Vanessa Vieira 01/07/2017
A Cruz de Fogo Parte 1 - Diana Gabaldon
Em A Cruz de Fogo Parte 1, primeira parte do quinto volume de Outlander, de Diana Gabaldon, acompanhamos as novas aventuras de Claire, Jamie, Brianna e Roger no século XVIII. Em vista do livro anterior, senti que a história se tornou mais encorpada e gostei das participações ativas de Claire e Jamie na trama. Brianna e Roger ainda não conseguiram me encantar como eu gostaria, mas acompanhar a adaptação de dois jovens do século XX transportados para o século XVIII se mostrou bastante corajosa e inteligente e, em alguns momentos, um pouco irônica.
Na Carolina do Norte de 1771, um frágil e tênue equilíbrio se mantém entre a aristocracia colonial e os esforçados pioneiros. Porém, esses dois lados estão prestes a entrar em conflito e interligado à eles se encontra Jamie Fraser, um guerreiro corajoso e honrado que se encontra exilado da sua amada Escócia. Intimado a liderar uma milícia com o propósito de conter possíveis insurgências, ele sabe que se quebrar o juramento feito à Coroa inglesa se transformará em um traidor, mas nas profundezas de seu coração têm a certeza de que se manter o pacto de outrora, acabará em ruína.
Com o vasto conhecimento que possui, Claire Randall confirma para seu esposo que a guerra irá eclodir. Mesmo não querendo acreditar neste trágico futuro, Jamie sabe que não pode ignorar as informações de uma viajante do tempo, afinal as visões de Claire já o colocaram em risco, mas também já salvaram inúmeras vezes sua vida...
A Cruz de Fogo Parte 1 se mostrou uma história envolvente, majestosa e com um embasamento histórico rico e bem orquestrado. É evidente que em vista do volume anterior, a trama se tornou mais vigorosa e atrativa e arrisco dizer que graças às participações mais ativas e empoderadas de Claire e Jamie no enredo. Jamie se torna um líder responsável e voraz, fazendo o melhor para proteger sua família e comunidade, enquanto tenta manter suas terras à salvo nas vésperas de uma terrível batalha épica. Durante essa sua jornada de esforço e precisão, ele conta com a ajuda de sua sábia esposa Claire, de sua filha Brianna e também de seu genro, Roger MacKenzie. Narrado em primeira e terceira pessoa. o enredo se mostrou extremamente convidativo e atrativo, com uma escrita primorosa e uma riqueza de detalhes históricos surpreendentes.
Claire mantém a mesma suave sabedoria de outrora e um espírito extremamente benevolente. Dia após dia, ela busca auxiliar todos ao seu redor, sempre de maneira resoluta e prática, fazendo o melhor pela sua comunidade ao lado do marido. Acompanhá-la como avó foi muito gratificante, bem como desfrutar dos seus sábios conselhos para a filha Brianna. Brianna, por sua vez, ainda não perdeu muito da sua personalidade bipolar, mas a maternidade lhe despertou alguns talentos e qualidades até então admiráveis.
"Sobrevivi à guerra e perdi muito. Sei pelo que vale e pelo que não vale a pena lutar. A honra e a coragem estão entranhadas em nossos ossos, e aquilo por que um homem mata é também, por vezes, aquilo pelo que morre. E por isso, ó homem, as mulheres têm ancas largas: aquele mesmo abrigo ósseo será lugar tanto do homem quanto do filho que ele gera. A vida de um homem surge dos ossos de uma mulher, e no sangue dela a honra dele é batizada. Só pelo amor eu voltaria a atravessar o fogo."
O espírito destemido de um guerreiro valente e honrado está cada vez mais aflorado em Jamie, mesmo já sendo pai e avô, afinal, quem é rei nunca perde a majestade. Ele se encontra entre a cruz e a espada, mas decide agir com sabedoria e prudência graças aos sábios conselhos da esposa. Tal como o vinho - quanto mais velho, melhor -, Jamie exala muita sensualidade e paixão, mesmo já não sendo mais um garoto e protagoniza cenas evocativas e impecavelmente charmosas ao lado de Claire. Roger vai sendo lapidado pouco a pouco pelas circunstâncias e mesmo não sendo aquele personagem marcante e vigoroso, é um homem honrado e que trata Brianna com bastante amor e afeto.
Em suma, A Cruz de Fogo Parte 1 trouxe novo fôlego e vigor para Outlander e enalteceu ainda mais as presenças de Claire e Jamie no enredo, além de nos agraciar com uma história sobre lealdade e paixão. Mais uma vez, Diana Gabaldon soube trabalhar o pano de fundo histórico da trama com maestria e afinco, além de torná-lo envolvente e absolutamente viciante - apesar das mais de setecentas páginas do livro. A capa é muito bonita e segue o mesmo padrão das anteriores, com uma bela árvore ao fundo e a diagramação está ótima, com fonte em bom tamanho e revisão de qualidade. Recomendo ☺
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