Gabriel Dayan 09/01/2016
Herman Dooyeweerd (se pronuncia “dóivérd”). Guarde este nome.
Dooyeweerd é sem dúvida um dos maiores filósofos cristãos protestantes que pensaram a fé Cristã nas esferas possíveis de atuação do cristão no mundo criado por Deus, não se restringindo apenas à Igreja. Com linguajar acadêmico, complexo e detendo um conhecimento de filosofia como poucos tiveram, Dooyeweerd demonstra como todo o pensamento da cultura ocidental possui no seu âmago, uma raiz espiritual ou existencial. A visão do lugar onde a pessoa passará (ou não) a eternidade afeta inegavelmente a forma como se vive. Identificando então qual é esta raiz religiosa do pensamento, uma crítica construtiva a este pensamento perde a tentação de ser reducionista, mas possibilita ter a amplitude que abarca o maior numero de esferas da nossa realidade.
Dooyeweerd é um pensador holandês da linha neocalvinista ou neo-ortodoxa, que é um movimento filosófico, social e cultural que busca desenvolver o conceito de Cosmovisão Cristã aplicável desde às Artes, Ciência, Cultura até o Estado. Sua proposição no livro não é descartar as antigas ideias e refazê-las do zero, mas reorientá-las dentro desta cosmovisão Bíblica. Esse avivamento neocalvinistra tenta recuperar a ética Cristã (conhecida dentro da Igreja como santidade) em contraste com as liberalidades no pensamento moderno e pós-moderno e sua influência dentro da Igreja. Pretende defender a fé cristã como a real saída para a humanidade decaída que encontra apenas em Cristo o retorno à imagem perdida no Éden. Que fé e razão não são opostas, mas complementares, que as ideologias podem se tornar idolatrias no pensamento e que quando isto ocorre, o ceticismo é a única conclusão lógica.
Raízes da Cultura Ocidental é o documento que inspirou Francis Schaeffer, Keith Green, Hans Rookmaaker e está sendo difundida no Brasil principalmente pelo L'Abri Brasil, AKET (Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares) e pelo Guilherme de Carvalho. Boa Filosofia, boa e técnica crítica cristã ao pensamento secular e uma forma de conseguir fazer um bom trabalho crítico no meio acadêmico. Apesar do Livro não ser de rápida leitura, de requerer um bom conhecimento prévio de filosofia e teologia, é um livro divisor de águas no pensamento de qualquer leitor.