Elisandra 11/07/2015
Um livro de "merda".
"Me, Earl and the Dying Girl", publicado no Brasil sob o título de "Eu, Você e a Garota que vai Morrer", da editora Rocco, é uma merda que merece quatro estrelas. Ao ler a primeira obra de Jesse Andrews, deparamo-nos com um livro completamente adverso a todos os best-sellers do gênero, que por sua vez são melodramáticos e fazem-nos banhar em lágrimas por dias, perguntando-nos o porque da paixão advir justamente no fim, quando o protagonista já não possui tempo hábil para usufruir de um amor intenso e primaveril.
Se você acha que encontrará um segundo "A Culpa é das Estrelas" nesse livro, você pode parar por aqui. Greg Gaines, o protagonista é um adolescente que deseja passar despercebido por todo seu último ano no colegial. "O Invisível Greg" tem todo seu ciclo de eu-não-quero-ser-notado estilhaçado quando passa, por obrigação, a visitar Rachel - uma namoradinha do tempo do colegial que está com leucemia. Com a ajuda de Earl, seu "companheiro de trabalho", O Invisível passa a produzir um pequeno filme destinado Rachel, a fim de minimizar toda dor hercúlea dos últimos dias da garota - que apenas não queria estar morrendo, mas que se conforma com isso. Romântico, não é? Não. Greg não se apaixona por Rachel, que não se apaixona por Earl, que não se apaixona por ninguém.
O romance trata da luta contra a leucemia de uma forma realística e quase satírica, resumindo-se ao fato de que a probabilidade de você encontrar o amor de sua vida lutando contra o câncer no fim de seus dias é quase zero. Na contramão, "Eu, Você e a Garota que vai Morrer" não passa mensagem alguma sobre a necessidade de se aproveitar a vida ou coisas parecidas, românticas-melodramáticas-e-extremamente-apaixonadas - ele apenas retrata com fidelidade a dificuldade de lidar-se com o desconhecido e o quanto a vontade individual não é capaz de alterar a ordem natural do universo. Pela irreverência, o livro merece quatro estrelas. Você se vê dominado pelos pensamentos perdidos de Greg, por sua indiferença em muitos momentos e por sua indecisão. "O Invisível", sem amigos, vê em Rachel uma pasma sombra de amizade, de confusão, de pensamentos adolescentes.
É um livro contraindicado pra quem ama romances chorosos já que você não encontrará isso lendo "Eu, Você e a Garota que vai Morrer". Há nessa obra um sutil toque de realidade - de como as coisas acontecem e nos fogem os olhos, como tudo é efêmero e o quanto as vezes a inutilidade é inevitável - e de como somos cegos e indiferentes mediante a tantas coisas que não são tão banais assim como parece.