é também um horror.
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Marcos478 10/01/2017

Livro racista e machista
Olha... Uma palavra apenas com esse livro... Decepção!

Acredito que Lobato poderia ter aproveitado muito melhor o assunto, fazendo com que os personagens se assustassem talvez com o crescimento do ódio racial e machismo, e como a eugenia poderia ser maléfico pra sociedade.

Mas pelo contrário os personagens na verdade se maravilhavam com esse futuro escroto.
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Ana Ponce 03/01/2017

O Presidente Negro
Tudo bem com vocês??? Hoje quero compartilhar minhas impressões de leitura sobre o livro O Presidente Negro de Monteiro Lobato. Ele foi publicado originalmente em 1926 com o titulo de O Choque das Raças, tendo posteriormente o título alterado para O Presidente Negro. Esse é o único romance escrito por Monteiro Lobato.
A história se passa em 1926, e tem como narrador Ayrton, que é um empregado da empresa Sá, Pato & Cia., que possui o grande sonho de se tornar um rodante, ou seja, um motorista, ter o seu próprio carro. E após juntar economia ele consegue realizar seu sonho e se torna um rodante, ele acaba sofrendo um acidente automobilístico na região de Nova Friburgo, no atual estado do Rio de Janeiro. Após seu acidente ele é resgatado pelo recluso professor Benson, que o leva para sua residência.
No decorrer de sua convalescência, Ayrton conhece a bela e inteligentíssima filha do professor, Miss Jane. E acaba conhecendo o segredo do professor, sua grande invenção: o “porviroscópio”.
Em resumo, o “porviroscópio” é um instrumento que canaliza as “energias” e acontecimentos e dessa forma permite prever os acontecimentos futuros. E dessa forma, Ayrton é posto a par da disputa pela Casa Branca nos Estados Unidos da América do ano 2228.
Nessa eleição há uma divisão do eleitorado branco entre homens e mulheres, o motivo por trás da divisão do eleitorado branco em homens e mulheres não “desceu”, mesmo para uma ficção científica, ainda mais levando em consideração que ideias de Darwin e Mendel já eram divulgadas, embora de forma confusa. A divisão entre os brancos ocasiona a eleição do candidato negro, Jim Roy, no 88° presidente dos EUA. Essa eleição gerou um grande impasse, e os brancos (agora novamente unidos) elaboram uma “solução final” para o “problema negro”.
O que me chamou a atenção foi a analise que Monteiro fez do desenvolvimento da ciência: internet, alisamento capilar, etc... Mas quanto a analise social... para disser o mínimo, me lembra muito as ideias nazista defendidas anos depois por Adolf Hitler.
Embora a história seja escrita de forma incrível, a narrativa muito fluída e atrativa, o desenrolar da história e as ideias defendidas não me agradaram.
Fica a eterna discussão sobre o fato de ele ser racista ou não, que não consigo responder. Monteiro viveu durante a chamada “abolição” dos escravos, que apesar de livre não tinha meios de subsistência, e eram tidos como classe inferior, sendo esse o pensamento em voga na época, mas isso não justifica. Seria o mesmo de justificar Hitler com base no fato do pensamento eugênico ter se espalhado e ganhado terreno nesse período.

Espero que tenham gostado. Beijos e até a próxima.

site: viajandocompapeletinta.blogspot.com
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Guta 01/01/2017

Frases relevantes
"_Sim, porque se não fosse a desonestidade dos homens tudo se simplificaria grandemente."(p.23)
"O mundo meu caro, é um imenso livro de maravilhas. A parte que o homem já leu chama-se passado; o presente é a página em que está aberto o livro; o futuro são as páginas ainda por contar."(p.42)
"-A história é o mais belo romance anedótico que o homem vem compondo desde que aprendeu a escrever. Mas que tem com o passado a História? Toma deles fatos e personagens e os vai estilizando ao sabor da imaginação artística dos historiadores. Só isso."(p.59)
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Gláucia 08/04/2015

