O gigante enterrado

O gigante enterrado Kazuo Ishiguro




Resenhas - O Gigante Enterrado


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Rafaela 15/11/2017

O Gigante enterrado
O Gigante enterrado.

Lançado em 2015, o livro O Gigante Enterrado, escrito por Kazuo Ishigaro, aborda o peso das lembranças em nossas vidas. O autor, que ganhou o Nobel de Literatura deste ano, é graduado em filosofia e escrita criativa, e já escreveu 7 livros e uma coletânea de contos. Para ele, a escrita é uma forma de preservar as memórias. Abordando temas densos de forma sutil e metafórica, o escritor busca mostrar o valor das memórias para uma sociedade, e as consequências do esquecimento.
Na Grã-Bretanha, por volta do final do século V, quando os cavaleiros andavam montados em cavalos de guerra, com armaduras brilhantes e armados com espadas, logo após a queda do rei Arthur, estranhos acontecimentos regem a vida do povo. Ogros, fadas, e a imponente dragoa Querig assombram a população, que vive à sombra do esquecimento, sem memórias do tempo passado. Uma névoa atinge o lugar, causando a perda das lembranças, as boas e as más.
Em um pequeno vilarejo bretão, encontramos Axl e Beatrice, um casal de idosos que nutrem um grande amor, porém vivem com a dor de não terem as lembranças dos seus tempos felizes e de suas histórias. Atingidos por vezes com fragmentos de memórias, o casal lembra-se de seu filho, mesmo que não encontrem nas lembranças um nome ou um rosto. Afetados pelas recordações, os dois saem em busca do seu filho, e no caminho, procuram encontrar o motivo, e talvez a solução, do esquecimento que circunda o seu mundo.
Durante a jornada, Axl e Beatrice acabam encontrando companheiros, que irão junto com eles tentar acabar com o mal que rodeia a região. Sir Gawain, um grande cavaleiro, sobrinho do Rei Arthur, que vive com o seu cavalo Horácio e entre devaneios busca cumprir a sua missão: acabar com a dragoa Querig. Wistan, um guerreiro saxão muito habilidoso, com uma tarefa que vai mudar a vida dos saxões e bretões, e que no caminho acaba encontrando Edwin, um menino saxão misterioso, expulso de sua aldeia após ter sido sequestrado por criaturas estranhas. Durante a aventura do grupo, eles passam por mosteiros cheios de segredos e florestas perigosas, e acabam descobrindo que há uma possibilidade de acabar com a névoa.
O livro é cheio de metáforas, e mostra que as recordações podem abalar um amor de anos, uma sociedade e a paz que reina entre tribos. A jornada que Axl e Beatrice empreendem faz com que eles descubram que as lembranças podem ser perigosas e carregarem dor e violência, e que às vezes, o esquecimento é o preço da paz.
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Pri 15/11/2016

{Resenha} O Gigante Enterrado - Blog As Meninas que leem livros
Axl e Beatrice são os protagonistas deste livro que me perturbou durante algumas semanas, por sua estória incrível e cativante sobre a vida e como ela passa e deixa em nós marcas – algumas em visíveis cicatrizes e outras tão profundas que decidimos esquecê-las, pois, de outro modo, não conseguiríamos continuar vivendo. São um casal adorável: dois velhinhos que se amam e se respeitam acima de qualquer coisa que possa existir em seu passado. Respeitam-se e se amam incondicionalmente e que nem a aproximação da morte mudará isso.

E essa foi a razão de me perturbar... Eu não queria chegar no fim.

O Gigante Enterrado se trata mais do que apenas a criatura mito. Trata-se de tudo aquilo que enterramos dentro de nós. Cada pessoa tem seu Gigante, aquilo que deixa bem no fundo de seu inconsciente e coração. E como tememos que essa criatura desperte e traga de volta tudo aquilo que queríamos ter deixado para trás.
[...]
Continue lendo no blog!

site: http://www.asmeninasqueleemlivros.com/2015/09/o-gigante-enterrado-kazuo-ishiguro.html
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Leituras do Sam 14/10/2016

