Caverna 16/02/2019
Scarlet trabalha como técnica em radiologia num hospital. Após deixar as filhas na escola e desejar um bom final de semana com o pai, ela se dirige ao seu trabalho. Lá, está um caos. Os funcionários estão agitados e o pronto socorro enche cada vez mais de pacientes. Nos noticiários da televisão e nos canais de rádio só se fala sobre uma epidemia. Há boatos de quem tomou a vacina da gripe está manifestando os sintomas mais rápido, e o vírus também está se alastrando com velocidade. Scarlet não cogitava que sua cidade fosse atingida, mas essa é a realidade que enfrenta.
Após completar seu turno e ser dispensada, Scarlet não pensa em mais nada além de encontrar as filhas e levá-las ao rancho Red Hill do chefe médico do setor de radiologia. De tempos em tempos, ela fazia a faxina na casa, além de ser amiga da família, então conhecia bem o caminho. Lá seria o lugar perfeito, afastado da civilização, da doença e da loucura que consumia as pessoas. No entanto, logo que chega ao estacionamento, Scarlet se depara com uma cena tenebrosa. O vírus era muito mais poderoso e estava tornando os humanos em zumbis. Corpos eram dilacerados, enquanto outros caminhavam pelas ruas, sem vida e até mesmo sem determinados membros.
Apavorada, Scarlet segue rumo ao rancho, mas as estradas estão paradas, e ao enfim se aproximar do local, há uma barreira formada pelos militares que impedem qualquer um de entrar. E quem tentar, será baleado na hora. Sabendo que precisa encontrar um caminho para chegar até as suas filhas, ela pensa em rotas alternativas, e para isso terá a ajuda de um homem que está planejando fazer o mesmo que ela.
Nathan está na frente da escola de sua filha, Zoe, após um longo dia de trabalho, aproveitando o momento para relaxar e não pensar na esposa que claramente não o amava mais. Quando ele repara em pais invadindo a escola e levando seus filhos embora à força, ele decide tomar a mesma atitude, antes que o tal vírus os alcance. Ele ainda tenta passar em casa e buscar sua esposa, mas ela os deixou com apenas um bilhete, avisando que tinha partido. Agora era somente ele e Zoe contra o mundo.
Assustado e sem saber para onde ir, Nathan se foca em apenas fugir. No caminho, vendo a bagunça de corpos ensanguentados e pessoas correndo, ele percebe que precisa de um lugar para ir, e seu destino então se torna a casa do seu cunhado, Sketter.
Sketter e sua esposa, Jill, estavam prestes a sair quando Nathan e Zoe chegam. Eles vão juntos para a igreja, onde a maioria dos cidadãos da pequena cidade estão se refugiando, mas no caminho Jill é atacada, e Nathan sabe que é questão de tempo até as janelas da igreja serem quebradas e os rastejantes invadirem. Nathan segue com Zoe e vão parar na casa de Walter, um senhor que os acolhe e os mantem vivos e alimentados por um tempo, mas Nathan sabe que não é o suficiente. Logo a cidade estará infestada e Zoe não estará segura. Walter comenta sobre o rancho de um doutor que visitava frequentemente a comunidade, e Nathan não pensa duas vezes antes de voltar para a estrada.
Miranda estava no carro com Bryce, seu melhor amigo/namorado, Ashley, sua irmã, e Cooper, seu cunhado, quando as notícias começaram a chegar. O desespero acontecendo do lado externo do carro deixara todos amedrontados, mas eles não tinham motivo para se preocupar. Logo estariam em Red Hill com seu pai e sua nova namorada, como combinado, e tudo ficaria bem.
Era o que todos acreditavam, até começarem os imprevistos. O grupo se refugia na igreja para passar a noite e descobrem que a situação é muito pior do que imaginavam. Mesmo divididos entre sentimentos, Miranda e Bryce se mantendo fortes enquanto Cooper acalma Ashley, e eles resolvem continuar o caminho ao amanhecer. Logo que saem, eles encontram Joey, um rapaz que acabara de voltar da guerra, e agora estava com a namorada morta no banco passageiro do carro.
Apesar de nem todos concordarem, Miranda o deixa aproveitar a carona. Quilômetros, dias e rastejantes depois, eles enfim chegam ao rancho e encontram Scarlet lá dentro, ao invés do seu pai.
Agora, Scarlet, Nate, Zoe, Miranda, Ashley, Bryce, Cooper e Joey terão que aprender a conviver se quiserem sobreviver à epidemia. Lá havia mantimentos, energia temporária, e Scarlet havia protegido a casa inteira contra os tortos, como Zoe os chamava. Mas será que seria o bastante para mantê-los longe? Por quanto tempo eles permaneceriam ali antes que a comida acabasse ou os atritos começassem?
Depois de Todas as pequenas luzes, eu estava viciada na escrita da Jamie, e pelo início, imaginei que Red Hill seria uma leitura extremamente frenética. Até certa parte, foi mesmo. As descrições das cenas são tão reais que conseguimos imaginar perfeitamente tudo o que acontece. Red Hill poderia facilmente ser adaptado para os cinemas.
A obra é narrada em terceira pessoa e os capítulos são curtos e intercalados entre Scarlet, Nathan e Miranda. Acompanhamos a trajetória de cada um deles individualmente, e depois no rancho, as opiniões e os pensamentos conturbados.
Scarlet se mantem firme em sua busca pelas filhas até as últimas páginas. Ela inclusive sai alguns dias para “limpar” a região e deixar livre para caso as filhas venham até ela. O problema disso é que ela não recusa ajuda, e todos os homens, exceto Nathan, vão com ela, e o medo que temos de algo acontecer a qualquer um deles é bem grande.
Como Miranda conhece Bryce desde sempre, seu relacionamento passa por uma mudança após a chegada de Joey. Miranda o vê com outros olhos, e o ciúmes de Bryce é claro. Esse romance em questão não me emocionou muito, mas o amor que surge entre Scarlet e Nathan é incrivelmente belo. Ambos sem conjugues, compartilhando o afeto que sentem pelas filhas,e além disso, Nathan a compreende, sabe que faria o mesmo por Zoe, então o sentimento cresce, e Scarlet demora a aceitar somente por não achar certo ser feliz enquanto as filhas estão provavelmente se defendendo sozinhas.
Pra você que acha que o apocalipse não combina com romance, pode ficar tranquilo que a dose de amor não é grande. Na verdade, é só pra dar uma contrabalanceada em todo o sufoco que os personagens passaram. As partes em Red Hill em si só acontecem da metade do livro pro final, então acompanhamos por um bom tempo a luta de cada um deles, e ficamos inclusive na ansiedade de vê-los todos enfim juntos.
Mas Red Hill não é o sinônimo de uma vida feliz. Scarlet continua preocupada com as filhas, e os demais lidam com seus próprios problemas. Eles conseguiriam se adaptar a esse novo mundo? Haveria mais sobreviventes ou eram os únicos que restaram?
Embora não haja muitas explicações acerca do vírus, a autora chega a citar um pesquisador, o conectando a um erro científico, ou até mesmo proposital. A falta de tais explanações não me incomodou e também creio que não afetou nem um pouco o desenvolver e a qualidade da história.
O fim, honestamente, considerei desnecessário. Pareceu que a Jamie estava cansada de escrever e resolveu inventar um fim radical, e por isso não dei nota máxima.
Zumbis podem não estar mais na moda, mas eu indico Red Hill para todos que gostam do gênero e de uma leitura bem envolvente, frenética e repleta de ação.
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