O Presidente Negro - Monteiro Lobato
Certamente a leitura mais difícil que fiz na vida. Muito se fala sobre o fato do racismo de Lobato por conta de trechos em suas obras infantis e nunca concordei com essa acusação por achar que não representasse exatamente o pensamento do autor, era a época, etc e além do mais há que se ter senso crítico: o tema poderia ser muito bem trabalhado e abordado em sala de aula como tema de discussão.
Aqui porém não resta dúvida mas o livro vai muito além do racismo e o autor expõe ideias absolutamente indefensáveis. Publicado em 1926 é o único romance adulto de Lobato e não foi a toa. Muito fraco, nem tem estrutura de romance, sendo mais um discurso de Jane que parece ser a voz do autor defendendo suas teorias.
Airton Lobo sofre um acidente e vai parar num estranho castelo onde mora um cientista com sua filha Jane. Lá ele é apresentado ao porviroscópio, máquina capaz de prever o futuro. E aqui Lobato é brilhante por sua capacidade visionária: descreve um sistema de comunicação que seria a internet de hoje, fala sobre o trabalho em casa sem necessidade de congestionar o trânsito, voto eletrônico, entre outras invenções que hoje em dia são realidade.
Desde criança sou grande admiradora do autor, não só por sua maravilhosa literatura infantil que me formou leitora, como por seus contos mas principalmente por seu caráter progressista de grande empreendedor que sonhou um Brasil desenvolvido. Esse livro me revelou um Lobato que desconhecia e será difícil superar a impressão negativa e avassaladora que essa leitura me deixou mas continuarei no meu projeto de reler sua obra juntamente com o livro teórico de Marisa Lajolo agora com o intuito de encontrar algo que desfaça o que li nesse livro. Em uma palavra: ofensivo.
Thiago 08/04/2015minha estante
Eu sempre ouvi falar muito dessa obra do Lobato, o contrário do "urupês" que eu já ouvi falar muito bem e que hoje é até pouco citado, eu lembro muito daquele conto "bugio moqueado", que chega a dar um frio na espinha.


Gláucia 08/04/2015minha estante
Thiago, estou até hoje tentando assimilar o que li nesse livro. Mas cheguei à conclusão que talvez seja melhor esquecer.


Thiago 09/04/2015minha estante
Pior que tinha tudo para ser um grande romance com um tema muito a frente do tempo dele, mas pessimamente desenvolvido pelo seu comentário.




Jairo.Escudero 28/03/2014

Mais machista... talvez. Mas nunca, nada mais racista.
Creio que li O Sítio do Pica-Pau Amarelo quando criança e recentemente me deparei com um artigo que apontava a obra literária juvenil de Monteiro Lobato como racista. Assim como eu, não acredito que outros jovens, independente da época em que leram as aventuras de Emilia, Narizinho, Pedrinho, o Visconde de Sabugosa, Dona Benta e Tia Nastácia, tenham captado qualquer nuance de racismo. Para mim, isso pareceu coisa de adulto metido a crítico literário.

Resolvi então ler "O Presidente Negro", para ver se, na obra adulta do escritor, ele era mais explícito com respeito a esse tão delicado tema.

Para começar, em termos técnicos literários, a obra é fraca, pois Lobato infringe uma das mais importantes e básicas regras da escrita de ficção: "show, don't tell" ou "mostre, não conte". A história toda é contada por Ayrton Lobo e, dentro de sua narrativa, a história do ano 2228 é contada por Miss Jane. Não há ação, tudo é contado. A falta de verossimilhança é outro sério problema da obra. Isso é evidenciado pelo fato de que Ayrton é, nas palavras do doutor Benson, "um homem comum, de educação mediana e pouco penetrado nos segredos da natureza (p. 37)", e em suas próprias palavras um homem de "estudos ligeiros, ginasiais apenas (p. 37) ... [que não compreende] muito bem, lento que [é] de espírito (p. 39)". No entanto, ele continuamente cita Shakespeare, a mitologia, filósofos, e é profundo conhecedor da história mundial; tudo utilizando-se de um vocabulário extremamente rebuscado que permeia a obra. Cadê a lógica?

Quanto ao tema "racismo". TÁ LOCO!!! Racista é pouco! Do jeito que o eugenismo é enaltecido, me admiro que Hitler não tenha usado a obra como "manual" para a eugenia que ele tentou implementar. Inicialmente, é uma história até que interessante com o doutor Benson, sua máquina do tempo (provavelmente inspirado em H.G.Wells) e sua filha Miss Jane. Porém, quando Jane começa a contar a história sobre os Estados Unidos do ano 2228 e o Choque das Raças (título original da obra), tudo empeça a desandar. Logo de início ela propõe que a mistura das raças, "nossa solução [a do Brasil de 1926 e de hoje] foi medíocre. Estragou as duas raças, fundindo-as. O negro perdeu as suas admiráveis qualidades físicas de selvagem e o branco sofreu a inevitável piora de caráter." DÁ PRA ACREDITAR?!?! Negro = Selvagem. Branco = Caráter. Daí em diante, é um tal de o negro fazer tratamento para esbranquiçar a pele e alisar o cabelo, subentendendo-se que nem o negro gosta dele próprio.