O quanto valem nossas memórias?
O Gigante enterrado é um livro que promete, mas não entrega.
O que salva o a história é o casal de velhilhos Axl e Beatrice que são os protagonistas.
O romance trata basicamente de memórias e questiona qual a importância delas para o presente e quais influências terão no futuro. Precisamos mesmo lembrar de tudo o que nos aconteceu tanto de bom quanto de ruim?
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Delírios e Livros 16/12/2015

Quando a editora Companhia das Letras anunciou o lançamento de O gigante enterrado, fazia pouco tempo que tinha conhecido a escrita do autor no livro Não me abandone jamais e como foi um livro muito marcante para mim não pude deixar de comprar o lançamento do autor pois muito ansiosa pela leitura. Ao iniciar a leitura encontrei aquela narrativa que tanto me emocionou no livro anterior, porém bem mais metafórica.

O leitor irá se aventurar em uma época medieval entre ogros, gigantes, dragões e até fadas, em um cenário de fantasia onde o autor consegue através de uma grande estória fazer o leitor refletir sobre vários temos da nossa realidade.

A trama gira em torno de um lugar onde as pessoas esquecem das coisas, eles acreditam que o esquecimento é provocado por uma névoa, como protagonistas teremos um casal de idosos, Axl e Beatrice, que vivem aparentemente uma vida comum em uma vila comum, até que um dia eles se lembram que tiveram um filho e sequer conseguem lembrar do rosto, e então resolvem sair a procura do filho.

“É muito esquisito mesmo como o mundo está esquecendo das pessoas e de coisas que aconteceram ontem ou anteontem. É como se uma doença tivesse contagiado a todos nós.”

Durante a busca pelo filho Axl e Beatrice irão conhecer algumas pessoas que irão ajudá-los em sua caminhada, um guerreiro, um menino e um velho cavaleiro do Rei Arthur. Juntos eles irão passar por algumas dificuldades e tentar acabar com a névoa que levou as lembranças de todos da região.

“Será que não é melhor que algumas coisas permaneçam encobertas?”

Não vou me prolongar mais na trama porque cabe ao leitor se deliciar com cada pedacinho dessa estória, cada descoberta é especial.

Impressões de Danielle Peçanha

Em primeiro lugar não posso deixar de elogiar a edição belíssima da editora Companhia das Letras, desde a capa às páginas de bordas azuis, ao ver a capa na internet o leitor não imagina o quão lindo o livro é pessoalmente.

O livro tem uma narrativa um pouco densa, mas que cativa o leitor com sua profundidade e beleza em demonstrar através de algumas metáforas coisas que vão fazer o leitor refletir bastante tempo sobre sua própria vida. O livro não se trata apenas de memórias, mas sim o quão importantes essas memórias podem ser, tanto para o bem e quanto para o mal.

Ao finalizar a leitura me peguei sem chão, de primeira não consegui absorver se o final era realmente o que estava pensando ser, então parei para refletir e as lágrimas vieram. Assim como o livro “Não me abandone jamais” esse livro mexeu demais comigo, e com certeza vou procurar os outros livros do autor para ler.

Recomendo a leitura para todos, um autor que merece todo prestígio.

Impressões de Patrícia Paiva

A estória de O Gigante Enterrado é tocante e mágica. Ela te cativa do início ao fim, com os seus personagens simples e humanos. A estória é cheia de simbolismos e mitologias atrelados à aspectos totalmente humanos como amor, ódio, medo, coragem. A busca dos personagens por suas memórias, pelo passado perdido deles, nos faz refletir se é realmente bom sempre se lembrar de tudo. Será que se apegar tanto assim é realmente benéfico? Como as memórias são tão decisivas em relação as duas emoções mais fortes que podemos sentir: o amor e o ódio? O final do livro é daqueles que te deixam refletindo durante um bom tempo e com a necessidade de conversar com um amigo que já tenha lido o livro. Sem dúvidas é uma grande obra de fantasia.

