nicole.cunha 27/10/2023
816 páginas de puro sofrimento
"A Little Life" foi um livro pelo qual eu estava esperando para ler com a expectativa de me afogar nas próprias lágrimas. Sem saber o contexto, ou o resumo, ou até mesmo os personagens e gatilhos, comprei o livro apenas com a noção de que eu provavelmente (segundo o TikTok) sairia me afogando em lágrimas e com um ódio pela autora, que me faria sentir coisas jamais sentidas antes.
Vou começar essa resenha, talvez a maior e mais importante que eu escrevi até hoje, dizendo que o livro foi, talvez, o melhor livro que eu já li, mas que não supriu nenhuma das minhas expectativas, e apenas duas lágrimas foram derramadas.
Já comentei isso antes e vou reiterar, eu acredito - como cristãos acreditam em Jesus - que um livro só é tão bom quanto a época que você o leu. Um livro de romance é mais bonito quando estamos apaixonados, um de aventura é ainda mais intrigante quando estamos na mentalidade de que tudo é possível, e um livro triste só é tão triste quanto estamos no momento. A pequena vida não sai dessa regra.
Na minha opinião, para se emocionar com este livro - pelo menos como o TikTok faz parecer que é - você precisa seguir três regras:
1. ser uma pessoa emotiva
2. se identificar MUITO com algum dos personagens (ajuda levar uma vida que é semelhante a eles)
3. Ler o livro em uma sentada só.
Pode parecer idiota, principalmente porque quem irá ler 816 páginas em uma sentada só?! Mas a verdade é que o livro se passa no dia a dia, emaranhando passado e presente através de memórias e acontecimentos, que são emocionantes dentro de um contexto, que pode ser quebrado pela vida real.
Hanya Yanagihara foi brilhante em sua escrita, trazendo uma realidade tão absurdamente vívida que emociona mesmo sem lágrimas, que assusta mesmo sem gritos e que encanta mesmo sem imagens. Uma escrita brilhante, uma história emocionante e personagens que são apenas pessoas, tentando fazer tudo dar certo, como todos nós.
Um livro recomendado para todos aqueles que não têm gatilhos, e que querem perceber que a vida tem altos e baixos, e que o amor prevalece, mas nem sempre é o suficiente...