A história contada por Miss Jane não só contém intrigas raciais, mas também política, política entre os sexos, política entre as raças, traição entre todos, e por aí a fora. E, além de racista, Lobato é também extremamente machista, aludindo, em várias ocasiões, à instabilidade feminina (p. 154 "2+2 não era forçosamente igual a 4. Era igual ao que no momento conviesse.") e a sua submissão ao macho (p. 139 Evelyn Astor "Vejo bem claro agora nosso erro e, embora reconhecendo as queixas que a mulher tem do macho, também reconheço que sem o concurso dele nada valeríamos no mundo").

É interessante observar que, no livro, a ideia de "autorização para reprodução" (pp. 158-159) e a futura conquista da Europa pelos "mongóis" (leia-se asiáticos, chineses até nisso o tom é preconceituoso, sendo que a palavra usada se parece com "mongoloides", palavra que, no Brasil, tem conotação de síndrome de downs), pressagiam as atuais leis de controle populacional chinesas, plenamente implementadas em 1979, e o atual poder econômico da China. Também interessante, é o presságio do trabalho sem deslocação, ou seja o "telecommuting", as pessoas não precisam sair de casa para trabalhar, tudo é feito através da telecomunicação.

Talvez o único ponto alto da obra, suas únicas ideias louváveis são o fato de que em 2228 não existem mais moscas (p. 166 "Se ainda houvesse moscas no ano 2228 poder-se-ia ouvir alguma voar na sala.") e, principalmente, a crítica à corrupção, burocracia e "sistemas de parasitismo de outrora e de hoje" brasileiros na denúncia de um "devorismo orçamentário de certas repúblicas «nossas conhecidas», onde fazer parte do Estado é conquistar o direito à inação da piolheira vitalícia dormir, apodrecer na sonolência da burocracia que não espera, não deseja, não quer, não age suga apenas. (p. 117-118)"

Em síntese, a obra é um veículo deturpado, um culto às ideias racistas, machistas e arrogantes de um Monteiro Lobato que, pelo jeito, deveria ter se limitado à literatura juvenil, arena na qual seus profundos preconceitos e intolerâncias são menos detectáveis. Uma avaliação de REGULAR, na realidade, é muito generosa!! É claro, com base no meu preconceito contra obras preconceituosas!!!
Cássia 23/08/2018minha estante
Assim, eu não li a obra infantojuvenil do Monteiro Lobato, mas li trechos em que Tia Nastácia recebe insultos insultos raciais tanto de Dona Benta como de Emília. Você vê com otimismo a sutileza do racismo na obra dele pra crianças. Eu vejo como pior. Porque você absorve aquilo de forma muito natural. E com crianças é ainda mais complicado porque estão em processo de aquisição da linguagem e de como funciona o meio social. Se eu leio num livro infantil negros sendo tratados na base do esculacho, vou achar crescer achando que isso é natural. Leia essa thread no twitter. https://twitter.com/interessante/status/1018998436442656768?s=19


Carla Cohen 03/07/2020minha estante
Jairo, quero há muito tempo ler este livro. Suas observações foram muito valiosas para mim. Obrigada.


Sandra Clara 29/03/2021minha estante
Indo na contramão do que muita gente diz sobre esse livro, minha interpretação foi que Monteiro Lobato defende a ideia de que devemos nos aceitar como realmente somos. Come as you are do Nirvana e Máscara da Pitty são músicas que deveriam servir como trilha sonora deste livro. Jim Roy omegatiza seu cabelo e isso o torna estéril e inapto para liderar a nação no futuro distópico que Miss Jane vê no porviroscopio. Ayrton consegue conquistar Miss Jane e inicia sua carreira de escritor apesar de erros e discrepâncias em seu estilo de escrita, porque finalmente ele assume seu jeito particular e peculiar de escrever. Seja você mesmo mesmo que seja estranho e bizarro.