Resenha dupla de Danielle Peçanha e Patrícia PAiva

site: www.delirioselivros.com.br
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San 17/09/2015

Memória, amor e culpa
O Gigante Enterrado se passa na Inglaterra alguns anos após a guerra em que o lendário Rei Arthur lutou para defender o território bretão da invasão dos saxões. Nessa região recai uma névoa que faz seus habitantes esquecerem o passado, alguns esquecem até acontecimentos do dia anterior. Acredito que seja por este motivo que o primeiro capítulo é um pouco desconexo e confuso, como as memórias perdidas na névoa, a narrativa começa aos poucos, costurando os retalhos da vida do casal idoso, Axl e Beatrice que esqueceram como se conheceram, como chegaram na aldeia em que vivem e do rosto do filho deles.

Com alguns fragmentos de lembranças Axl e Beatrice resolvem partir em uma viagem para visitar o filho, a partir daí a narrativa assume uma linearidade confortável onde outros personagens vão surgindo aos poucos, primeiro um guerreiro, depois um garoto ferido, então soldados, um cavaleiro, monges sinistros, barqueiros, fadas, um bode e uma dragoa. O que gostei sobre a construção dos personagens é como cada um deles representa um ponto de vista diferente sobre o conflito que entrelaçou seus caminhos e motiva seus atos, portanto, não são necessariamente vilão ou herói, cada um deles apenas possui suas qualidades, e são movidos por seus propósitos pessoais.

Amantes de fantasias medievais como Guerra dos Tronos e Senhor dos Anéis ficarão satisfeitos com a jornada dos personagens, descobrindo uma metáfora por trás de cada duelo, traição e criatura mítica, nada na história é apenas o que aparenta, o mérito do conto está em cada significado revelado a medida que viramos as páginas, nada está lá em vão, desde a vela que Beatrice deseja até o túmulo do gigante.

Ao longo da jornada para superar a névoa da memória, o leitor é confrontado com um dilema, você escolheria esquecer uma velha rixa para viver em paz? Ou manteria o fervor pela vingança com lembranças amargas? A resposta parece óbvia, porém conhecemos pessoas que não conseguem abandonar velhos rancores. É esta questão que enriquece essa trama sobre memória, amor e culpa.

site: http://www.encarandoasferas.com.br/2015/08/27/gigante-enterrado/
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ElisaCazorla 21/09/2015

Como seria o presente se não houvesse passado?
De uma trama singela e cuja metáfora mais importante - sobre o amor e a morte - é bem clara logo no início, este livro é repleto de muitas outras metáforas e simbologia que nem todos os leitores conseguem apreender. Ishiguro discorre sobre a construção da memória coletiva, da atribuição de significado e levanta questões sobre a importância das memórias e suas influências nas ações que tomamos e na pessoa que somos a partir das lembranças que temos ou, talvez mais importante, daquelas que não temos mais. Essa dinâmica ultrapassa as relações pessoas e amorosas e alcança as dinâmicas sociais dentro de toda a comunidade e como as pessoas de um determinado local se relacionam com outros grupos e com seus líderes e seu passado. Uma das questões mais importantes que o livro levanta é: o que aconteceria com o presente sem a capacidade de esquecer detalhes do passado? "Será que não é melhor que algumas coisas permaneçam encobertas?"
Livro delicado, sombrio e triste - muito triste. O autor é muito habilidoso em nos fazer sentir cercados pela névoa, como se estivéssemos sonhando. Um livro que precisa de uma leitura cuidadosa para que as metáforas mais bonitas não se percam pelo caminho.
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PorEssasPáginas 30/09/2015

Resenha: O Gigante Enterrado - Por Essas Páginas
Imaginei que O Gigante Enterrado não seria uma leitura fácil para mim: ele tinha toda a cara de um livro que sairia da minha zona de conforto, e realmente sai. Alta fantasia, com muita descrição e escrita poética: tudo isso pode ser lindo, mas não é exatamente minha praia. Além disso, dos livros de autores japoneses, venho de uma decepção literária/um livro que quase estou abandonando, que é Battle Royale (longa história). Mesmo assim, não resisti e quis ler O Gigante Enterrado: a trama me instigou e a edição da Companhia das Letras é simplesmente primorosa. Ainda bem que insisti: o livro é nada menos que belíssimo, uma história de amor emocionante sobre a importância das memórias, mesmo as mais dolorosas.

