Gisa 24/12/2015O livro do Jesse não tem nada de romance, frases filosóficas, trechos bonitinhos que podem virar quotes ou tatuagens, nada disso. A primeira coisa que eu preciso pedir para vocês é: ignorem todos os comentários que comparam esse livro com ACEDE, por favor. Não, eu não li o livro do Green, mas quem é que não conhece essa história? E Eu, você e a garota que vai morrer definitivamente não tem nada a ver com isso.
"Mas não temos uma adolescente doente? " Temos. "Não temos um rapaz saudável? ou nem tanto?" Temos. "Não temos um amigo fora da casinha? " Temos. "Então temos outra versão de ACEDE. " Não galera, não temos. Por favor, confiem em mim.
O livro do Jesse não tem nada de romance, frases filosóficas, trechos bonitinhos que podem virar quotes ou tatuagens, nada disso.
O que me irrita essa comparação com o livro do John. Pois afasta leitores que não gostaram do seu livro e aproximam leitores que gostaram. E esse, não é o público alvo. Não que não possam gostar, é claro que podem, mas são muitas diferenças. Bem, vamos parar de enrolar.
Eu, Você e a Garota que vai morrer é narrado pelo Greg, um adolescente comum que se sente feliz em não ter amigos. Não é que ele tenha inimigos. Pelo contrário. Ele se dá bem com todos, mas não possui amigos de verdade. Dessa forma, ele, seu verme que come seu cérebro e sua barriga saliente, ficam longe das chacotas dos garotos da escola.
É importante salientar, que ele também não se envolve com garotas. Não que ele não tenha tentado. Mas todas as experiências foram frustrantes. E é aí que entra A Garota que Vai Morrer. Há alguns anos atrás, Greg teve um meio relacionamento com a Raquel. Meio, por que ela se relacionava com ele. Mas ele não. Acontece que essa garota agora está com leucemia. E a mãe de Greg decide que o garoto deve se aproximar dela outra vez. Afinal, qual é o tipo de pessoa que não se aproxima de alguém doente? Então Greg faz o que a mãe manda, por que né? Pedido de mãe é uma ordem.
Mas ele não quer entrar nessa furada sozinho. E ele resolve levar seu colega de trabalho para essa furada junto com ele. Trabalho? Pois é. Devo avisar vocês que Greg quer ser cineasta. E ele tem um colega com esse mesmo desejo. E os dois mantém uma relação de trabalho as escondidas onde produzem péssimos filmes que nunca são mostrados a ninguém.
Apresentados os personagens, nós passamos a conhecer toda a história dos três juntos, de como uma amizade foi se formando, de como os personagens vão se envolvendo e de como as coisas, vão tomando rumos que você já esperava, mas se negava a aceitar.
O livro tem uma escrita fácil, mas que mesmo assim, não fez a leitura render. E acho que um dos problemas é o tanto de vez que o Greg diz que o livro é uma bosta e que o leitor deveria jogar o livro no lixo. Ele fala isso tantas vezes, que você passa a pensar isso mesmo. Então eu parava e ficava admirando a lixeira e pensando se eu seria capaz de mirar bem certinho. E com isso, claro, eu perdia alguns minutos da leitura.
Mas ele tem algumas cenas bem engraçadas e algumas extremamente toscas. Os capítulos são curtos e os títulos me lembraram bastante os livros de Percy Jackson, com aqueles títulos enormes e uma pitada de humor.
Alguns capítulos também, são narrados como forma de roteiro de filme. E claro, isso facilita um pouco a leitura. Principalmente se houver algum verme comedor de cérebros em sua cabeça.
Esse é o tipo de livro que ou você ama ou você odeia. Mas como eu sou eu, fiquei no meio termo. Não amei. Mas daí dizer que eu odiei....
Gostei bastante da proposta do livro. Achei o Greg um personagem bem real. Não é sempre que a gente consegue se solidarizar com a dor do outro. Ainda mais quando a gente é tão novo e nem entende nada de nada. Não é sempre que a gente se apaixona só por que o outro vai morrer. Não é sempre que a gente chora litros. Não é.
A gente está acostumado a ver A Culpa é das Estrelas, Uma Prova de Amor, Um Amor para Recordar e fica com essa visão romantizada das doenças. Mas não é sempre assim. O amor pode te encontrar no final da sua vida. Mas pode ser que o que você encontre, seja só um garoto que faça fantoches com meia. E talvez, ele não queira te beijar. Talvez ele nem quisesse ser seu amigo. Mas a amizade, ela nasce sem a gente esperar. Nasce sem querer. E por que ela não pode ser melhor do que o amor?
Mas não se enganem com o parágrafo acima, achando que encontrarão uma linda história de amizade.
Outra coisa legal é que o livro foge dos personagens comuns. Aqui encontramos o protagonista gordo e esquisito, o amigo/colega de trabalho baixinho e negro e a garota nada atraente.
Mas também não achei nada daquilo que quem amou achou. O livro tem tiradas engraçadas? Tem. Mas algumas são de gosto duvidoso. Há muitos palavrões, piadas com conteúdo sexual, piadas até homofóbicas e machistas. E isso eu nem preciso dizer que me incomodou não é mesmo?
Mas terminando essa resenha enorme, eu indico o livro para quem quer um YA com uma pegada bem diferente e que não se importa com uma linguagem tão... na falta de uma palavra melhor... informal. Acho que você pode gostar. Mas não indico para quem quer um romance fofo, uma história de mudanças ou algo que o valha, como diz o Greg. Mas se mesmo assim, você quer ler, leia. Só não diga que eu não avisei.
O livro será adaptado para o cinema e embora eu tenha gostado muito do trailer e esteja ansiosa para ver o filme - uma pausa: Sério gente. Que trailer é esse? Estou morta de amores aqui. É baseado em que livro? Quero ler para ontem - não acho que ele tenha combinado com o livro. Achei o trailer fofo, até romântico hahahha. Mania de ser romântico que enxerga romance até no Freecô. E também não gostei do ator que vai interpretar o Greg. Que Greg tão bonito é esse? Cadê a barriga saliente? Cadê? Eu quero a barriga saliente que conversa com os humanos.
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http://profissao-escritor.blogspot.com.br/2015/12/eu-voce-e-garota-que-vai-morrer-jesse.html?showComment=1450951171121#c6089923325936807804