Maris 15/08/2021minha estante
Monteiro Lobato, nesta obra, pinçou as 3 piores doenças da humanidade, pelo menos do lado ocidental, o racismo, o machismo e o cinismo, este pelo viés da política e mostrou sem máscaras e sem eufemismos nossa alejada realidade humana. Quer gostemos, quer não gostemos, ele nos mostrou nus a nós mesmos. Chocante, mas real. Aliás, chocante porquê real.


Gaja Rocha 01/11/2021minha estante
O preconceito é inerente do ser humano e não existe quem não tenha esse sentimento!
Se eu tenho minha fé e como base a bíblia, logo, vou sofrer preconceito religioso ser chamado de machista, homofóbico e fundamentalista religioso!
Os preconceituosos da cartilha do politicamente correto autoritário.
"Amai ao próximo como a ti mesmo".




Spica Ceres 28/01/2014

A LUNETA DE LOBATO
Finda a leitura de “O Presidente Negro”, de Monteiro Lobato. E para início de conversa, quando me recomendaram a leitura desse livro, me peguei pensando no que Lobato escreveria numa obra para público adulto. O fato é que não conseguia desvincular a imagem de Monteiro Lobato ao universo infantil, pois quem não teve sua infância assistida pelos famosos personagens do “Sítio do Picapau Amarelo”? Daí que fazer a conexão de Lobato ao mundo infantil me parecia ser tão natural quanto “cara e coroa”, “Romeu e Julieta”, e coisas do tipo. No entanto, passada a expectativa e lido o livro, conclui que Lobato foi feliz nessa obra tanto quanto nos seus escritos infantis, e de forma alguma deixou a desejar. Com uma escrita simples, objetiva e leve, Monteiro vai tecendo a história de “O Presidente Negro”, fazendo o leitor virar as páginas, de modo que quando se dá por si já devorou boa parte do livro. Nesse romance, Monteiro Lobato num tom brincalhão e descomprometido arrisca dar a descrição de alguns acontecimentos do ano de 2228. Para esse fim elege três personagens importantes para o enredo: o professor Benson, a Miss Jane e o Sr. Airton. O professor Benson era um senhor idoso com problemas de saúde. Possuía uma avultada fortuna e vivia recluso com sua filha – Miss Jane – numa mansão, que mais parecia um castelo antigo de aspecto peculiar, longe do agitado centro da cidade. O professor era um inventor e seu castelo era um misto de domicílio e laboratório. Miss Jane era uma jovem senhora que como o pai adorava a Ciência. Era linda, elegante, inteligente e perspicaz. O Sr. Airton era uma espécie de “contínuo” da Companhia Sá, Pato & Cia. Ele passa a conhecer e ter convívio com professor Benson e sua filha após sofrer um infeliz acidente automobilístico dentro da propriedade do professor quando ia cumprir ordens de execução de pagamento da Companhia Sá, Pato & Cia na mansão. E é desde então que a vida do Sr. Airton passa de tediosa e rotineira a interessante, pois acaba sendo testemunha de um invento produzido pelo professor capaz de mudar o mundo: um porviroscópio – um complexo aparelho que possibilitava a visão do passado, presente e futuro. E é de posse e uso dessa engenhosidade que o principal acontecimento do ano de 2228 é descoberto e relatado ao Sr. Airton por Miss Jane: o choque entre as raças branca e negra; e, os intensos conflitos correntes diante da concorrência acirrada para eleição presidencial dos EUA entre um candidato representante da raça branca, um candidato representante da raça negra e uma candidata representante do ferrenho feminismo surgido na América. O Sr. Airton, por sua vez, fica encarregado de transcrever por meio de um livro de romance os fatos relatados do século XXIII por Miss Jane. O ofício desempenhado por Miss Jane em relação ao Sr. Airton tem o objetivo deixar registrado para a geração presente e futura, mas sem assombramento, os eventos vindouros decisivos na história da sociedade americana, ao passo que imortaliza e prova que existiu a magnífica obra destruída por seu pai antes de morrer, além de comprovar sua humildade, sensatez, moralidade ética e retidão que não o fizeram vender ou entregar a interessados o seu invento por entender que ele poderia ser nocivo à humanidade tanto quanto uma arma mortal se caísse em mãos erradas. Ao ler esse enredo, o leitor terá a sensação que Lobato ao escrever esse romance transcreve para ele parte de seu pensamento reformador e de suas crenças, ao mesmo tempo em que num tom espontâneo e alegre talvez não tenha somente “imaginado coisas, como também antecipado coisas do futuro”. Monteiro Lobato era um forte crítico do modo como se era administrado o Brasil e do seu tipo de tecnologia, assim como era foco de críticas por outros de sua época por defender crenças creditadas de racista. Apesar disso, “Monteiro Lobato era um homem de visão longa. “Constituiu a primeira editora nacional - Monteiro Lobato & Cia., que se liquidou, transformando-se depois em Companhia Editora Nacional, sem sua participação. Antes de Lobato os livros do Brasil eram impressos em Portugal. Com ele inicia-se o movimento editorial brasileiro”. (Trecho extraído da Biografia de Monteiro Lobato em o “Presidente Negro”). (Nota: 9,0, Excelente).