O Gigante Enterrado é mais do que uma história de alta fantasia e foi isso que me conquistou; é um livro sobre, essencialmente, amor, perdão e lembranças. Em uma terra devastada pela guerra, em meio a uma paz frágil após a morte do rei Arthur, povoada por trolls, ogros, dragões e outros seres fantásticos, esse simpático casal de idosos, Axl e Beatrice, resolve fazer uma viagem difícil e audaciosa em busca da aldeia do seu filho, que há muito não encontram. Para completa, há essa névoa misteriosa que encobre as memórias das pessoas, sejam elas felizes, tristes, de amor ou de rancor. E é isso que mais aflige o casal: a perda de suas lembranças mais preciosas. Sua jornada, portanto, não é apenas em busca do filho, mas em busca de si mesmos.

Ler esse livro é como montar um quebra-cabeças; há peças por todo canto, nas mais diversas vozes. E não pense que o autor facilita as coisas para você e faz com que todas se encaixem por si mesmas: essa é a sua função, leitor, enquanto descobre essa história junto com os próprios personagens. A impressão que dá é que tudo passa num devaneio, como se a névoa do livro também afetasse o leitor.

Os personagens são extremamente ricos, tanto em personalidade quanto em carga emocional; além de Axl e Beatrice, conhecemos, junto com eles, outros personagens que cruzam sua jornada: um guerreiro, Wistan; um menino cheio de segredos, Edwin; um cavaleiro do próprio Arthur, tão idoso quanto o casal, sir Gawain. Todos eles trazem sua própria voz e riqueza à trama, que é contada em primeira, segunda e terceira pessoa, com vários narradores. Como disse, um verdadeiro quebra-cabeças.

É claro que, como não é uma leitura das mais confortáveis para mim, demorei um pouco para terminar de ler o livro e emperrei em algumas partes, que eram bastante descritivas ou poéticas, com diálogos cheios de palavras floreadas. Porém, sei bem que, nesse caso, o livro não poderia ser escrito de outra maneira; é isso que o torna ainda mais bonito, e mesmo que não seja minha zona de conforto, apreciei a leitura.

Aos poucos as linhas tênues de lembranças se desenrolam e o leitor começa a compreender o livro de fato, mas não ouso dizer que entendi completamente as intenções do autor. Não é um livro fácil de ler, certamente, mas o todo dele compensa: o final, então, me levou às lágrimas, uma metáfora extremamente bela e emocionante. Não é um livro para se ler de uma tacada só, mas para ser saboreado, lentamente, como uma refeição refinada, daquelas que você fará poucas vezes na vida.

site: http://poressaspaginas.com/resenha-o-gigante-enterrado
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Caroline 18/10/2015

"Vamos ver livremente o caminho que trilhamos juntos, seja ele escuro ou ensolarado."
"O Gigante Enterrado" de Ishiguro é, essencialmente, uma história de amor verdadeiro. Não é sobre romance. Não é sobre felizes para sempre. É sobre a verdade presente em um amor de uma vida inteira. Axl e Beatrice são um casal de velhinhos, extremamente sábios e carinhosos um com outro, aparentemente, vivem o casamento de amor e simplicidade sonhado por todos. Ao longo da história, vamos descobrindo que a relação não é o conto de fadas que aparenta e que o amor entre os dois é um sobrevivente de uma relação real: cheias de desentendimentos, discordâncias, cotidiano, dias felizes e infelizes. Ambientado em um mundo mágico, os diálogos, personagens, caricaturas e enlaces são tão reais quanto nós mesmos. É inspirador e cheio de referências, entremeado de lições valiosas!
Recomendo uma leitura mais reflexiva!
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Tereza 11/04/2016

De início pensava ser um livro que meramente fantástico, mas aos poucos fui sendo capaz de perceber que essa é uma obra muito mais rica e simbólica do que eu supunha. Acho até que é um daqueles livros que merecem ser relidos de forma mais atenta, pois sinto que deixei passar muita coisa tanto devido ao ritmo espaçado entre leituras quanto pela minha expectativa inicial.
O bacana foi ver minha avaliação da obra subir a cada atualização da evolução da leitura, então se você começou a ler agora é não está muito empolgado, siga adiante, pois ao concluir se percebe que se trata de uma obra com 'substância'.
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Deisy 27/02/2016

