Jespherd 24/03/2024
Ótimo, mas a escolha pela história de amor na guerra?talvez?
Quando nos deparamos com uma delimitação pré-definida da realidade, as histórias se tornam meros mecanismos de concretização de valores já conhecidos. Não há espaço para grandes surpresas porque a História e seus mecanismos tratam de liquidar outras possibilidades de grande escopo.
Situada temporalmente no período franquista na Espanha, a obra aborda a trajetória de um jovem inglês (Robert) com treinamento em explosão de bombas, cuja unidade o manda em uma missão para auxiliar um grupo antifascista a destruir uma ponte no território alvo de tensão.
Imerso em um cenário constantemente hostil e abordando os preparativos para o evento, acaba conhecendo a jovem Maria, sobrevivente dos ataques, tão agredida e violentada, que sofrera um certo processo de desumanização, somente interrompido pela dura Pilar, mulher do líder Pablo, do bando.
Enquanto o amor desenlaça seus nódulos em um contexto improvável, os pensamentos de Robert questionam os valores, as óticas deturpadas vigentes, as atitudes dos homens e mulheres, o misto de esperança e desesperança que contém a fagulha que rege os humores daquela gente e as vívidas reconstruções de Pilar, que parece ter transitado centenas de vezes entre os vivos e mortos daquele estranho universo.
?Por Quem os Sinos Dobram? é, por vezes, revoltante, violento, romântico e empolgante, mas também enfadonho em uma boa parte. Os personagens ríspidos e dispostos ao combate e ideias fixas possuem um baixo espectro de emoções para gerar empatia e a história se conduz mais por momentos de ação muito bem escritos e da progressiva integração de Robert com Maria que com subtextos sugeridos e potenciais discussões para além da guerra, que soam secundários.