Fernanda Barroso
16/11/2015Resenha: GreyQuando vi que E. L. James iria lançar a versão de Cinquenta Tons pelos olhos do Christian meu pensamento foi "para que? A história é a mesma". Depois que lançou o filme, que vi, que reli e analisei, eu fiquei pensando que era um livro clichê comum, com algumas coisas abusivas e que a personagem principal era muito sem sal. Decidi então por não ler esta nova versão da mesma história. Porém, a vida não segue como a gente planeja, não é mesmo? Em meu aniversário, no mês de lançamento do livro, há exato um mês atrás, ganhei o livro de presente. Como não iria ler um presente?
E agora vem a revelação. Eu gostei. Realmente gostei. Mais do que a versão da personagem feminina. Christian é alguém que vale a pena conhecer e não pelos olhos da amada. Ele é realmente fascinante e o fato de todos já sabermos os segredos dele, os lados mais obscuros e onde a história vai dar apenas faz com que ele se torne mais interessante. O que faz com que queiramos ler é justamente para saber o que ele pensa e sente e cada parte do livro.
Claro, muitas coisas novas estão presentes, como as partes em que ele não está com a Ana, o que o fez ir atrás dela no trabalho logo após a entrevista, porque ele não se afastou quando disse que o faria, porque ele foi atrás dela na Geórgia, porque ele foi embora da Geórgia e, mais esperado, como ele ficou quando Ana o deixa.
O que mais gostei foi o fato de que podemos ver como Christian se vê, podemos conhecer algumas coisas que já esperávamos ver, como o passado dele, os traumas dele. Apesar de ele contar à Ana, durante esse livro seus sonhos, pesadelos, pensamentos, são todos bem claros e específicos. É intrigante ver como a mente funciona. Não estou dizendo que a mente de um homem funciona assim, minha maior crítica é a certeza de que um homem não pensa assim, o que apenas prova que o livro foi escrito por uma mulher. Digo isso porque da mesma forma que um homem não entende uma mulher, o inverso também acontece.
Uma outra crítica é o uso exagerado dos "palavrões", entendo que muito provavelmente seja normal para algumas pessoas, até mesmo e principalmente em pensamentos, mas tem momentos que não fazem sentido, parece ser o uso apenas para trazer o clima que James sempre quis dar, porém exagerado. Fica claro neste livro que o sentimento sempre esteve presente, mesmo que por falta de conhecimento do nosso protagonista.
E então, chegamos na minha parte preferida. Christian é mostrado como alguém que sempre imaginamos ser, alguém que se desprezava e ao mesmo tempo desconhecedor de sentimentos. É realmente muito interessante ver como ele aprende a lidar com seus sentimentos. Como ele aprende a reconhecer o que sente por Ana e como ele decide as coisas e reage a ela.
Para mim, esta versão é mais intrigante e cativante do que a primeira versão, a narrada por Anastasia. Há algo mais intenso no protagonista e não é o fato de ele ser alguém com um passado difícil e alguns traumas, é o fato de ele ser alguém que precisa se descobrir de verdade, além dos traumas e que podemos acompanhar isso ao desenrolar da história. Ela se tornou mais interessante aos olhos dele.
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