O gigante enterrado
O livro conta a história de um casal de  idosos, o Axl e a Beatrice, que afetados por uma névoa que faz com que os seres humanos percam as lembranças sai em busca do seu filho que há muito tempo não foi visto por eles.  Tudo se passa logo depois da queda do rei Arthur.
O escritor tentou mostrar uma Grã-Bretanha devastada pela guerra, em um mundo habitado por ogros, dragões, fadas e outras fantasias.
Para mim a história não passou disso. Eram dois velhinhos em uma caminhada que nunca chegava ao final, a narrativa seguia a lentidão e o cansaço deles. O escritor foi adicionando tantos elementos, que acabou não dando real destaque a nenhum, deixando assim o livro sem sentido e sem graça.
Acabei concluindo a leitura acreditando que o final seria arrebator, mas que acabou, também, não sendo. Fiquei muito decepcionada  de ver um livro com a capa tao bonita se tornar um dos piores que li na minha vida .
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Enrico 16/02/2016

Sob uma trama aparentemente trivial, juvenil e pouco inovadora, O Gigante Enterrado traz à reflexão temas sombrios e delicados: o amor, o ódio, a traição, a fidelidade, a guerra, a morte, a memória. Principalmente a memória. Suas potencialidades de aproximar, afastar, vingar, justificar. De fomentar o conflito, ou de apontar para uma resolução. Seja a fragilizada memória biográfica do casal de idosos que protagoniza a trama, seja a degradada memória coletiva dos grupos étnicos que a contextualizam, ela aparece mais que como tema: é um verdadeiro personagem, e não de menor importância. Um personagem cuja ausência é sentida, cujo retorno é aguardado, cujo perfil é especulado.

Confesso ter ficado ressabiado ao saber que Kazuo Ishiguro havia ingressado no universo da ficção fantástica após ter lido o excelente Não me abandone jamais (cuja adaptação ao cinema foi sofrível). Mas essa nova obra, se não carrega a mesma atmosfera misteriosa, ácida e ligeiramente verossímil da anterior, não é nada desprezível e se destaca no gênero.

Antes de iniciar a leitura, desconfiei de um crítico que afirmava se tratar de um livro que permanece povoando nossos pensamentos após seu término. Depois de dois ou três capítulos, continuava me parecer uma obra bastante regular. Mas não era. Narrando com sensibilidade, descrições sofisticadas e lampejos poéticos, Ishiguro nos oferece poucos porém bem constituídos personagens que se situam nos tempos folclóricos da Grã Bretanha, em que violentas disputas políticas e o poder secular da Igreja coexistem com trolls, fadas e dragões. A exemplo do livro anterior, a trama evolui paulatinamente, como que naturalmente, revelando de modo sutil e orgânico aos personagens (e ao leitor, é claro) sua real condição no universo improvável em que habitam; condição que desconhecem a princípio. O narrador em terceira pessoa é predominantemente objetivo, mas se permite ocasionalmente evocar o leitor manifestando ciência de que este se encontra em tempos nos quais os acontecimentos são implausíveis e fabulosos. Permite-se também, em um ou outro capítulo, abrir espaço para a visão subjetiva de certos personagens, um dos quais constitui uma bonita homenagem ao Quixote de Cervantes.

Por fim, a figura metafórica do gigante que intitula a obra – e que só é devidamente compreendida nos últimos capítulos – deixa propositadamente no ar a continuação temerária dos acontecimentos narrados. Mas a qualidade da obra dá indícios de que o autor não se renderá às tentações mercadológicas de lançar uma sequência. Melhor assim.

Claro que não está no rol dos livros mais geniais e inventivos do século, talvez longe disso, mas é muito mais que algumas horas de entretenimento juvenil vazio.
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Saga Literária 02/02/2016

O Gigante Enterrado!
O Gigante Enterrado - Kazuo Ishiguro (Companhia das Letras)

Trata-se de um romance que quebra um hiato de 10 anos, do japonês, erradicado na Inglaterra. Nesta leitura somos apresentados para a Grã-Bretanha em uma terra devastada por várias guerras que aconteceram recentemente, a queda do rei Arthur e que também é assombrada por uma maldição, uma névoa que provoca o esquecimento em todos ali e essas ameaças de serem invadidos por ogros deixam os moradores inquietos e preocupados.