P.S.: Gostaria de agradecer ao Jairo Capistrano pela indicação da leitura. Foi um prazer ler essa obra.
Jkasilva 30/01/2014minha estante
Obrigado, amiga, por nos brindar com esta excelente resenha que, certamente vai instigar outros leitores a descobrir esta maravilhosa obra de ficção em que Monteiro Lobato foi extremamente inspirado na sua realização. Jairo Capistrano




Jux 13/07/2013

Livro camuflado de distopia, como um grande pretexto para o sr Monteiro Lobato fazer sua grande pregação acerca de teorias eugenistas. Para ser lido por quem ainda tem alguma dúvida sobre a questão de racismo presente em todas as obras do Lobato. Para ser lido com grande cautela. Para ser lido como documento de época, fruto de uma mentalidade recorrente do início do século XX. Cuidado: pode dar gastrite!
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Gaitista 21/02/2013

Um livro para recordar
Faz uns 5 anos que li esse livro, lembro até que foi o colégio que obrigou e a classe toda odiou, menos eu!
Adorei como o Monteiro quebra esse paradigma de que só o branco é superior e que quando algum negro provasse esse conceito é errado o mundo ia chocar...
Ele parecia prever o futuro! Afinal grande parte do que está escrito no livro ocorre na vida real, pelo menos no meu ponto de vista!
Quem ainda nao leu recomendo!!!
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Edme 14/07/2012

Assustador o.o
Na verdade, a palavra assustador é a única que posso definir o livro. Monteiro Lobato, foi um profeta.. muitos poderão achar q ele foi um racista.. será?
Bom, do racista eu não sei.. agora que ele conseguiu prevêr um monte de coisas e fatos.. isso SIM!
um exemplo disso, é que em 1926, ML previa que haveria um presidente negro nos EUA.. e isso aconteceu.. até pq Barack Obama é o Jim Roy de Lobato.
Douglas 25/05/2013minha estante
E também o trecho que ele fala do Iraque e o seu petróleo.


Diogo 29/03/2020minha estante
Quero deixar registrado: estou prevendo aqui e agora que em até 100 anos haverá uma presidenta mulher nos Estados Unidos. E que Hitler e Lobato serão ressucitados por uma nova tecnologia e então instituíram o paraíso eugenista na terra também. Você vai ver que assustador quando eu acertar uma dessas previsões.




