Bru Araujo 19/11/2020
O livro descreve um mundo utópico, onde existe um pais habitado apenas por mulheres, e com esse cenário nos traz criticas poderosas ao machismo e ao patriarcado.
Por cerca de dois mil anos, nenhum homem pisou naquela terra. Quando uma expedição de três homens ouve boatos sobre a "terra das mulheres", eles decidem conhecê-la. Quando chegam, acabam prisioneiros das habitantes desse secreto país. E, através dos relatos de Van, (sim o livro é narrado por um dos homens) a autora ilustra como seria se a história tivesse sido construída sem a presença da figura masculina.
O país foi criado pra funcionar como engrenagens de um relógio. Tecnologia, avanços na medicina, na psicologia, nos estudos, na criação das meninas. Tudo funciona de forma impecável. Não existem doenças, guerras, rivalidade. Não existe nada além da coexistência pacífica de uma sociedade grandiosa e amorosa.
Dada a chegada desses homens ao país, a autora usa a visão machista de seu narrador (Van) – confesso que ele não chega nem perto da escrotidão de Terry, um dos rapazes que me fez querer estapeá-lo a cada absurdo proferido – mas voltando, ela usa da narração de Van para trazer criticas a tudo que é tóxico na sociedade fora dali.
As mulheres dessa terra são acima de tudo mães, sim, a sociedade gira em torno de que elas existem para continuar a existirem, ou seja, para dar a vida. Porém, esse processo de reprodução não depende da relação sexual, mas sim da pura e genuína vontade de serem mães, elas não se relacionam amorosamente no sentido sexual, elas se amam como irmãs.
Mas com esses três homens ali, elas passam a se interessar em conhecer como funciona o mundo deles, e claro as diferenças no papel da mulher na sociedade descrita por eles é gritante. Ao narrar o mundo deles, se nota uma sociedade gerida por guerras, desigualdade, e a diminuição da mulher.
Esse livro abre seus olhos para injustiças, deixa tudo escancarado, caso ainda não tenha percebido isso no seu dia a dia. Essas mulheres criaram um mundo ideal pra elas e mostraram ao trio de homens que subjugar um gênero com base em ideias preconceituosas e ofensivas não significa nada. Em sua sabedoria, aquelas mulheres mostraram o quanto são melhores do que toda a história vivida pelo homem.
Claro, que a Terra das Mulheres, está longe da perfeição, ali as mulheres nascem doutrinadas a serem matriarcas, são educadas e preparadas para isso, o que não é nem de longe o que almejamos em nossas vidas – pelo menos não somente isso -, ali a maternidade é quase que uma obrigação, algo necessário. Mas tendo em vista que esse livro foi originalmente publicado em 1915, com toda certeza foi um grande choque apara a sociedade, se naquela época a autora levantou tantas questões com este livro, pesem no quanto podemos refletir sobre isso, o tanto que esse livro deixa em aberto para nos fazer pensar é absurdamente incrível.