Vick 17/02/2021
Acho que não é exagero dizer que devo ter comprado esse livro em meados de 2016/2017. Desde então, ficou perdido na minha pilha de livros ainda por ler, enquanto outros foram entrando na frente até eu me esquecer dele. Finalmente, o peguei agora, em Fevereiro de 2021, envergonhada por se quer lembrar quando o comprei para anotar na contracapa. Ainda estava envolto pelo plástico de proteção e, até, o adesivo informando que o comprei por meros R$9,90 na Americanas.
Tendo-o lido agora, estou ainda mais envergonhada, pois me parece que realmente cometi um erro terrível.
Importante comentar que, ao abrí-lo pela primeira vez, é impossível não parar para admirar o trabalho artístico que a Intrínseca depositou neste livro. As fontes de todo (deixe-me repetir: TODO) o livro é em azul, tal como páginas inteiras a cada divisão de capítulo, e uma diagramação perfeita. Surpreendente mesmo (sequer entendo agora minha sorte de achá-lo naquele valor).
Agora sobre a obra. À primeira vista, é bem fácil julgá-la como "maçante", mas se você se permitir visualizar a história e embarcar nas emoções propostas pela autora, verá que, não apenas há sim um desenrolar de fatos cadencial, mas também que, é um ritmo que simplesmente se encaixa de modo perfeito à trama.
Ademais, ouso dizer que todo o livro é poesia pura e que acabei sublinhado-o quase por completo enquanto frases simplórias brotavam. Sequer acho que poderia descrevê-las como "frases de efeito" pois, na verdade, se tratam mais de frases sabiamente orquestradas, revertidas de verdades quase íntimas - até mesmo quando tinham como pauta alguns clichês.
Na segunda vez que peguei o livro para continuar lendo, parei para ver quem era a autora (que, convenhamos, me pegou de surpresa), e vi que se tratava de Letícia Wierzchowski, autora da Casa das Sete Mulheres, que veio a se tornar sucesso televisivo. Confesso que não assisti a novela, mas qualquer brasileiro sabe reconhecer que foi sucesso puro, ainda relembrada continuamente nos dias atuais. Saber isso me trouxe uma inquietação:
Ao ler o livro você, literalmente, visualiza cada detalhe da cena, tanto da vida da personagem principal Heloísa, quanto do paralelo que ela faz ao "imaginar" a vida dos Berman se desenrolar com seus próprios olhos na sua casa.
Portanto, para mim, isso só respalda o quão incrível seria poder assistir uma série (ou um teatro, talvez?) com base em Navegue a Lágrima, nos dando a chance de relacionar ainda mais com esses personagens que "pularam da ficção para a vida real" (tal qual Leon fez ao se apaixonar por Laura através da escrita, ou a própria Heloísa ao ler a história daquela família pelas entrelinhas, detalhes presentes na casa ? e, eu diria, uma boa dose de bellinis, haha). Na verdade, nem me surpreenderia descobrir que talvez já exista algo deste gênero, vou pesquisar.
Por fim, gostaria de pontuar que, se você for tão romântica(o) quanto eu, o livro vai te machucar, rs. Como a autora chega a comentar, todo o livro se desenvolve e perpassa numa certa "busca pela felicidade" e o confronto com a realidade da trama é, na verdade, bem triste.
Triste mas, eu diria, com uma boa dose de esperança no fim ? aquele quê de que o amor ainda vale a pena, sabe? ?, como um bom romance deve ser.