sollnogueira 04/01/2012

O Presidente Negro - Paradigmas X Paralelos

“O Presidente Negro ou o Choque das Raças” obra de Monteiro Lobato, relata um romance e ou ficção científica referente aos Estados Unidos envolvendo as principais questões afirmativas, entre elas, feminista, racial, segregação e aculturação, nas quais permeiam conflitos que se agravaram durante a eleição presidencial de 2228 e estes, tornam-se a justificativa da obra.
Na obra supracitada, os personagens são mantidos na década de 20 do século passado, onde se encontra três personagens do “tempo presente”; o Professor Benson, sua filha Miss Jane e Ayrton Lobo, no qual, a obra é narrada. Ayrton Lobo funcionário da firma paulista Sá, Pato & Cia, desejava um carro da Ford, de acordo com essa narrativa, fica explícito a apologia pelo capitalismo. No decorrer da trama o Professor Benson cria um equipamento denominado “porviroscópio”, cujo termo, faz uma alusão a um aparelho que propõe uma compilação de dados mundiais futuristas e surrealistas, articulados com a atualidade, no caso, a vitória de Barack Obama.
Apesar de ser uma obra tendenciosa, o autor não esconde suas analogias racistas, principalmente, quando é mencionado o “Eugenismo” (Conjunto dos métodos que visam melhorar o patrimônio genético de grupos humanos; teoria que preconiza a sua aplicação).
Neste sentido, é permissível fazer um paralelo com outras obras de Lobato que envolvem idéias eugenistas, dentre elas, O Jeca Tatu, que foi segregado e estigmatizado como doente, sujo, preguiçoso e alcoólatra, onde o autor deixa claro, que para Jeca Tatu ser incluso na sociedade, deveria seguir os padrões cristalizados, destacando também a obra “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, cuja, é totalmente eugenista, começando pela Tia Anastácia que é uma “escrava”, na qual foi “agraciada” pela a Carta de Alforria, tal análise é permissível, pelos trabalhos e o termo que ela usa para designar-se a patroa “Sinhá”, seguindo essa linha teórica pode-se também citar o personagem Tio Barnabé da mesma obra infantil, Lobato coloca o personagem negro, onde vive sozinho em uma cabana no meio da mata, contudo percebe-se a exclusão do negro na sociedade.
Entretanto, seguindo os parâmetros ideológicos dos escritos “O Presidente Negro”, a resistência racial nos mostra um termo pejorativo da obra de exclusão e limitação, apresentando as discrepâncias de raça, cor e gênero; paradoxalmente, é perceptível que esses três conceitos funcionam como um espiral, cujo, procuramos quebrar paradigmas, porém a sociedade elitista com força majoritária bloqueia dificultando a igualdade ou a aceitação racial, ou seja, ao mesmo tempo em que apresentam políticas públicas para sanar tais problemas, impede as idealizações dessa classe oprimida e justamente por Lobato se tratar de uma obra “evoluída” a questão racial deveria ser igualitária a raça ariana e não apresentar uma competição entre as raças.
Ao analisar o tema feminismo, proposto por Lobato em sua vigente obra percebe-se também uma “guerra” entre os sexos, visando mostrar qual é o melhor, o feminino ou o masculino e qual deles devem prevalecer diante da sociedade americana, sendo que, a disputa presidencial fica entre um canditado negro e uma mulher branca e em sua ingênua obra com teorias racistas e juízo de valores torna-se claro, a afirmação pelo embranquecimento da população dos Estados Unidos, propondo que os negros perdessem sua identidade, começando pelos alisamentos dos cabelos, ressaltando que no período da publicação da obra já havia vários movimentos sociais negros com a finalidade de disponibilizar mecanismos atendendo as particularidades de cada um e dentre tais movimentos, já apresentavam políticas públicas sobre a luta pela educação, e o autor infelizmente deixa a desejar nesse parâmetro.
Contrariando a idéia de um mundo informatizado que Lobato “previu”, colocaria que essa globalização informatizada “futurista”, não era apenas idéias dele, pois no momento, vários cientistas já tinham deixado um legado de estudos sobre a “Era” tecnológica para serem desenvolvidos, no entanto, percebe-se que o autor reproduziu conhecimentos que já estavam por vir, agregando os méritos para si.
Para tanto é importante ressalvar que o autor não enfatizou aspectos que comungassem com uma aceitação de raça, gênero, mestiçagem e também sobre as discussões de políticas públicas valorativas a esse grupo, ele coloca as ações afirmativas como uma fantasia e esquecendo-se talvez de escrever a história do seu país (Brasil), para valorizar uma sociedade elitista estadunidense. Neste sentido, diante da obra, fica a dicotomia dos fatos que os negros, desde a colonização são incapazes de serem intelectuais ou desenvolverem idéias políticas, sociais e econômicas, ficando claro, que o caminho do negro é peculiar, ou seja, estão prontos para desenvolverem conhecimentos a partir da sua própria história de lutas, sofrimentos, conquistas, triunfos e derrotas, pois, na mediocridade da sociedade elitista será difícil um “verídico” conto de um grupo negro escrito por um branco, sendo enfatizado todo o mérito conseguido por essa classe exclusa.

(TRABALHO APRESENTADO AO MESTRE AUGUSTO SALLES, COMO FORMA DE AVALIAÇÃO/RESENHA CRÍTICA “O PRESIDENTE NEGRO.”)
Disciplina: O Pensamento Negro Contemporâneo/Unb

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