O Gigante Enterrado é uma brilhante história de fantasia, com dragões, trolls, gigantes e cavaleiros do rei Arthur, é também, uma história agridoce sobre memória e traição, sobre vingança e violência.

Este é um livro que trabalha com o preciosismo de nossas memórias e o lúdico das fantasias clássicas, para edificar uma alegoria sobre valores, virtudes e sentimentos, que figuram tão distantes do nosso atual. A escrita de Ishiguro é leve, não demonstra pressa em entregar os acontecimentos, eles simplesmente acontecem.

A obra possuí como discussão proposta, a relação entre a memória pessoal e a coletiva, como interferem na nossa vida, afinal de contas, quem somos nós sem nossas lembranças? Ou seria melhor esquecer o passado e e viver o presente?

Publicado em nossa fanpage em 03/09/2015
https://www.facebook.com/asagaliteraria

site: www.sagaliteraria.com.br
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marcosm 13/01/2016

Gostei, mas queria ter gostado mais...
O Gigante enterrado é uma daqueles livros que a gente vê pela primeira vez, não dá muita bola. Mas vai vendo um comentário aqui, outro ali e no fim acaba encarando a aventura. É um livro diferente, no sentido que não é aquela fantasia tradicional que estou acostumado a ler. Gostei, mas queria ter gostado mais. Fiquei encantado com o casal de protagonistas, Axl e Beatrice, dois velhinhos adoráveis. A relação deles é muito bem construída ao longo das páginas, mas só para dar uma idéia, que me lembre, em um único diálogo no livro todo, Axl não usa a palavra princesa quando se dirige a sua esposa. Os demais personagens não ficam muito atrás. Gawain e seu cavalo Horácio me lembraram um pouco de Dom Quixote. Wistan é o típico cavaleiro arturiano. A história mantém o interesse, mas achei que em alguns momentos a narrativa se arrasta um pouco, e fica uma certa sensação de desconforto. Tem momentos mágicos e a melancolia é um sentimento que permeia todo livro. Enfim, uma bela história, bem construída e pensanda nos mínimos detalhes. Como eu disse antes, gostei, mas queria ter gostado mais. No entanto, não me senti deslumbrado ou envolvido na história toda.
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Leio, logo existo 05/12/2015

O GIGANTE ENTERRADO /AUTOR: KASUO ISHIGURO
O livro em questão narra à história do casal de idosos Axl e Beatrice que juntos partem em uma jornada em busca de suas lembranças. O casal vive em uma aldeia da Inglaterra Medieval, a região é coberta por uma névoa que apaga as lembranças das pessoas. Axl e Beatrice começam a perceber esses esquecimentos ao mesmo tempo em que vagas recordações começam a surgir.

Uma recordação que persiste em atormentá-los é do filho ausente. Eles não sabem por que esse filho não está mais perto deles. E depois de muito discutirem sobre isso o casal resolve sair da aldeia a procura desse filho.

Como pano de fundo para essa narrativa encontramos cavaleiros arthurianos, dragões, ogros, fadas, feiticeiros e a história de guerra entre saxões e bretões.

A leitura da história flui em um ritmo que aos poucos nos faz mergulhar na relação entre esse casal e nas suas recordações mais profundas. As lembranças vão surgindo aos poucos de forma desconexa e com perspectivas diferentes para ambos. E nós leitores vamos devorando cada página na busca de conexões para montar o quebra-cabeça. O texto é extremamente poético e por vezes filosófico - há muitos questionamentos sobre vida x morte, guerra x paz, certo x errado.

O autor com maestria nos faz sentir os sentimentos de cada personagem, o amor e a tristeza de Axl; a devoção de Beatrice ao marido e o medo sincero de separar-se dele; a raiva e mágoa de Wistan; a fé de Gwain nas decisões do rei Arthur.

Quando o quebra-cabeça é montado nos surpreendemos com o passado das personagens e com o final da jornada. Uma das coisas que mais me chamou a atenção para o livro foi o casal de protagonistas não serem jovens, mas idosos e como a relação deles foi construída ao longo do tempo – forjada pela dor, rancor e o perdão.

Leitura recomendadíssima!

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